Inimigos Não Declarados

351 15 10
                                    

—Alec, a gente precisa sair daqui.— Disse Sebastian e Alec acenou positivamente com a cabeça, ele estava andando a horas pelas ruínas da mansão destruída e nem sinal de Magnus ou Jace, eles poderiam ter escapado e estarem longe ou poderia estar sob os escombros, perdidos para sempre.

—Só mais um pouco.— Sussurrou Alec e mexeu em alguma coisa que deveria ter sido o sofá, ele empurrou o móvel indistinguível e tentou não chorar quando continuou não encontrando nada. Ele deveria encontrar algo, pelo menos uma peça de roupa, uma mala, qualquer coisa, mas não tinha nada. Tudo estava destruído demais para ser reconhecido.

Sebastian se aproximou, as mãos dele estavam sangrando pelo esforço de se pendurar na grade e subir. Ele encostou as mãos em seus ombros e o apertou, em um gesto reconfortante.

—Alec, sei que você quer continuar procurando, mas a gente precisa ir. Mahir pode não ter morrido com a queda e voltar. Não restou nada para nós dois aqui.— Disse ele, a voz suave e Alec assentiu. Magnus era esperto, ele poderia ter escapado mas se tinha escapado por que não o procurou? As respostas para essa pergunta eram todas preocupantes porque Magnus não o deixaria para trás sem um bom motivo, não depois do que passaram. Ou ele tinha fugido e sido capturado pelo responsável pela explosão ou estava debaixo daquilo tudo e não conseguia decidir qual opção o deixava com mais falta de ar. Se fosse Mahir, depois da facada, da conspiração e de deixá-lo no escuro, a morte parecia algo mais gentil para ele.

—Você está certo, vamos embora.— Disse Alec e se afastou dos escombros. Ele não iria desistir, precisava de um plano conciso e se Magnus estivesse ali ele retornaria para buscá-lo e pelo menos fazer um funeral adequado.

—Tem algum lugar para ir?— Perguntou Sebastian e pela primeira vez no dia, Alec suspirou aliviado porque ele tinha, sim, um lugar para ir.

***

Depois de anos sem ver sua família, Alec não imaginou que fosse encontrá-los fugindo sem saber exatamente de quem. A certidão de nascimento de Rafiq, que basicamente comprovava que eram cunhados, pesava no seu bolso e precisava colocar a cabeça em ordem para juntar as peças do quebra-cabeça que Mahir lhe entregou.

Por que ele mataria o próprio irmão? Por que Rafiq se empenharia em humilhá-lo?

A história não poderia ser só birra de irmãos, algo mais tinha e ou o marido estava desviando sua atenção para fatos menos importantes ou ele queria ajudar, quis se redimir nos últimos minutos de vida.

Nada disso parecia plausível.

Isabelle foi a primeira a aparecer na porta e Alec acelerou o passo para encontrar a irmã, quando finalmente a abraçou ele se permitiu tremer e deixar a dor do luto vir até a superfície.

—Alec, o que houve?— Perguntou ela, mas ele não conseguiu formular a frase porque estava ocupado demais tremendo e se agarrando a irmã e a familiaridade disso tudo.—Alec, por favor…

Nos momentos seguintes sua mãe saiu, seguida de seu pai e os quatro se abraçaram na rua. Ele ficou ali, entre eles, depois de anos sem sequer poder telefonar.

Sebastian estava parado um pouco atrás e pigarreou depois de alguns momentos. Alec se afastou dos pais e suspirou alto.

—Desculpa, acho que a gente deveria entrar.— Disse Alec e eles seguiram para dentro. 

A casa continuava como ele se lembrava mas era estranho, parecia um sonho distante. Anos atrás ele saiu de casa, no meio da noite, uma mala pequena e sem se despedir dos pais e da irmã porque sabia que se fizesse isso jamais conseguiria deixá-los e retornar, depois de tudo que fez, de tudo o que viu, era estranho.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jan 17, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Liar - Malec Onde histórias criam vida. Descubra agora