Chapter 10

437 42 37
                                    

-O que é isso de repente? — Estava surpresa.

-Eu quero te ajudar. — Hyunsuk se sentou a minha frente e olhou em meus olhos.

-Hyunsuk...

-Eu vi a foto sua com seu pai e mãe, sei de algumas coisas,me deixe saber o resto. — Suspirei.

[Inverno de 2010]

-Perdedor! — Estava sentada em um bloco de gelo encarando alguns garotos implicarem com outro.

-Você achou que tinha o direito de se juntar a nós? — Um dos garotos que o importunavam deu um soco no rosto do mesmo.

-Aprenda a se pôr no seu lugar. — Seguraram o menino e o jogaram em uma área de gelo fino que obviamente quebrou fazendo com que o garoto afundasse na água se debatendo pedindo por ajuda para sair,aqueles "valentões" apenas saíram correndo assustados.

Peguei uma flor congelada que estava ali e passei a arrancar as pétalas. "Ajudar,não ajudar... Ajudar,não ajudar... ajudar... não ajudar". Por algum motivo,mesmo que tinha caído no "não ajudar",eu me levantei e fui até o garoto que estava quase perdendo as forças. Joguei o bloco que eu estava sentada vendo o mesmo ficar firme ali,apenas virei de costas e fui embora,mesmo ouvindo para esperar.

Depois de ter salvado a vida dele acidentalmente, o menino passou a me seguir a todo tempo. Ele fez com que minha sombra desaparecesse, eu estava grata por isso. Mas resolvi testá-lo para ver se ele realmente gostava de mim. Eu ia bastante a um campo florido longe de minha casa, ele apareceu por lá para se "declarar" para mim. Eu peguei uma borboleta e a parti no meio.

-Você ainda gosta de mim? — Ele ficou assustado e correu para longe me fazendo ter a certeza que eu não podia estar perto de alguém realmente. -Covarde.

Naquele mesmo dia,a noite, ele apareceu no portão da minha casa com as flores novamente. Eu vi chegar da sacada e fiquei muito feliz de vê-lo. Corri descendo as escadas para ir no portão,mas antes que chegasse na porta, minha mãe entrou na frente e apenas me olhou fazendo o meu medo subir.

O sorriso que estava meu rosto antes havia desaparecido. Saí pela porta com minha expressão fechada de sempre indo até o garoto que abriu um imenso sorriso ao me ver. Eu queria protegê-lo do monstro que habita em mim.

-Desculpa por mais cedo,eu fiquei um pouco assustado... — Ele estendeu as flores e eu as peguei jogando no chão e pisoteando.

-Saia daqui agora. — Disse e voltei para dentro de casa.

-Ótima menina. — A voz da minha mãe ecoou e a sombra que havia desaparecido,estava ali comigo novamente.

***

Umas semanas se passaram desde o ocorrido. Em uma certa noite,ouvia meus pais discutindo sobre assassinato que havia acontecido. Meu pai brigava enquanto minha mãe ria como se fosse a coisa mais normal do mundo matar alguém. Meu pai a chamou de monstro e a deixou rolar escada à baixo,o sangue da mulher escorria pelo chão. Ele a pegou e trancou a mesma no porão para que apodrecesse lá.

Três dias depois quando ele foi abrir o porão, o corpo havia sumido. Não sabíamos se ela tinha morrido ou não mesmo com a pancada forte. Meu pai não conseguia suportar o sentimento ruim de minha mãe e por algum motivo,ele tentou me matar.

-Vai ser rápido,querida. Não quero que se torne um monstro como sua mãe.

Eu me debatia tentando me soltar,mas eu era uma criança de 11 anos. Ele desistiu de me matar poucos segundos depois e passou a chorar se perguntando o que estava fazendo. Ele ligou para minha tia e pediu para que cuidasse de mim,logo foi internado no hospital psiquiátrico OK.

