LAVÍNIA PASSOU PELA passagem agilmente, e logo chegaram novamente as ruínas. A garota o colocou delicadamente ao lado de uma parede quase totalmente destruída, e desabou ao seu lado, agora na forma humana e ofegando ruidosamente. Call ainda conseguia ouvir de longe Polibotes lutando para sair dos escombros, e sabia que não tinham tanto tempo para descansar.
- Conseguiu pegar o astrolábio? - perguntou Lavínia
O garoto mostrou o instrumento na sua mão totalmente intacto. Ela concordou com a cabeça, respirando com um pouco de dificuldade.
- Você está bem? - perguntou, preocupado
Lavínia deu um sorriso cansado.
- Já estive melhor. E você?
Call tentou dar um sorriso.
- Já estive melhor
Ela concordou com a cabeça, sorrindo.
- Ah, e obrigado... por me salvar de ter todas as costelas quebradas
Lavínia deu de ombros.
- Não foi nada. Obrigada por evitar que um gigante me matasse
- Não foi grande coisa – respondeu, e ele realmente achava isso. Comparado ao que ela tinha feito lá dentro, Call achava que não tinha feito nada de mais
A garota revirou os olhos.
- Sabe, as vezes da raiva você ser muito modesto – e olhou para o céu acima e congelou – Deuses, que horas são?
Call olhou para cima e arregalou os olhos. O sol não estava mais no topo de suas cabeças; agora estava quase se pondo, com o céu já começando a ficar escuro. Quanto tempo tinha ficado lá embaixo? Não parecia ter mais de 10 minutos.
- Temos que ir logo – falou Lavínia, se levantando, mas quase caiu
Call a segurou antes que batesse com tudo no chão. Vendo-a mais de perto, parecia mais pálida e o garoto conseguiu sentir alguns ossos das costas fora do lugar.
- Você não pode se transformar mais – disse Call, a colocando em pé - Vamos ter que pensar em outro jeito de...
- Não exagera! - exclamou ela, se recompondo – Eu estou ótima!
O garoto franziu a testa, e Lavínia mordeu o lábio.
- Ok... não estou tão ótima - admitiu – Mas consigo me transformar mais uma vez. Não precisa fazer esse show todo, e além do mais eu não sou a sua irmãzinha
Call sorriu. O garoto não conseguia evitar esse sentimento; a considerava como irmã mais nova desde que viraram amigos
- Pode até ser, mas como é a mais nova do grupo, tenho o direito de te tratar assim
A garoto suspirou.
- Além do mais – continuou Call – seu irmão não ia gostar nada de saber que eu não te protegi. Ele iria me matar, e eu não quero um dos meus melhores amigos bravo, principalmente se ele for mais forte que um jogador de futebol
Lavínia riu.
- Nisso eu tenho que concordar – disse – Bem, não podemos perder mais tempo. Os outros devem estar morrendo de preocupação
Sua irmã. Call se xingou mentalmente. Ela devia estar super preocupada, e ele mal tinha pensado nela antes de sair voando naquele pégaso. Começou a se sentir culpado; sempre que ela fazia isso com ele Call quase morria de ansiedade. Quando chegasse teria que pedir um milhão de desculpas.
Em um segundo Lavínia tinha se transformado num dragão, e o garoto sorriu. Amava quando ela virava um dragão. Subiu nas suas costas e logo ganharam altitude, e em poucos minutos as ruínas já estavam para trás------ • ------ • --------- • ----------- • ------------ •
- Onde vocês estavam?
Logo que chegaram Fai veio correndo dar um abraço de urso na irmã.
- Minhas costelas – protestou Lavínia
O garoto se afastou lentamente dela, e deu outro abraço em Call.
- Vocês nos mataram de susto – falou, quando se afastou – Todos estavam esperando vocês chegarem
Imediatamente Maia veio correndo na direção deles, jogando seus braços ao redor do pescoço de Call. O garoto foi pego um pouco de surpresa, mas conseguiu passar seus braços ao redor de sua cintura, lhe dando um abraço. Ela começou a analisar seu rosto, com seus narizes a apenas alguns centímetros de distância, e o garoto torceu para que não estivesse corando. Maia tinha uma expressão preocupada no rosto, seus olhos pareciam da cor de um céu escuro, e Call se esforçou para não focar muito neles, porque se o fizesse a probabilidade de começar a babar era grande.
- Desculpa te deixar preocupada – falou, timidamente.
Automaticamente a expressão dela mudou; de preocupação virou raiva, e ela deu um soco forte no seu braço.
- Ai! - exclamou o garoto, olhando para ela espantado – Doeu sabia?
- Nunca mais faz isso comigo! - gritou, lhe dando mais um soco – Nunca mais!
- Ok, ok – respondeu, levantando as mãos em posição de rendição - Não vou mais fazer isso. Pelo menos eu vou tentar não fazer
Ela lhe lançou um olhar fulminante, e Call recuou.
- Tá, tá, não vou fazer, juro pelo rio Estige – disse, e a expressão de Maia se suavizou
- Acho bom – falou, se voltando para Lavínia e lhe dando um grande abraço
- E então - falou Fai, os levando até onde Sam e Bella estavam trabalhando – Onde vocês estavam? E por que demoraram tanto?
- Prefiro contar tudo com todo mundo junto – respondeu Lavínia, que se esforçava para andar - Não estou muito afim de falar a mesma coisa duas vezes
Finalmente chegaram, e Call arregalou os olhos, boquiaberto. O barco estava pronto; o casco devia ter mais de 10 metros de cumprimento, que estava pintado de azul e laranja, com várias imagens gregas e romanas em preto, como se fossem sombras. Haviam grandes velas brancas penduradas nos altos mastros, e na maior delas haviam os símbolos dos acampamentos Júpiter e Meio-Sangue. Mais para o canto tinha uma escada, que provavelmente levava até outros cômodos, talvez os seus quartos. O leme era a única parte que não parecia totalmente finalizada; o timão era de madeira bem polida, e ao seu redor vários fios estavam soltos, e Sam estava encaixando alguns nos lugares que queria, com a esfera de Arquimedes do seu lado. Quando percebeu a aproximação, olhou para ver quem estava chegando, e quando percebeu quem eram, arregalou os olhos e gritou para a escada:
- Bella, sobe aqui! Seu irmão chegou! - e correu até eles, saltando da borda do barco e dando um grande abraço nos dois
- Deuses, vocês me mataram de susto! - exclamou, dando um soquinho no ombro de Call – Sua irmã estava quase surtando de preocupação
Imediatamente Bella apareceu na proa, e quando viu Call, ofegou e correu em sua direção, lhe dando um abraço tão forte que quase fez o garoto cair. Ele a puxou para mais perto, se sentindo mais culpado ainda por a ter deixado tão preocupada.
- Ei... tá tudo bem – disse, passando a mão pelo seu cabelo – Eu tô bem
Ela se afastou, e começou a dar vários tapas nele.
- Você... sabe... o quão... preocupada... eu fiquei? - ela falava cada palavra a medida que dava um tapa no irmão
- Desculpa, desculpa – respondeu Call, se afastando do alcance dos braços de Bella – Eu sinto muito, não foi a minha intenção te deixar mal!
A garota parou e ficou olhando pra ele, como se pensasse se dava um outro abraço ou se recomeçava a bater nele. No final acabou não fazendo nenhum dos dois; foi em direção a Lavínia e lhe deu um abraço, falando que devia comer um pedaço de ambrosia e tomar um pouco de néctar.
- Mas e então? - perguntou Fai – O que aconteceu?
Call começou a contar a história, falando do pégaso que o levara, o astrolábio e com a aparição de Polibotes. A partir daí Lavínia começou a narrar a luta, falando do pulo maluco que o garoto tinha feito, dizendo que foi totalmente maluco e heroico. Na parte do maluco Call concordava, mas achava um pouco de exagero a parte do heroico, mas não falou nada. No fim, todos olhavam com cara de espanto para o garoto, que encolheu os ombros. A primeira a se mexer foi Bella, que foi até ele e bagunçou seu cabelo carinhosamente, sorrindo com visível orgulho.
- Você arrasou maninho. Minha raiva até passou um pouco
- Que bom – respondeu, começando a sorrir também. Era sempre assim; nunca conseguiam ficar muito tempo brigados
- Então conseguiu pegar o astrolábio? - perguntou Sam, e Call lhe entregou o instrumento
Sam deu uma risada e falou para os outros, animado:
- Com isso vai ficar muito mais fácil encontrar a localização do Argo II – e saiu correndo até o barco, já começando a trabalhar
- Vocês fizeram um belo trabalho – falou Lavínia
Bella deu de ombros.
- Foi mais o Sam. Eu só fiz a parte externa; construí o casco do barco e pintei as velas. Nada de mais
Agora olhando mais atentamente para a irmã, via as marcas do trabalho; tinha prendido o cabelo em um rabo de cavalo, e suas roupas estavam manchadas de tinta, suas mãos estavam cheias de calos e lascas de madeira e em seu rosto tinha alguns riscos de tinta.
Fai olhou para Lavínia. Desde que soubera que Polibotes jogara ela de costas na parede, tinha ficado com uma expressão séria, com o rosto pálido de preocupação.
- Você precisa descansar – disse, ajudando a irmã a andar – Vou te levar até o seu quarto
- Temos quartos? - perguntou Call, esperançoso. Adoraria uma boa noite de sono
- Sam e Bella fizeram um para cada um de nós - respondeu Maia, que ainda parecia um pouco em choque com a história de Polibotes - São bem confortáveis; não faço a mínima ideia de como conseguiram fazer tudo isso em tão pouco tempo
- Para ser sincera, nem eu – falou Bella – A gente só foi trabalhando, e aí as coisas foram fluindo...
Ela parou, parecendo um pouco embaraçada. Call ficou pensando se ela estava escondendo alguma coisa dele. Iria perguntar depois.
- Bem, eu só quero uma cama confortável - falou Call – Preciso descansar
- Nem me fale – disse Lavínia, suspirando de desejo
- Vamos mostrar os seus quartos – disse Maia, e os levaram até o barcoE aí galera, tão shippado algum casal? Falem aí nos comentários
~ Mari 🌊💕
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Herdeiros
FanfictionNessa história, traremos de volta o despertar de Gaia, mas desta vez com outras pessoas narrando. Agora, os filhos dos nossos Heróis do Olimpo foram jogados na época em que seus pais derrotaram a Mãe Terra, e agora terão de lutar para conseguir volt...