Capítulo 2

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Narradora

Ainda em choque o moreno se levanta de onde estava e sai da sala sem falar uma palavra sequer. Wolfhard entra em seu carro e ainda sem expressar nenhuma reação começa a dirigir até sua mansão. O empresário parecia estar em modo automático, mas no exato momento em que fecha a porta de seu quarto Finn sente seu corpo desabar em meio às lágrimas. O desespero corroía a alma do cacheado, o fazendo perceber que tudo o que havia lutado tanto pra conseguir, no final não valia nada. Ele iria morrer, e todo o seu dinheiro não caberia em seu caixão! O coração de Wolfhard estava claramente angustiado, e por algum motivo o de Millie também estava do mesmo jeito. Após o esbarrão que haviam dado no corredor do hospital, Brown havia continuado seu caminho até o quarto do avô enquanto tentava conter a raiva que tomava conta de si. O empresário havia conseguido estragar o seu dia, mas ao ver o homem que havia lhe criado, dormindo serenamente na cama do hospital, todo o mundo de Brown pareceu voltar a sorrir novamente. Em um movimento lento a jovem se aproxima do mais velho e acaricia sua pele enrugada pela idade, antes de fazer o mesmo em seus cabelos brancos. O avô de Millie era sua única família, e no fundo a morena tinha medo de perder o homem que havia feito de tudo para lhe dar um lar. Estava disposta a fazer qualquer coisa para tê-lo ao seu lado por mais tempo, e com certeza se esforçaria para retribuir todo o amor que um dia havia recebido dele. Voltando ao mundo real Millie desperta de seus pensamentos ao ouvir a porta do quarto se abrir, não demorando a ver o médico responsável pelo caso de seu avô lhe chamar silenciosamente. Em um gesto carinhoso Brown deposita um beijo na testa do homem que ainda dormia e caminha até o doutor que lhe esperava na porta.

- Olá, Millie, como vai?

- Muito bem, e o senhor?

- Eu estou bem, mas...Millie, precisamos conversar!

- Qual o problema? Aconteceu algo com o meu avô?

- Infelizmente sim, querida! O estado do seu avô piorou e será preciso um transplante de medula. Esse tipo de cirurgia é muito delicada e custa muito caro, mas é a única chance que ele tem. Sinto muito, Millie, mas essa cirurgia só poderá ser feita com essa grande quantia de dinheiro, senão o tempo de vida do seu avô continuará diminuindo até que...

Antes que o médico de cabelos grisalhos terminasse de falar Millie fecha os olhos com força em uma tentativa de conter as lágrimas, não demorando a sentir uma mão tocar seu ombro em forma de consolo antes de ouvir um pequeno "eu sinto muito" chegar aos seus ouvidos em forma de sussurro. Ainda em choque a morena agradece por tudo o que o doutor havia feito e olha mais uma vez para o seu avô, saindo do hospital logo em seguida. Brown se sentia completamente perdida, e há cada passo que dava sentia a confusão em sua cabeça aumentar ainda mais.

Como iria arranjar tanto dinheiro assim?

O que iria fazer? 

A jovem continua a andar sentindo as lágrimas rolarem silenciosamente por seu rosto, e antes que percebesse já estava abrindo a porta de sua casa. Millie sentia que desabaria à qualquer momento e assim que se joga em sua cama, é exatamente isso o que acontece. A morena chorava descontroladamente enquanto colocava para fora toda a dor guardada dentro de si. Sabia que tinha que levantar, colocar seu melhor sorriso e ir atrás de uma solução, mas naquele momento se encontrava incapaz de mover o próprio corpo. Sentindo sua cabeça latejar a jovem fecha seus olhos e sente o cansaço tomar conta de si, a fazendo cair no sono com o rosto ainda banhado em lágrimas, logo em seguida. As horas vão se passando rapidamente, mas Millie e Finn se encontravam no mesmo estado. Ambos haviam dormido chorando, mas o que não sabiam era que o destino iria usar os seus problemas e suas dores  para uni-los e os fazer provar do amor que lhes faltava na vida. Wolfhard permanecia deitado no sofá de sua sala olhando para o teto enquanto ainda tentava digerir a notícia que havia recebido. O moreno pela primeira vez estava vulnerável e frágil, e sentia que qualquer toque ou palavra poderia o fazer se quebrar em pedaços. Finn desperta de seus pensamentos ao ouvir a campainha tocar, e mesmo andando sem forças consegue abrir a porta, se deparando com a expressão aflita no rosto de Sadie.

