Capítulo 29

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Pov Sina

Voltamos da casa dos meus pais por volta das 17:00, eu senti Heyoon um pouco longe, parecia pensar muito e estar preocupada com alguma coisa.

Já passava das 23:00, quando Heyoon me mandou uma única mensagem, falando que me esperava no quarto vermelho.

Nem pensei muito, apenas sai do meu quarto e segui o corredor.

A porta tava fechada, eu abri com minha chave. Percebi a luz ambiente normal, e não a vermelha.

Ela tava sentada na cama com a cabeça baixa.

— Tudo bem?

— Sina, eu quero conversar com você e não tinha um lugar melhor que aqui.

O olhar dela era vazio e intimidador.

— Fiz algo errado?

— Não! Eu fiz...

Ela caminhou até mim, tinha um papel e um envelope em mãos.

— Eu errei quando me apaixonar por você. – Meu coração deu um pequeno salto mortal.

— Heyoon...

— Você está livre Sina. Eu te dispensei do contrato, você não me deve mais nada. Aqui nesse envelope está a quantia, mais um aumento por eu ter quebrado.

Eu não peguei os papéis que ela me entregava. Eu não estava acreditando na cena patética a minha frente.

— Está fazendo isso por medo do amor?

— Eu não me apaixono Senhorita Deinert!

— Sim você se apaixona Heyoon Jeong, você não é a porra de uma mulher sem sentimentos, existe um coração dentro de você, por mais que você queira negar que ele existe. Você se faz de forte, mas você é fraca, por fugir de seus próprios sentimentos.

— Eles irão sumir a partir do momento que você sair debaixo de meus olhos. – Ela tentou me entregar novamente o envelope com dinheiro. — Receba Sina!

— Enfie a merda desse dinheiro no seu cu!

Não olhei para trás, ainda ouvi ela me chamar, mas não me virei. Abri a porta e sai daquele lugar tóxico, daquela companhia tóxica.

Desci as escadas e quase trombei com Savannah.

— Sina tudo bem?

Ela percebeu que eu estava chorando.

— Savannah pode me levar embora por favor? Me leva pra qualquer lugar só me tira daqui.

Pela primeira vez Savannah fez algo por mim, sem esperar ordens de Heyoon, ela parece até que já tinha entendido a situação.

Entrei no carro e Savannah saiu rapidamente comigo daquele lugar. Vez ou outra eu via ela olhando pelo espelho retrovisor. Savannah não falava nada, e eu agradeço internamente por isso, eu não estava afim de conversar.

Encostei a minha cabeça contra o vidro do carro e as lágrimas rolaram pelo meu rosto. De todos os fins que eu imaginei ter com Heyoon, jamais imaginei que seria assim. Ela quebrou o contrato simplesmente porque se apaixonou, que mal tem em amar? Por que isso a assusta tanto?

Vi que Savannah não tava me levando pra minha casa, eu não sei se a odiava por isso, ou se agradecia, eu não queria aparecer na frente dos meus pais assim, principalmente pelo horário.

Savannah parou em um prédio, encostou o carro no estacionamento e desceu. Eu passei uma mão secando meus olhos e desci.

— Eu tenho um apartamento nesse prédio, já está tarde, não é bom você chegar na casa dos seus pais assim.

— Obrigada Savannah, de verdade.

Caminhei com Savannah pelo prédio, via algumas pessoas me olhando, eu tava usando apenas uma calça jeans e um top, sem nada nos pés. Savannah chamou o elevador e subiu comigo. Ela tinha nada menos que um apartamento na cobertura.

Eu entrei no apartamento dela que de simples não tinha nada. Ela entrou acendendo as luzes e vendo se estava realmente tudo em ordem. Voltou da cozinha com duas cervejas de garrafa em mãos.

Eu me sentei no sofá, ela me entregou uma cerveja e se sentou em uma poltrona de frente.

— Heyoon cancelou o contrato com você? – Savannah falou e tomou um gole da cerveja.

— Sua amiga é uma completa imbecil.

Savannah ficou alguns segundos em silêncio me encarando, tomou outro gole da cerveja e se ajeitou no sofá.

— Olha sina, o que vou te falar, eu não falaria para outro alguém, até porque é a vida pessoal dela, mas eu sinto que se eu não te falar, Heyoon nunca vai te procurar e conversar sobre isso.

— Seja o que for, eu duvido muito que possa mudar tudo que está passando dentro de mim nesse momento.

Percebi Savannah soltar uma longa respiração.

— Já se perguntou por que Heyoon começou com isso? – Savannah colocou a cerveja no chão e brincou com o anel de sua mão direita.

— Por que ela é uma idiota que tem medo do amor. – Eu tomei uns dois goles seguidos da cerveja.

— Não é exatamente do amor que ela tem medo, por mais bizarro que seja, ela tem medo da dor. Ela não aguentaria perder seu alicerce novamente.

— Acho que não entendi muito bem.

— Quando os pais dela morreram, Heyoon afundou em uma depressão assombrosa, eu realmente achei que iria perder ela, ela se cortava todos os dias, eu cheguei a tirar... – Savannah parou de falar, eu vi uma lágrima descer de seus olhos.

Meu coração se partiu em uns 30 pedaços apenas com o início da história que Savannah me contava. Ela estava paralisada, devia estar lembrando os dias da história que me contava.

— Nessa época, Heyoon entrou em um tratamento com todos os profissionais que você imaginar, ela ficou bem, mas não ficou 100%. Então ela começou a pesquisar formas de aliviar toda a turbulência que existia dentro dela.

— Ela optou por isso? Em contratar pessoas para aliviar sua dor, a causando dor.

— Sim. Ela viu todos seus problemas se resolverem assim. E ela tava bem, até você aparecer, e destruir cada barreira que ela tinha criado.

Eu passei minha mão secando as maçãs do meu rosto, eu não fazia isso disso.

— Eu amo sua amiga Savannah, mas eu não sei o que fazer.

— Ela vai te procurar Sina, pode ter certeza.

Eu virei a cerveja bebendo todo o resto de uma vez.

— Cuide dela por mim Savannah.

— Não precisa me pedir. Mas não desista Deinert. Esse tempo que você esteve com ela, foi os dias que eu vi a antiga Heyoon de volta, a garota doce, brincalhona, boba, amiga... Você ressuscitou a Heyoon que morreu junto com os pais dela no acidente.

Savannah se levantou, deu um beijo na minha testa e se foi. Falou que amanhã passaria para me buscar e levar até em casa.

Eu fiquei naquele enorme apartamento sozinha, com um milhão de pensamento, o coração apertado, e a angústia tomando conta de mim.

(.) (.)

Ops...

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