Mais dias se passaram e eu pensei que estava realmente livre,até encontrar com aquele garoto do lago. A pessoa que minha mãe tinha matado era a mãe dele. Ela destruiu uma família sem motivo algum. Eu estava assustada demais e algum tempo depois,ela me ligou dando sinal de vida. Desde então passei a querê-la de volta ao meu lado para que não machuque outras pessoas. Ela nunca voltou, tenho medo que ela tenha machucado pessoas nesse tempo. A ligo todos os dias para saber onde está,mas nunca tenho sucesso.

Por muitos anos tentei viver uma vida normal, mas percebi no decorrer deles que é impossível viver normalmente quando você tem um monstro que habita em você.

[Inverno de 2020]

-Você não é um monstro. — Hyunsuk secou uma lágrima que descia pelo meu rosto.

-Eu não devia estar perto de ninguém ou ter momentos felizes como esse. Por que alguém ficaria ao lado de uma pessoa destruída? — Ao final da frase,o garoto me abraçava gentilmente fazendo um leve carinho em meus fios.

-Eu quero estar ao seu lado. — Ele separou o abraço repentinamente e olhou em meus olhos.

-Por que?

-Porque eu gosto de você. — Ele selou nossos lábios em um beijo calmo, mesmo sabendo ser errado, eu apenas cedi. Choi Hyunsuk causava um efeito estranho em mim. -Me promete uma coisa? — Disse ofegante após separarmos o beijo pela falta de ar.

-O que...?

-Mesmo se a borboleta dos pesadelos de Haruto aparecer,você não vai mata-lá. — O encarei confusa.

-Por que?

-Apenas me prometa. — Ele estendeu o mindinho e eu instantaneamente fiz a promessa. -Obrigada. — Ele bagunçou meu cabelo e sorriu me roubando outro selinho.

-Isso é errado. — Disse e ele me deu língua como uma criança de 5 anos.

[Kim Junkyu]

-Eles se gostam realmente... — Desencostei da porta e voltei para o meu quarto com um sorriso triste.

***
[Lee Yumi]

Voltamos a nossa rotina normal. Os meninos já estavam quase terminando o mural do hospital e Haruto já não precisava mais do auxílio dos remédios para não ter pesadelos. Os outros meninos também não tinham mais confusões mentais e estavam bem próximos da enfermeira chefe que os mimava de todas as formas. Pela primeira vez na vida,eu estava sentindo as coisas irem bem.

Depois da noite de meu aniversário,eu e Hyunsuk não comentamos mais sobre deixando em "esquecimento". Kim Junkyu também andava estranho por esses dias,mas alegava ser apenas saudades. Não invadi o espaço de nenhum deles, deixei daquela forma.

Finalmente era o último dia visitando aquele hospital. Faltava apenas uns detalhes para o mural ficar pronto. Chegamos no hospital conversando animados, rindo e brincando. Mas eu já devia saber que minha felicidade estava durando demais. Ao chegarmos, havia uma borboleta enorme desenhada no mural.

-É ela... a borboleta que me atormenta. — Haruto disse assustado com lágrimas nos olhos.

-Não pode ser... — Deixei uma lágrima escapar.

-Acalme-se. — Hyunsuk tentou se aproximar, mas dei um passo para trás.

-É mentira não é? Me diz que é mentira... — Aquela borboleta desenhada,era o broche que minha mãe usava o tempo todo.

"A mamãe está bonita?"

-Yumi... — Eu corri dali,mas ele veio atrás segurando meu pulso.

-É mentira,né..? Não pode ser ela! A pessoa que atormentou vocês esse tempo todo... — Não conseguia conter as lágrimas.

-Yumi...

-Você sabia que era ela?! — Ele apenas me encarou sem jeito.

Me soltei e fugi.

<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<<

Está chegando ao fim e espero que estejam gostando!

I'm mad at Disney Onde histórias criam vida. Descubra agora