- Eu estava preocupada! Por que não atendeu as minha ligações? Como foi lá no hospital? O que você tem? Por que seus olhos estão vermelhos e inchados? Você estava chorando?

- Entra, precisamos conversar! 

O moreno murmura com o olhar distante e volta a se sentar no sofá acompanhado de Sadie.

- O que está acontecendo, Finn? Você está me deixando ainda mais preocupada!

- Eu sei que eu não digo isso com muita frequência, mas...eu te amo, Sadie! Você é mais do que uma amiga para mim, você é minha irmã, a única família que eu tenho, me perdoe por não te valorizar na maioria das vezes.

Wolfhard confessa tentando segurar as lágrimas ao ver o mesmo acontecer com a ruiva.

- Eu também te amo muito...Mas por q-que você está falando isso? O que aconteceu naquele hospital, Finn? Por favor, me fala! 

Rapidamente Finn se vira para ela e segura em suas mãos.

- Sadie, e-eu estou com leucemia em estado terminal. Eu demorei muito para ir ao hospital, e por isso eles só vieram descobrir agora. Eu t-tenho só 6 meses de vida! 

Ambos já soluçavam em meio ao choro enquanto se abraçavam fortemente. Wolfhard nunca havia sido um homem de muitos abraços, mas após aquela notícia tudo dentro de si estava começando a mudar.

- N-não-não-isso não pode ser verdade! Por favor, me diz que isso é mentira, que é só uma brincadeira de mal gosto! P-por favor...eu não posso te p-perder, você é o meu irmão! 

Finn abraça Sadie mais uma vez e acaricia seus cabelos enquanto sussurrava em seu ouvido para ela se acalmar. O tempo volta a se passar em um estralar de dedos, e suas lágrimas agora já eram silenciosas. O empresário estava com a cabeça deitada no colo de Sadie enquanto a jovem acariciava seu cabelo cacheado. Wolfhard respira fundo e volta a encarar o teto com uma expressão pensativa em seu rosto.

- Quando eu era criança eu sonhava em conhecer tantos países, fazer tantas loucuras, aproveitar tanto a vida...mas quando cresci acabei me tornando como o meu pai! Eu perdi tanto tempo, e agora a única coisa que eu tenho a fazer é ficar aqui esperando o dia em que eu vou morrer. M-Meu Deus, e-eu vou morrer! 

Finn sussurra ainda chocado, mas logo sente as mãos de Sadie secarem suas lágrimas, o fazendo se sentar logo em seguida.

- Você não vai ficar aqui coisa nenhuma! Finn por toda a nossa vida adulta eu vi você trabalhando como um louco e vivendo simplesmente pelo dinheiro, mas apesar de tudo, eu te amo e não quero te ver assim. Você vai realizar o seu sonho de conhecer o mundo e eu vou te ajudar!

- Como, Sadie? Pelo amor de Deus, eu só tenho 6 meses de vida, eu perdi tempo demais...não vai dar!

- Vai sim! Por favor, me deixa te ajudar, me deixa ver você feliz de verdade nem que seja por uma foto...mas me deixa saber que eu contribui para tornar seus últimos dias melhores! 

A ruiva implora sentindo mais uma lágrima molhar seu rosto e logo a mão de Finn volta a enxugar a mesma.

- Tudo bem, eu vou! Mas e a empresa?

- Não se preocupa com isso, deixa que eu cuido de tudo. Só quero te ver bem, confia em mim!

- Eu confio!

Wolfhard sorri levemente e abraça Sadie mais uma vez, sem imaginar que o plano da ruiva realmente poderia
encher de luz seus últimos meses de vida.

Give Me Love - Fillie Onde histórias criam vida. Descubra agora