Entre as árvores

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Após ser traída pela sua irmã, correu até fim do mundo onde a vida não conseguira tocar o solo, um local que já havia de ser sagrado e agora só restava uma paisagem seca, morta e pútrida, cheia de cicatrizes do antigo mundo.

Naquele solo arenoso e escuro suas lágrimas de súplica penetraram o solo até as raízes mortas de uma árvore antiga. Nas suas raízes fluíam a seiva de uma antiga magia que estava enterrada há muito tempo, escondida do mundo, esperando alguém digno para que pudesse ser agraciado com tanto poder.

Uma ave pairava sobre a cabeça da jovem desolada, que se arrastava lentamente até deitar-se sendo agraciada pelo manto noturno estrelado. Nada estava vivo exceto pela alma perdida e pela ave que agora a observava. Os olhos sangrentos daquela criatura pareciam penetrar a alma da garota que já estava sem forças para falar.

A lua sangrenta iluminava o céu com todo teu brilho avermelhado, deixando o ambiente mais agonizante e morto em tons avermelhados.

Um sentimento de angústia consumia aos poucos tua alma até sobrar apenas o pânico e logo, logo retirar a sua sanidade deixando-a definhar em loucura nas entranhas da floresta morta.

Antes que o último resquício de algo que a prendia na terra desaparecesse a ave deu as costas para ela e lentamente torceu seu pescoço até finalmente estar encarando-a novamente. Lentamente as penas de sua cabeça se ouriçavam e iam revelando dois chifres pontudos que iam crescendo lentamente. Era uma coruja.

Uma dor aguda na base de suas asas fez com que se encolhesse no chão gritando de dor, igualmente a ave abriu o bico soltando um som agudo que fazia os tímpanos estourarem de dor. Se batia e rebatia no chão devido a dor que consumia seu corpo, as correntes que seguravam suas asas e mãos a machucavam cada vez mais que ricocheteavam em seu corpo cada vez que ela se contorcia no chão.

A terra parecia engolir a garota a cada grito de socorro que ela dava, sentia como se suas asas estivessem sendo arrancadas e seus ossos do crânio quebrando-se em pequenas partes, seus músculos tensos pareciam se romper enquanto algo corria em suas veias.

Do chão, raízes apareceram amarrando seus pulsos e seus tornozelos e perfurando tua pele deixando teu sangue manchar aquela terra, que um dia também sofreu as dores de uma traição. No seu deleito de agonia, a alma torturada foi agraciada pela escuridão das plumas que taparam a lua para que não visse a desafortunada sofrer.

Antes que os últimos resquício de vida sumisse, uma luz vermelha surgiu de pequenos sulcos presente no solo e aos poucos iam tomando a forma de círculos e símbolos estranhos, que lançavam sombras cadavéricas na paisagem.

No fundo da floresta sombria havia uma criatura com chifres retorcidos, plumagens e rosto cadavérico que a observava atentamente o sofrimento terminar juntamente com a transformação dela.

Aos poucos a dor ia passando e uma sensação de prazer e euforia tomava o corpo dela, não entendia o que estava acontecendo, mas as raízes soltaram seus pulsos e seus calcanhares que estavam sem marcas de sangue ou ferimentos.

Seus cabelos agora eram loiros e recaíam sobre seu ombro enquanto no lado esquerdo- em sua face- havia um prolongamento quase como um chifre que contornava delicadamente a região de seu olho esquerdo como sinal de opulência e poder. Um vestido vermelho e preto recaía sobre teu corpo enquanto as plumas de tuas asas se abriam como as de uma coruja

—  Uma... coruja cornífera — ela falou com firmeza, suas roupas agora a vestiam como uma rainha, detalhes com pedras e penas desenhavam o vestido preto e branco, detalhes vermelhos traziam a ira que faltava.

Tuas asas estavam livres, suas correntes se tornaram um pequeno detalhe em sua saia, agora que ninguém poderia pará-la. Nenhuma magia antiga deveria ser acorrentada.

Dos confins daquela terra a criatura escondida trocou olhares no fundo da alma daquela bruxa, revelando suas vontades e desejos para o novo mundo.

— Sim, Meu Lorde, que seja feita a tua vontade — um grunhido ecoou entre as árvores fazendo os galhos secos tremerem com o a língua estranha que a criatura falava.

Com uma reverência ela segue até as entranhas de uma árvore antiga e movimenta suas mãos revelando um brilho vermelho que explode a casca revelando uma entrada para o que estava além daquela árvore retorcida.

Congregação das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora