Certo dia, quando voltava do trabalho, Lauren encontrou pela primeira vez sua nova vizinha no ônibus. Emily de longe a reconheceu e disse: Oi! - Acenando para Lauren sentar no banco à sua frente.
- Oi Lauren, que coincidência te ver aqui! Esse ao meu lado é meu amigo, Luiz.
- Sim, que surpresa! Ah, e prazer Luiz. Como vai você? - Perguntou Lauren.
- Na verdade nós nem somos amigos. Só vi essa garota duas vezes no ônibus. - Respondeu Luiz.
- Mas você até emprestou o seu celular para eu ligar para minha mãe aqui no ônibus ontem! Não lembra? - Perguntou Emy nervosa.
- Só foi um favor. Você é maluca. - Respondeu mais uma vez Luiz, só que levantando do banco e indo para outro.
- O que foi isso? - Disse Lauren com uma cara assustada, indo sentar do lado de Emy.
- Eu não sei, só queria fazer novas amizades aqui na cidade. Achei que esse garoto fosse um amigo, nós pegamos sempre o mesmo ônibus. Mas enfim, tenho muita dificuldade com isso.
- Entendo muito, pode acreditar. Sempre tive dificuldade com "amizades". Mas se esse garoto não te considera como uma amiga, ele quem está perdendo, pode ter certeza. - Respondeu Lauren dando um sorriso.
- Sério? Agradeço por achar isso. - afirmou Emy. - Devemos nos entender bem.
Após um pequeno período de silêncio, Emily continuou:
- Na minha cidade antiga, eu tinha uma amiga muito importante para mim. Ainda conversamos, mas estamos muito longe uma da outra...
Por um segundo, após essa fala de Emily, Lauren recordou de Jane. Deu um aperto no peito, mas mesmo assim respondeu:
- Bom, é difícil mesmo. Eu...
- Ah! Chegou. - Respondeu Emily interrompendo Lauren sem querer.
As duas desceram do ônibus e caminharam juntas até a rua de suas casas.
- O que você ia dizer no ônibus? - Perguntou Emy
- Ah, nada... - Respondeu Lauren, querendo não entrar no assunto.
- Hum, tudo bem... Bom, nos vemos depois! Obrigada por me acompanhar, significa muito para mim. Se quiser depois passar aqui em casa... - Disse Emy.
- Igualmente! Eu quem agradeço. E ainda tem da torta - Disse Lauren rindo.
Ao chegar em casa e pensar um pouco, ela estava muito feliz em ter conhecido Emily, e por ela ser a nova moradora da casa ao lado. A felicidade também não cabia em si ao lembrar que o ano letivo na escola já havia acabado. Para Lauren, era um peso a menos.
Faltava quatro dias para o Natal, sendo seu penúltimo dia de trabalho amanhã. E os pensamentos de Lauren sobre o que havia acontecido com ela e Vitor na praça de alimentação, ainda era recorrente. Era simplesmente muito difícil esquecer essa cena. O sentimento por parte dela ainda existia, por mais que estivesse um pouco menor, e o objetivo dela era esse, que esse sentimento desaparecesse. Então olhou para seu reflexo no espelho e disse:
- Lauren, o Vitor é seu amigo. Para de pensar tanto...
Pouco tempo depois, ela foi direto para cozinha assar alguns biscoitos de Natal, até escutar a campainha e logo em seguida sua mãe, Sabrina, gritando do quarto:
- Lauren, atende a porta, por favor!
Ao abrir a porta, viu de cara um rapaz jovem, na qual segurava uma bolsa pequena em suas mãos.
- Olá, tudo bem? Perguntou Lauren, não abrindo muito a porta para o desconhecido.
- Tudo sim. E com você? - Respondeu ele - Bom, eu achei essa bolsa azul no caminho, de frente para sua casa. Gostaria de saber se não é de alguém daqui...
Na hora Lauren lembrou que quem estava usando essa pequena bolsa azul com lantejoulas era a Emily. Então respondeu, abrindo um pouco mais a porta:
- Amigo, essa bolsa é da Emily, a vizinha aqui da casa do lado. Pode me entregar, devolvo para ela amanhã. Obrigada pela sua preocupação.
- Não, pode deixar que eu mesmo devolvo. Já estou indo para aquela direção da casa dela de qualquer jeito. Obrigado!
- Espera, eu... - Tentou dizer Lauren, até ver o rapaz já indo, se virando e correndo até a casa de Emily sem a deixar terminar de falar.
No mesmo segundo, ela mandou uma mensagem para Emily, a avisando sobre o rapaz. Antes de ler, ele já havia tocado a campainha.
- Quem é? - Perguntou Emy do lado de dentro da casa.
- Só quero entregar a você a bolsa que deixou cair na calçada.
Emily desconfiada, abriu a porta depressa, pegou a bolsa e fechou a porta na cara do rapaz. Depois gritou de dentro:- Obrigada!
- De nada, já fiz minha boa ação de hoje! - Disse o rapaz convencido.
Antes mesmo de Emily se virar e voltar para o que estava fazendo, ouviu mais uma vez ele gritar do lado de fora:
- Isso é cheiro de cupcake?
Emily abriu a porta mais uma vez e respondeu:
- Sim... Meu pai faz e vende. se tiver interesse, ligue para este número. - Disse retirando um papel com o número de dentro da bolsa que o rapaz havia a devolvido.
- Poxa, obrigado! Tenho interesse sim, minha irmã menor adora. - Ele respondeu.
- Que bom! Espero que ligue... Tchau, desconhecido. - Respondeu Emily, fechando a porta pela última vez.
- Tchau! Meu nome é Miguel!