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Tanto Taehyung, quanto Jeongguk sabiam que não poderiam adiar ainda mais a conversa. Cerca de quatro dias haviam se passado desde que o Kim havia ido ao restaurante onde o Jeon trabalhava.

Então, após muita hesitação, pensamentos tortuosos, ambos haviam combinando de se encontrarem na cafeteria que ficava próxima à escola de Minsoo, cerca de uma hora e meia antes da saída do pequeno filhote. Entretanto, não havia sido uma boa conversa, fácil, ou simples, ouso até dizer, que mais de um coração foi novamente partido naquela tarde.

Taehyung chegou primeiro, sentia-se nervoso, ansioso por saber tudo, e também por observar o ômega. Ele tinha a curiosidade de saber como Jeongguk realmente estava, alguns segundos trocados, não faziam justiça a seus olhos. Pouco depois de sua chegada, o Jeon adentrou o local, e logo foi cumprimentado por alguns funcionários do lugar, o que fez Taehyung imaginar que ele era cliente assíduo, — provavelmente com seu filho.

Jeongguk o viu e se aproximou, logo sentando-se em frente ao alfa, que estava em uma das mesas mais afastadas, o que garantia alguma privacidade a eles. Taehyung engoliu em seco, Jeongguk havia sido privilegiado pelo tempo, o ômega estava ainda mais belo do que se lembrava, e ele lembrava.

Jeongguk não estava atrás, ele parecia absorver a presença do outro, Taehyung estava ainda mais bonito, a maturidade havia lhe feito bem, as feições juvenis haviam dado lugar a uma masculinidade marcante.

Gostaria de dizer que a partir dali, tudo foram flores, mas imaginem comigo a situação. Dois corações magoados, enredados em mentiras, mentiras essas que não lhes pertenciam, porém, lhes foram contadas, não é preciso dizer muito, apenas que não foi uma reunião deveras agradável. Como sei disso, eu estive ali, mesmo sem querer, e pude ouvir, mesmo sem desejar, um pouco do que foi dito, e não foram belas palavras. Elas foram carregadas de dor, mágoa, raiva e decepção.

— Como você pôde Jeongguk? Como conseguiu dormir todas essas noites sabendo que não me contou sobre a existência do meu filho? Você tem alguma ideia do que fez? — Taehyung não conseguia evitar acusação em sua voz, o outro não parecia arrependido de nada, ele apenas o olhava, sem pedir desculpas,

Jeongguk se recusava a assumir seus erros. Era inaceitável.

— Fui pai Taehyung, eu assumi meu filho, sozinho, sem ajuda, sem apoio da minha família, após ouvir do homem que disse sempre que me amava, que não soltaria a minha mão, que eu era um erro e seu maior arrependimento. E eu nem soube o motivo no dia, somente depois. — Jeongguk sentia vontade de gritar, — ainda se lembrava das ásperas palavras ditas pelo outro, de como ele havia chorado, tentado tocar o namorado, fazê-lo escutar, o que quer que fosse parecer precisar, não havia sido um dia fácil para o ômega, ele havia ficado doente, enjoado boa parte da tarde e da noite.

Quando pensava que iria conseguir dormir, o amigo de curso, havia lhe mandado mensagem, pedindo que fosse até seu dormitório, pois havia terminado de fazer o trabalho de ambos, Dyllan havia elaborado a receita que ambos haviam acordado, e precisava que Jeongguk a experimentasse, para poderem validar, afinal era para a aula seguinte.

Então, ele havia mandado uma mensagem para Taehyung, avisando o namorado onde estaria, e seguido para o dormitório beta, mesmo sentindo-se mal. Não recordava muito mais do que isso, apenas de chegar, pedir um copo com água, e acordar na madrugada, se dando conta de onde estava.

E de ver Taehyung parado na frente do quarto, com o olhar perdido e lágrimas nos olhos. Jeongguk também queria gritar de frustração, ao recordar como havia sido expulso de casa ao se descobrir grávido, sua família não aceitara que ele ficasse com o bebê, e sua mãe o mandara embora, se não fosse por Namjoon e Seokjin, o Jeon teria ficado perdido no mundo.

Eles o apoiaram, mesmo quando ninguém o quis, ou ao seu filho, e isso incluía o homem à sua frente. O maldito babaca.

— Nada justifica o seu silêncio Jeongguk! Nada, eu merecia saber, você deveria ter me contado, ido atrás de mim. — a voz de Taehyung era áspera, cheia de raiva, gelada como o inverno. Cada palavra cuspida em um mar de rancor e acusações.

— Como Kim? Você mudou de número, vocês foram embora da casa de vocês, eu tentei, eu tentei por dias, até recorri ao assistente do seu pai, eu deixei uma carta com ele, recorri a Annelise, e sabe o que eu ouvi? Que você não se importava, que você não queria ter conhecimento sobre nada, eu recebi sua mensagem Kim, e um cheque no seu nome. Foi o bastante, recado dado, recado compreendido. — Jeongguk realmente não entendia onde o alfa queria chegar, ele sabia do filhote, ele o negou. Tinha provas disso, provas dolorosas na pele e no bolso.

Ao ouvir o desabafo do ômega, Taehyung riu, uma risada sem humor... E eu ainda sinto-me gelar caros leitores, tal qual foi a intensidade do sentimento expressado por uma simples risada.

— Do que você está falando, Jeon, que mentiras irá dizer para tentar se salvar? Não houve cheque, não houve nenhuma mensagem, você mente.

Traindo toda a raiva que tinha dentro de si, Jeongguk abriu a bolsa que levava consigo e tirou um papel de lá, estendo o mesmo em direção ao Kim, com as mãos levemente trêmulas. Taehyung não compreendeu bem o que o outro queria dizer, mas pegou o pedaço de papel e logo reconheceu o papel timbrado, era da empresa de seu pai, um cheque, e ele era nominado ao Jeon Jeongguk, assinado por Kim Taehyung. Datado de anos antes. Mas ele nunca havia mandado aquele cheque.

Nunca faria isso, até que recordou de uma ocasião em que havia assinado um...

" — TaeTae, o que você acha de ajudarmos os carentes? Achei uma obra de caridade perfeita para você, que tal? É só um cheque!" — Annelise havia dito naquela manhã, e como eles costumavam ajudar os necessitados de sua sociedade, O pai de Taehyung assinou um cheque em branco e o deu a amiga do filho...

— Negará? — o tom de Jeongguk era frio. Saindo de suas lembranças, ainda confusas, Taehyung o olhou, pela primeira vez, não tão certo de suas verdades, porém orgulhoso demais para facilitar.

— Eu nunca te mandei esse cheque, eu não faço ideia de como ele chegou até você.

Dando a conversa por acabada, Jeongguk se levantou, ele precisava sair dali, não havia mais nada a dizer, porém, antes de se virar, ele precisava dizer algumas coisas mais para o homem que o olhava nesse momento: — Já não importa como esse cheque parou nas minhas mãos, o importante é que ele chegou, hoje você me acusou de muitas coisas Kim, e eu sou inocente de todas elas, de te trair, de te enganar, de ter escondido meu filho de você, e você? Consegue dormir à noite, sabendo que foi cruel, que efetuou acusações infundadas, somente por observar a minha pessoa saindo de um quarto, ainda mais quando avisei você? E sabe Tae, eu sempre confiei em você, mesmo quando vi e chegava tarde no dormitório, — Respirou fundo, — cheirando aos ômegas do seu curso, às vezes até com o gloss da Annelise na sua roupa, no seu pescoço, eu confiei em você, mesmo quando ouvia por aí, que o meu alfa era amigável demais, e quando a sua amiga, insinuava que vocês iriam ficar juntos, e sabe porquê? — A voz do ômega falhou — Por saber  que você me amava, esse foi o meu único erro, amar demais quem pouco soube me amar.

E voltou a se virar.

Porém, antes de caminhar para a saída, olhou com pena para o Kim, ao dizer: — Pode ficar com o cheque, meu filho não tem preço, e ele é único no mundo, diferente de vocês, ricos, eu dou valor às pessoas, você deve precisar mais dele do que nós. E se em algum momento você se perguntou sobre o cheque, sobre como eu me senti ao receber ele em minhas mãos, não se preocupe, ele foi só a dor final, para eu ver quem realmente você é, e quem você é, não é bonito, é falso. E eu lamento que eu tenha te amado tanto, mas mesmo no meio de tudo isso, eu sou grato Kim, mesmo com as horas sem dormir, as noites perdidas preocupado com as contas, sobre como eu criaria meu filho, eu realmente agradeço a você. Minsoo é a minha maior alegria, o motivo pelo qual vivo, e eu devo ele também a você, e você? Como se sente sabendo que escolheu não ser parte de tudo isso?

E saiu. E a visão que ele deixou para trás, não foi das melhores, o alfa que chegara ali, não era o mesmo que pouco depois saiu da cafeteria, de ombros caídos, e com olhar perdido. Celular nas mãos, enquanto discava um número, um velho conhecido, que estava fora de área.

Até se lembrar de que o Jeon disse ter deixado uma carta com o assistente de seu pai, só recordava de um único assistente, em toda carreira de Kim Yonghan, e ele era Daniel, seu padrinho e tio de Annelise.

Ele sabia onde começar.

Unforgivable Love - TaekookOnde histórias criam vida. Descubra agora