Espíritos perdidos

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De todas as bruxas existia uma que não passava de lendas, suas histórias percorriam todo o continente confundindo cabeças e desaparecendo com soldados do Cavaleiros do Eclipse.

Seus nomes ecoavam por todos os cantos. A conjuradora/ a farsante/ a enganadora. Ninguém nunca a tinha visto de verdade ou conseguia se aproximar, ela sempre desaparecia deixando uma imagem-espelho dela que sumia. Até o dia que o sabugueiro a encontrou.

Depois de perder sua família enquanto fugiam para a floresta, ela se perdeu em meio à confusão dentro da vegetação. O sabugueiro a conhecia, por conta das histórias, e ofereceu os segredos que ela tanto queria em troca de seu nome.

Devido a sua fragilidade, aceitou o acordo e assim deu seu nome ao sabugueiro. Agora sua mente pertencia a floresta e todas suas lembranças foram perdidas para o sabugueiro. As vezes vagava entre as folhas confusa entre quem ela era e quem ela é. Ela havia sido trapaceada.

— Como se sentes agora que foi trapaceada? — Morgana sorri e se aproxima da conjuradora enraizada. — Lembra que foi trapaceada no passado? Vendeu a ti e o teu nome e se tornou uma prisioneira da floresta, patética!

Morgana juntou suas mãos e sussurrou palavras estranhas, palavras indescritíveis que deixou o ar entre as duas denso, como se algo transparente surgisse entre as duas. Zyra percebeu a pequena refração de luz e caminhou vendo a mudança de paisagem em frente a bruxa presa. A paisagem era fletida como um espelho que surgiu do nada.

— Olhe e diga-me, qual o seu nome? — Morgana aponta pro espelho a sua frente. A outra apenas permaneceu calada encarando seu reflexo, suas expressões faciais iam de horror à surpresa. — Responda-me!

— Le... Blanc... — Ela respondeu, mas não era ela. A que estava presa desapareceu numa nuvem de corvos que voou em direção ao céu. Detrás de uma árvore saiu ela, era fácil de reconhecer graças sua capa de penas douradas e pretas. Ela caminhava com seu cajado, dessa vez era a verdadeira.

O espelho em frente da Morgana se quebrou deixando a imagem da antiga presa nos pedaços.

— finalmente, livre — Ela respirou fundo.

***

A floresta estava inquieta com a presença das bruxas, as árvores tremiam seus galhos e os espíritos haviam de se esconder alertados do perigo. Estavam quase na fronteira saindo da floresta quando sombras de pessoas fizeram com que elas se escondessem atrás das árvores preocupas.

Elas se preparavam para a luta, mas algo estava estranho, era em torno de um dezena de pessoas e nenhuma exibia nenhum movimento, nem um mínimo espasmo acontecia.

Le blanc ainda meio manca saiu detrás da árvore e foi-se de encontro com os estranhos. Seu coração se encheu de pesar enquanto sua visão identificava os rostos daquelas pessoas árvore. Eram como arbustos crescido de uma terra escura e pútrida, que ganharam forma de pessoas normais, os galhos retorcidos transmitia as curvas e feições de diferentes rostos decepcionados.

A imagem daquelas pessoas nos galhos retorcidos, pesou no fundo do teu peito. Era como se mais sangue corresse por tuas veias e o coração não conseguisse dar conta e ficasse quase como uma bola prestes a estourar.

Sentiu um calafrio no ar subindo do chão até coroa de galhos marmorizado, trazidos de teus corvos.

Qual a sensação de ser observado? Será que algo observa-te? A sensação de ler algo proibido e lançar-te uma maldição com espíritos em tuas costas arranhando-as, abraçando, sussurrando coisas inaudíveis em alturas diferentes.

Não... não... NÃO!

Gritou Le blanc. Como um soco na cabeça ela se desvencilhou para tua direita. Teu cajado caiu ao chão como um fruto e se apoiou em um tronco caído

— Eles pedem JUSTIÇA pelo pecado de deicídio! — Morgana abriu espaço com suas asas se arrastando ao solo sobre teu vestido.

Podia-se dizer que quase houve uma lágrima em sua pele pálida, mas Zyra havia de ser mais esperta, no horizonte sob seu ombro direito lá estava ele em pé batendo seu cajado ao chãos. Tudo não passava apenas de uma ilusão.

Sua verdadeira imagem estava longe, dando as costas e sumindo nas sombras do entardecer. Ela queria fazer justiça, ela iria fazer, sozinha.

Os galhos retorcidos, em forma de pessoas, na clareira eram as pessoas que morreram por conta da guerreira do eclipse.

Ela vai voltar, murmurou Zyra.

Congregação das BruxasOnde histórias criam vida. Descubra agora