Um não eu já tenho

Festival das flores

Oiê tortinhas de limão.
Como estão?
Espero que bem.
Volto com mais uma de Stardew Valley, porque a vida não é justa com meu coração.
Hoje estamos meio pra baixo, então peço desculpas de antemão.

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Jack tinha uma filosofia piegas de vida. Daquelas que todo mundo já ouviu falar por aí. 

Aquele negócio do é melhor se arrepender do que fez, do que se arrepender do que deixou de fazer. 

Ele tentava seguir isso fielmente, nunca foi conhecido por ter boas decisões de qualquer forma. 

Se arrepender fazia parte da sua vida, e era por isso que naquele dia ele tinha decidido que queria dançar no festival das flores. Péssima decisão na singela opinião de muitos por ali.

Quer dizer, ele não fazia ideia do que se fazia no festival das flores, mas ali parado ao lado de Elliot e Leah ele só conseguia pensar que se tinha uma coisa que ele queria fazer era participar daquele negócio. E não era porque parecia divertido…Tá que parecia sim, e ele nunca perdia uma boa oportunidade de passar vergonha, mas… 

Sebastian estava ali. O rapaz da casa na montanha de mantinha parado perto da mesa de comida, encostado em uma armação da decoração totalmente fora do mundo. 

E poxa… ele estava tão bonito. 

Jack achava injusto às vezes, toda aquela beleza… era tão boiola por aquele rapaz. 

Jack suspirava fundo todo bobo. Era difícil não perceber que o fazendeiro estava caidinho pelo rapaz. Ele não tentava esconder isso nem um pouco também. 

Essa era a verdade, desde o último ocorrido no rio. Jack passou longe de ser sutil quando se tratava de Sebastian, mas tudo bem. Ele queria que o rapaz soubesse que ele era completamente louquinho por aquela pele alva e suas pintinhas que pareciam constelações. 

Jack não se importava do outro saber que ele adorava aquele jeitinho acanhado e ainda assim um tanto revoltado que ele tinha. Gostava de como ele insistia em ficar longe da massa de pessoas, e gostava de como ele sorria contido das piadas do melhor amigo. 

Sinceramente, Jack achava que aquele carinha era tudo de bom. 

Suspirou fundo o encarando, a baba faltava escorrer pelo canto da boca enquanto Leah ria baixinho para o outro ruivo bem ao seu lado. 

-Está mesmo caidinho por ele, né? - Ela questionava o óbvio. Até mesmo o pequeno irmão de Sam já tinha percebido aquilo. Era algo mesmo difícil. 

Jack achava um milagre real que Sebastian por si só ainda não tinha… sei lá, vindo o dar um pé na bunda antes mesmo dele tentar algo.

-Ah… bem. - Eles não precisavam de uma resposta na verdade, e Leah sabia bem disso quando riu negando com o rosto.

Nos últimos dias ela vinha sendo uma boa companhia para o fazendeiro do Vale do Orvalho. Desde que o mesmo descobriu área Sul do Vale eles vinham se falando bastante quando o mesmo ia explorar por lá. 

Mas ela era um pouco madura demais para sua cacholinha presa na adolescência. Talvez fosse por isso que ele se dava melhor com Abigail.

-Por que não vai pedir para ele dançar com você? - Elliot se fez presente. A voz suave e agradável chegando ao moreno como um desafio. 

Jack se virou para o escritor, os olhos de quem ouviu algo óbvio por demais, mas não queria ser mal educado. 

-To pensando nisso desde que descobri esse negócio. - Revelou. Ele cruzava os braços como quem está irritado enquanto encarava as pessoas naquela festa engraçada. 

-Ara, por isso ficou ansioso com o festival? - Leah era sempre boa em o fazer querer se bater. Ele podia não querer esconder aquele negócio todo, mas ser tão óbvio às vezes o tirava do sério. 

Ele soltou mais um suspiro quando confirmou aquilo com o rosto, os olhos castanhos ainda presos no rapaz mais novo. 

-Então vai logo falar com ele. - Elliot disse mais uma vez. Jack às vezes jurava que aquele homem tinha saído de um romance de época erótico, daqueles que sua irmã lia escondido da mãe. Porque não era possível… 

Ele encarou o seu alvo mais uma vez. O rosto bonito e sério meio perdido em uma expressão completamente neutra. Parecia pensar demais. 

O fazendeiro achava mesmo uma graça a forma como ele coçava a orelha uma vez ou outra. Aquela paixãozinha toda não era só pela aparência, claro que tinha declarado sua paixão em seu primeiro encontro com ele, mas… 

Sebastian era um cara estranho, e isso era bom. Ele fala com sapos na beira da lagoa, anda por aí na chuva e joga RPG com os amigos às vezes. Ele era todo perfeitinho e… 

Jack não se aguentava, o peito esquentava só de pensar nisso. 

-Certo… eu vou lá  falar com ele. - Decidiu obstinado. - Quer dizer… O não eu já tenho né?

Nem esperou uma resposta dos ruivos antes de sair dali e andar em direção ao rapaz. E mesmo que ele estivesse logo ali, andar até ele pareceu uma eternidade. 

Jack passou por Sam que lhe sorriu doce antes de parar perto do rapaz emo. Um sorriso frouxo lhe chegou nos lábios e ele nem precisou juntar coragem para dizer algo, ele não era do tipo que tinha problemas em dizer as coisas. - Ei, Emmo-boy… dança comigo?

Sebastian demorou um pouco para reagir. De ínicio Jack achou que ele ficou surpreso com o convite, mas na verdade ele nem mesmo tinha percebido sua presença. 

E rapaz, não tinha nada capaz de ferrar mais com um homem que isso. 

O adolecente o olhou confuso, os olhos negros fitando seu rosto em questionamento. 

-Desculpa, o que disse? - Até a voz dele era gostosinha, como podia?

-Eu estava perguntando… se quer dançar comigo? 

Sebastian não pareceu se incomodar com o convite e apenas desviou o olhar de novo para a mesa de comida onde Abigail devorava alguns doces. - Desculpa… Tem outra pessoa com quem eu quero dançar. 

Foi uma resposta simples e calma que causou no fazendeiro uma estranha falta de ar. O céu naquele momento pareceu menos azul.

Ele chegou a coçar a nuca quando seguiu o olhar de Sebastian para a mesa de comida onde a amiga de cabelos roxos estava. No fim, além de filha da puta ela também era uma lerda então?

Seria engraçado se não fosse trágico. 

Mas talvez fizesse sentido, Sebastian nunca percebeu sua clara paixão, afinal, estava sempre olhando por outra pessoa. 

Era um pouco deprimente, mas ainda assim… ele estava sempre descobrindo coisas novas sobre o vale do orvalho. 

Sem mais energias para fazer qualquer coisa que não fosse deitar em sua cama e suspirar, o rapaz fez seu caminho de volta a beira do lago, os dedos longos coçando o couro cabeludo incessantemente. 

Ele não entendia o porquê de se afetar tanto com a resposta, ele já sabia que as chances eram nulas certo? 

-E então… como foi? - Leah pareceu animada com a ideia de talvez o outro ter aceitado. 

-Como eu disse, o não eu sempre tive. - Se deixou rir fraco. Os olhos fitando seus pés com muita atenção. 

O festival já não parecia mais tão divertido naquele momento. Aquela coisa toda de dançar pareceu perder toda a graça para ele. 

Leah e Elliot se olharam, com dó do pobre rapaz. 

-Quem sabe ano que vem… - Elliot tentou o animar, mas pra ele já não fazia diferença. As pessoas, a dança… Nem mesmo todas aquelas flores em sua volta. 

Até porque o  não ele sempre teve de todo jeito…