Congele

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"Acorda-te, bruxa! A bruxa que não vê, mas vislumbra o futuro! O cervo de marfim clama por ti! Mostre a Eles que ainda é fiel e merecedora de tal poder ou pereça diante do Despertar. "

Aquela que gritava em sua mente mexia com tua alma e a fazia tremer, a voz era de todo lugar e de lugar nenhum, feminina e firme. O poder contido nas palavras era excitante e entorpecia sua audição a cada pequena sílaba pronunciada. Foi o suficiente para reunir as últimas energias que sobraram em teu corpo.

"Diga em voz alta, DIGA EM VOZ ALTA, BRUXA! "

Ela não podia contestar, nem queria, a voz era forte e familiar, mas não conseguia pensar em nada, sua mente estava bagunçada e afundada numa escuridão sem fim.

Não podia senti nada ao longo de seu corpo apenas uma sensação de estar caindo eternamente numa escuridão sem fim.

"Ande logo, Eles não a esperarão por muito tempo"

Neste momento ela já não tinha opções, iria fazer conforme ordenado, cada movimento pensado por sua mente foi minuciosamente feito enquanto suas palavras pesavam na escuridão. Teu corpo inteiro estava em dor, abrir a boca a fazia soltar pequenas suplicas de dor enquanto pensava na morte. Tuas pernas não mexiam e teus braços estavam dobrados em posições irreais devido a tua queda. A dor havia se tornado uma extensão de teu corpo, tal corpo não responde seus comandos

"Meus lordes entrego a ti o meu bem mais precioso... o meu nome" ela falou em sua mente, quase sem forças nem para pensar. Algo no escuro daquele vazio sem fundo da mente dela respondeu, mas era algo inteligível quase como rosnados seguidos de sons inexplicáveis. Eram eles respondendo a sua súplica.

— Lissandra

Falou como uma serpente sibilando palavras cheias de poder e devoção para o nada, enquanto ronco abafado respondeu a suas últimas palavras.

Um silêncio a seguiu pelos próximos minutos de escuridão até um trotar ecoar por todos os lados, talvez a saltadora branca estivesse vindo busca-la em teu arco recurvo para atirar as flechas da vida eterna.

"Encare-o"

Ao abrir teus olhos estava na imersa escuridão de tua mente onde apenas havia o vazio para todos os lados. normais... nenhuma parte do seu corpo parecia machucada, não havia gota de sangue e nem ossos quebrados. Em seu corpo residia um vestido branco com pequenos detalhes prateados que refletiam sob seus cabelos brancos, que recaíam em seus ombros.

Ela levantou devagar olhando e buscando respostas sobre o que havia acontecido com corpo e com sua visão, agora podia ver tudo apesar de não ter nada além de uma escuridão pra todos os lados, era um ambiente diferente de sua cela.

Um barulho de vidro se quebrando veio de baixo de teus pés, o que a fez se arrepiar até a última vertebra. Uma rachadura vinha de uma direção, mostrando que o chão era feito de gelo, mas não queimava seus pés desnudos. Seguindo a linha do gelo rachado estava uma criatura que preenchia aquela zona escura.

Era um grande cervo que a encarou com os olhos leitosos e gélidos e parecia que iria engolir sua alma. A criatura abriu sua boca como se quisesse soltar algum som, mas nenhum nada ecoou. Os chifres do cervo soltaram e caíram no chão e os olhos rolaram para trás, seu pelo começou a derreter como a neve no verão e gelo sob seus pés se partiu lançando-a no abismo de sua mente e despertando-a.

Seu caixão de gelo havia se partido em mil pedaços, mostrando a tua força de uma rainha revivida. Antes, o que era metal voltou a se tornar parte de seu corpo, com pele e ossos, na sua cabeça agora havia um adorno de marfim simbolizando o chifre do cervo, seu vestido parecia costurado com o mais puro fio branco se adaptando ao seu magnífico corpo em cada curva.

Congregação das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora