Histórias do passado/Reflexos do futuro

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O mundo sempre gira numa constante de equilíbrio minuciosa em que cada criatura ou coisa existente tem seu propósito e utilidade, sendo assim qualquer coisa que perturbe este equilíbrio sagrado terá uma resposta em algum momento. Quando maior a perturbação maior será a resposta.

A natureza tem suas próprias formas de tentar restabelecer o equilíbrio, seja com pragas, secas e desastres naturais, mas como seria se envolvesse deuses do velho mundo?

Antes do mundo passar a existir como conhecemos havia apenas o velho mundo, que poucos sabem como de descreve-lo, mas tinha a terra e o céu. Do céu tinha a Lua sangrenta e o Sol cruel sendo os primeiros que permitiram a vida acontecer dando a primeira semente da grande floresta, sendo assim nascendo o primeiro sabugueiro. Como presente os céus sempre deixavam estrelas em forma de sinos caírem para darem a floresta.

Aquele que pegava os sinos que caiam das estrelas e os transformava em poder e recursos para cuidar das primeiras sementes foi conhecido como o primeiro guardião, desaparecido há milênios em seus portais 

Da terra, a floresta cresceu forte tomando grandes terrenos ao redor do mundo com suas raízes revirando a terra até os lugares mais inóspitos do planeta, mas enquanto a floresta crescia as criaturas que a protegiam estavam incomodadas, já que nas entranhas de suas folhas cresciam serem que arrancavam tuas madeiras para construir maquinas mortais. Reinos se erguiam e interferiam na magia da terra com suas crendices que amarravam os povos das florestas e os queimavam.

O novo mundo fora das fronteiras verdejantes era cruel, tinha política e confrontos por ideologias utópicas, existia poluição e doenças nascidas de cidades que separavam seus habitantes por classes... quanto mais você tinha, mas poder você exercia.

Uma pequena parte da humanidade cresceu sob a regência de uma nova crença, chamada de Templários, em que condenavam os deuses antigos e seus oradores.  Logo se alastrou pelo continente e suas pregações diziam sobre uma raça antiga que adoecia o mundo com sua magia podre, muitos foram atraídos para os sermões dos altos sacerdotes, inclusive uma criatura que vivia para proteger os humanos, um ser alado com espadas de fogo e bençãos divina, se juntou a esta ordem.

Uma nova ordem militar chamada Cavaleiros do Eclipse surgiu com o objetivo de lutar contra essas criaturas e controlar todos aqueles que desafiassem os Templários.

A dona das espadas de fogo tinha uma irmã gêmea que ela deixou nas florestas dizendo que seus deuses eram o erro do mundo e jurou retornar para curar aquela terra. Os espíritos da floresta inquietos não resistiram a invasão dos Cavaleiros, que rapidamente conseguiram montar um exército, não se aliaram, mas foram complacentes com seus atos. Permitiram que entrassem em suas florestas e usassem de seus conhecimentos antigos.

Uma onda de ódio e de punições contra aqueles que tentavam resistir ao controle dos religiosos era quase como uma rotina no novo mundo. Homens eram requisitados para o exército deixando mulheres para trás com as obrigações de cuidar das crianças e da casa na esperança de serem abraçadas por seus maridos novamente e livres das condenações da nova ordem.

Conhecimentos seculares como chás, rituais, banhos de ervas e histórias de criaturas magicas eram comumente passadas em gerações, principalmente pelas mulheres que ficavam em casa e liam as escrituras familiares adquirindo conhecimento e poder. A nova ordem ameaçada começou a agir rapidamente julgando mulheres a fogueira e a censurar o conhecimento antigo. Os homens que adquiriam o conhecimento antigo malmente conseguiam exercer, logo eram recrutados pro exército e morriam, ou sofriam uma lavagem de mente. 

Chamavam de bruxa, todas aquelas que tentavam seguir as tradições antigas.

Como uma força reacionária espíritos antigos despertaram para combater os Templários, uma Congregação foi criada, tuas bruxas eram poderosas, mas não estavam prontas para o que viria.

O sabugueiro havia se isentado a luta contra os Templários e seus cavaleiros, e deu o segredo dos seus antigos deuses que estavam se reerguendo na floresta. Duas grandes guerreiras foram escolhidas para sacrificarem suas vidas em prol do mundo. A inquisidora alada foi a primeira e seu objetivo foi matar o sol cruel e a lua sangrenta, roubando-lhes o último suspiro e dando suas fagulhas para a guerreira que caçaria as bruxas dia e noite como a guerreira do eclipse.

A última batalha ocorreu nas entranhas da floresta, num solo onde já fora sagrado.
                                       —

Você chegou como uma sombra, quieta, inconstante... traiçoeira!

Corrompendo tudo que tocasse, tudo que seus olhos podiam ver!

DIGA-ME, Bruxa! Será a sombra capaz de derrotar a minha luz?

DIGA-ME!

Terá a ousadia de me enfrentar ao amanhecer quando eu incinerar você a noite?!

Essas foram as últimas palavras antes da guerreira do eclipse antes de destruir o último resquício de esperança das bruxas.

Anos silenciosos seguiram, as bruxas que restaram foram esquecidas e tiveram suas mentes consumidas para sua própria proteção, mas logo seus mestres as abraçariam novamente.

***

Teu mestre havia dito para ser paciente, as coisas iriam acontecer aos poucos e na hora certa ela saberia como agir. Tinha sido a primeira de muitas, logo tuas irmãs iriam despertar para se juntar a tua congregação.

Enquanto esperava, nas entranhas da floresta, explorava teus aposentos numa construção antiga de mármore escuro. Diziam que aquela construção havia sido dada pelos demônios, para que as bruxas se estivessem a salvo das caçadas.

***

Longe daquelas terras uma rainha de metal governava seu reino até saborear o gosto amargo da traição e da loucura. Não podia fazer nada além de sentar e assistir a rainha sucumbir.

Após a rainha trair seu povo, seus quatro fiéis cavaleiros foram corrompidos junto com ela sendo a inquisidora a pior de todos.

A alada inquisidora foi responsável pelas leis e senso de justiça em seu reino, juntamente com sua irmã a qual traiu e expulsou da cidade, teus julgamentos eram rígidos e seu senso de justiça levava os súditos a putrefação.  A inquisidora viu a tua rainha sucumbir a corrupção pelo poder e a julgou culpada, traindo e prendendo nos calabouços para morrer lentamente.

Tua irmã foi julgada como incapaz de permanecer ao seu lado, sujando o nome da família, ela acreditava num julgamento mais ameno e no perdão aos súditos, mas antes que fosse condenada ao pó ela fugiu para os confins da floresta.

A inquisidora de ferro traiu tua rainha, assim como fez com sua irmã, tomando teus lugares de poder para si. Este foi o primeiro sinal.

A dona de asas negras e espadas de fogo condenou todo o reino com teus castigos exacerbado em prol da justiça e ordem do reino. Ela castigava cada pessoa por seus pecados, não importava quem fosse... até crianças estavam submetidas a sua justiça cega, certa vez ela arrancou as pernas de uma jovem por andar em solo sagrado

A inquisidora havia traído tua irmã tomando um poder antigo, concedido pelos deuses antigos e o deu para a Elite religiosa que julgou a presenteada de bruxa, condenando-a a fogueira.

Era a história do passado se repetindo no futuro.

Congregação das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora