A conjuradora

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Reunidas mais uma vez partiram em direção a floresta, desta vez com o intuito de achar o último coração de suas irmãs. Todas pararam na entrada da floresta e se entreolharam, a floresta já havia sido um refúgio, agora não era nada mais que um ambiente hostil.

— A floresta já sabe de vossa existência — Zyra cortou o silêncio.

— Tua floresta, Zyra! — Exclamou Morgana. Zyra não respondeu apenas olhou Morgana de relance.

— O sabugueiro deve ser o responsável — a bruxa gélida se aproximou da linha que dividia o que era vegetação viva e morta.

Camille indignada parou ao lado de Lissandra e respirou fundo todo aquele ar frio que emanava da bruxa, ela sabia o que era perder uma extensão de si e agora Zyra havia perdido.

— Vamos vingar a ti — Ela esticou uma de suas lâminas e cortou a vegetação abrindo caminho para um antigo novo mundo.

As lâminas afiadas abriam caminho partindo tudo a sua frente, Zyra sentia sua mente revirar lembrando dos gritos antes de morrer. Antes do fogo consumir a vida a sua volta. Agora a floresta havia renascido longe do seu túmulo.

Sentia suas veias, agora preenchidas de vida, saltarem enquanto o ódio percorria no interior delas.

Memórias que lhes foram destruídas, tantas histórias vividas entre as árvores, tanta magia passada por gerações... mas agora está tudo perdido!

Humanos ignorantes! O ódio crescia no coração de Zyra, ela não falharia desta vez, foi escolhida por um propósito e cumpriria sem hesitar!

As flores eram radiantes, com diversas cores que coloriam a paisagem com suas corolas. Alguns espíritos pequeninos corriam entre as raízes levantando os vestidos das invasoras, risos ecoavam pelo ar, era um verdadeiro berço de magia.

— Alguém... se aproxima — Sussurrou Lissandra.

Todas pararam de andar e prestaram atenção ao redor, mas não tinham nada, só a paisagem exageradamente colorida.

— Escondam-se! — Lissandra disse e avançou em direção a floresta.

Uma risada histérica cortou o ar alertando suas irmãs, que avançaram em direção a vegetação. O solo atrás delas começou a explodir em pedaços. Eram coisas que caiam do céu e explodiam em cores absurdas, jogando terra para o ar. Galhos e plantas também explodiam junto com pequenos espíritos que pareciam gotas de chuva, todos voavam pra todos os lados.

As bruxas correram e se separaram escondendo-se entre as árvores e pedras evitando de serem atingidas pelas explosões. A bruxa do Ébano escondeu-se atrás de uma grande árvore junto com Lissandra, ambas trocaram olhares e rapidamente entenderam o que precisavam fazer.

A risada histérica estava cada vez mais alta e mais próxima, Camille escalou a arvore usando sua agilidade e logo ela estava escondida entre as folhas esperando o momento certo para atacar.

Zyra e Morgana se separaram escondendo-se atrás de rochas e árvores. Entreolhavam-se tentando entender o que estava acontecendo, não parecia um ataque, mas ao mesmo tempo era alguém tentando atingi-las.

Camille se vira para Lissandra, que mesmo sem poder ver podia entender o que as lâminas do ébano queria fazer.

As risadas estavam mais altas, o que significava que a coisa se aproximava. Camille se preparou para o ataque, ela observou atentamente entre as folhas verdejantes e cheias de orvalhos.

Era incrível como a floresta ainda conseguia manter tanta vida em meio a tanta desgraça acontecendo, pequenos insetos sempre passavam ligeiro de um lado para o outro com outros da mesma espécie, era como uma brincadeira da natureza.

Congregação das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora