BLIND

16.

Oi, gente! Como vocês estão?

Passando pra avisar que esse é o último capítulo. Só tem mais um epílogo, que sai em breve. Boa leitura. :(

― Eu não estava exatamente esperando visitas, então me desculpe pela bagunça. - Foi a primeira coisa que Frank disse ao abrir a porta do apartamento, puxando Gerard delicadamente pelo braço para que eles pudessem entrar.

― Bom, eu não vou enxergar nada, então não se preocupe. - Ele riu fracamente, deixando-se ser puxado pelo dono da casa até que ambos estivessem sentados em uma espécie de sofá de couro. - Como é o apartamento?

― Hmm, como um apartamento de um homem solteiro, eu acho? Não é muito grande, porque eu não ganho tão bem assim para pagar por um lugar mais novo e espaçoso, mas tem um quarto, um banheiro, a sala integrada com a cozinha e uma pequena varanda. Varandas são importantes quando você não quer ativar o detector de fumaça, mas eu já descobri que os daqui nem funcionam mais - deu de ombros, lembrando-se vagamente de quando ascendeu um cigarro na sala pela primeira vez, surtando após recordar que o apartamento possuía detector. Nada aconteceu e ele se sentiu um idiota em vários sentidos, torcendo para que sua casa não pegasse fogo e ele dependesse do sistema.

― Cheira a nicotina. - Gerard constatou, ajeitando-se melhor no sofá enquanto sentia Frank se levantar, o móvel ondulando levemente com a falta do peso ao seu lado.

― Bom, sim, me desculpe por isso. Da próxima vez eu dou uma faxina, sabe como é, espalho um perfume pela casa...

Gerard riu com o comentário e então percebeu que tudo que ele vinha fazendo ao longo da noite era rir e sorrir. Talvez seu cérebro finalmente tivesse sofrido de vez um curto circuito. Ou talvez ele só estivesse apaixonado demais. Provavelmente a segunda opção.

― Como se você precisasse limpar a casa só por causa da minha presença, né! Relaxa, eu já disse que não estou vendo nada, poderia ter um elefante na sala e eu não ia saber - balançou a cabeça com a ideia, sentindo-se bobo.

― Então, aceita uma cerveja? Também tenho vinho, eu acho, se você preferir...

― Uma cerveja é suficiente, obrigado. - Enquanto ouvia Frank abrir a geladeira, Gerard retirou o casaco marrom que vestia, dobrando-o calmamente e colocando ao seu lado. O sistema de calefação provavelmente estava ligado, pois começava a esquentar o suficiente para que ele não precisasse usar a segunda peça. - Você mora aqui há muito tempo?

― Na verdade não. Me mudei um pouco antes da formatura na faculdade, o que deve dar por volta de três anos e alguma coisa, quase quatro. Mas não é muito longe do consultório e eu consigo pagar, então acabei continuando após a formatura. - Frank estendeu uma das long necks na direção de Gerard, encostando a garrafa gelada nas mãos do mais velho. Agradecendo, ele segurou a garrafa enquanto sentia Frank sentar-se novamente, aguardando poucos segundos até que pudesse levar a garrafa à boca, tendo a certeza de que não derrubaria o líquido pela casa ou em si mesmo.

― Parece ser um lugar legal.

― Sim. Além disso, tenho poucos vizinhos, o que me permite fazer barulho à noite, sem que ninguém me incomode. - A menção da palavra barulho, Gerard acabou engasgando, perguntando-se que tipo de coisas Frank costumava fazer em casa. O alívio veio logo em seguida, entretanto, quando Frank percebeu que sua fala poderia ser interpretada de outras formas, fazendo questão de se explicar. - Sabe como é, com a guitarra e tudo mais. Os amplificadores... Gee, você tá bem?

Gerard tossiu algumas vezes antes que conseguisse voltar a falar.

― Sim, claro, me desculpe. Estou há algum tempo sem beber, na verdade. Um tempo considerável. Então... guitarras, hm?