Perdendo A Cabeça

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Magnus respirou fundo, ele pegou Alexander e o deitou no sofá. A adaga de Mahir ainda estava nele e ele sentiu o pânico começar a dominar suas ações. Seu primeiro impulso foi pegar o celular para ligar para a emergência mas depois lembrou do desespero de Alec com um simples colar cervical e desistiu.

Alexander tinha fechado os olhos e estava imóvel e Magnus se concentrou na respiração dele, o peito subia e descia devagar, provavelmente ele desmaiou pelo choque ou só estava calado por conta da dor. Magnus digitou o número de Catarina porque ela era médica e precisava de ajuda mas ele quase chorou quando foi direto para a caixa postal.

Ele investigou a região do ferimento e viu que tinha realmente chego do outro lado mas não era nada grotesco. Já tinha lidado com ferimentos piores, já tinha sobrevivido em condições piores com machucados mais extensos, quando ainda era um agente especial ele ficou três semanas escondido em um porão sujo com uma bala alojada no braço rezando para não perder o braço ou morrer e estava bem, hoje era só a cicatriz. Facadas eram mais delicadas, elas tendiam a fazer um estrago bem grande e tinha feito mesmo. 

Magnus se acalmou e levantou, ele correu até seu quarto e pegou tudo que precisaria para fazer um curativo. Alec estava deitado ainda, os braços sob o peito e respirando devagar. 

—Magnus... —Chamou ele e o homem sentou ali, a voz de Alexander estava fraca e um pouco trêmula, ele desceu a mão até o cabo da adaga e Magnus o impediu. 

—Deixe que eu tiro. —Disse Magnus mais desesperado do que deveria. —Deixa eu ver se pode ter pego algum lugar perigoso. —Alec retirou a mão e Magnus abriu a maleta, ele pegou gaze e enxarcou com uma solução salina. —Preciso limpar ao redor e ver se posso tirar, vai doer. 

Alec assentiu e Magnus fechou os olhos por alguns segundos e antes de desistir ele se obrigou a continuar. Já tinha cuidado de ferimentos piores, já tinha passado por situações mais perigosas, já tinha visto amigos com ferimentos grotescos se recuperarem. Alexander era forte, ele iria conseguir. 

Ele colocou a gaze ao redor e apertou Alexander contra o sofá quando ele mexeu o quadril em uma clara demonstração de dor. 

—Desculpa, desculpa. —Disse Magnus mas não poderia parar, ele pegou outra gaze e continuou. Ele limpou ao redor e quando terminou Alexander estava imóvel outra vez. Magnus examinou ao redor e o abdômen dele, nenhuma mancha roxa, nenhum local inchado, ele examinou o rosto de Alexander e abriu a boca dele. Nada de sangue. Não tinha sinal de hemorragia interna. 

Magnus segurou o cabo da adaga. 

Por favor não tenha pego nenhuma artéria. 

Se tivesse ele teria que estancar e levar Alexander para um hospital, ele conseguiria lidar com um ferimento comum mas se o sangue... Ele se obrigou a focar. 

Com a mão firme e sem hesitar, ele puxou e retirou, no momento que a adaga saiu o sangue se acumulou e Magnus quase chorou de alívio. Era um corte comum, veias sangram, artérias esguicham. 

Ele pegou uma quantidade absurda de gaze e limpou bem a região do corte e viu Alec morder o lábio mas ele não poderia ir devagar, ele não iria conseguir cuidar direito de Alexander se não fizesse de uma vez só. Depois de limpar ele começou o processo de estancar o sangramento, não seria difícil. Magnus observou corte, o modo bruto que tinha sido desferido e notou que o lado oposto do abdômen de Alec, onde Mahir tinha apertado para puxá-lo contra a faca estava roxo pela força que ele segurou. 

Magnus queria bater em Alexander, queria muito bater nele até ele entender que não deveria ter feito nada daquilo. Ele sabia se cuidar, que droga. 

O sangramento começou a diminuir e Magnus pegou entre as coisas uma pomada antibiótica para esse tipo de coisa, elas eram recomendadas em casos assim e ele não aprovava auto medicação mas Alec não poderia ir para um hospital e não poderia ter um acompanhamento médico. 

Liar - Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora