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"Afinal, amanhã é outro dia." — E o Vento Levou, de Margaret Mitchell

Às vezes as decisões mais difíceis são as que tomamos em momentos de dor, são as que levados pelo calor do momento, acabamos por escolher, e muitas vezes, essas decisões, são as que mudam nossas vidas de uma maneira única, irrevogável e sem retorno.

Olhando Minsoo dormir, o rosto suave, as bochechinhas coradas, e o semblante que parece sorrir, Jeongguk não consegue evitar recordar, principalmente ao ver a pintinha tão conhecida por si na pontinha do nariz do pequeno filhote.

Para quem olha de fora, o pequeno é uma miniatura de Jeongguk, com seus olhos enormes, o sorriso de coelhinho, e as bochechinhas rosadas, mas não, quando Jeongguk olha o filho, ele vê Taehyung, vê nos detalhes, na pintinha no nariz, na pálpebra levemente caída, vê ele no sorrisinho retangular do pequeno, e até mesmo nos gestos, — Minsoo também só consegue dormir agarrado a algo, nesse caso no seu velho coelhinho de pelúcia, deixado para trás quando o Kim se foi. — Ele vê o alfa em tantos momentos, que se pergunta se algum dia irá esquecê-lo. — Mesmo hoje, — um dia que deveria ter sido feliz, afinal o Jeon deveria ter se casado com Wang, mas não o fez, não havia tido a coragem de ir adiante, menos ainda de dizer na frente do juiz de paz, o tão temido sim.

Jeongguk não havia conseguido manter a mentira que contava para si há mais de 3 anos, uma mentira em que ele nem sequer fingia amar alguém sem de fato amar. Ou onde fingia não se importar mais com outro alguém. — o alfa se faz tão presente na mente do ômega, que era quase como se pudesse sentir a presença do outro. Mas como esquecer quem nos marcou tão profundamente, tão forte, que cada respiração é como uma oração, um pedido mudo ao universo por alento e paz.

Como esquecer aquilo que foi nosso por tanto tempo?

Ainda mais ao ter um lembrete do que se teve e se perdeu? Deixando o filhote em sua cama, o Jovem Jeongguk, — não tão jovem assim, afinal o tempo passou e agora ele está mais perto dos 30 do que dos 17, — se aproxima da janela e olhando o céu sem estrelas, se pergunta onde estaria o alfa e como "eles" estariam se a vida tivesse diferido, se não tivessem tido tantos "e se"…

E mais tarde, sentado na varanda de sua casa, uma taça de vinho em uma das mãos, e um álbum de velhas fotos nas mãos, — um álbum que ele negaria até a morte ainda ter — ao virar a página e se deparar com a foto de duas mãos entrelaçadas com a legenda: "Não importa onde estivermos, eu jamais soltarei suas mãos", ele se permite recordar.

[°°°]

Era o primeiro dia de fevereiro, o tempo estava bom, ameno, as ruas tranquilas, — talvez pelo adiantado da hora — e dois jovens, de mãos entrelaçadas, observavam da janela do segundo andar, a rua. — Tae, como vai ser doravante? Eu sei que estaremos juntos, amor, mas é um lugar novo, uma vida nova, e eu tenho medo, hyung.

Ao ouvir a voz trêmula do namorado, Taehyung o abraçou mais forte, compreendia a tensão do outro, afinal ele mesmo sentia uma parte dela dentro de si. Ambos estavam indo para a tão sonhada universidade, era o começo da vida adulta, da sonhada independência de ambos, e estavam fazendo isso juntos.

Iriam como um par.

Como um casal, dividiram o mesmo dormitório, somente ômegas "marcados" o poderiam fazer.

Para os não marcados, o "campus" era separado por cursos. — Eu sei que o futuro assusta Gukkie, eu também me sinto assim coelhinho, mas eu prometo a você, que estarei lá, com você a cada passo do caminho. Eu não te deixarei sozinho. Eu prometo.

Unforgivable Love - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora