14. Bob Dylan - Like a rolling stone

575 54 116
                                    

Eddie

O sol começou a bater na janela, exposta pelas cortinas afastadas, por volta das seis da manhã. Richie dormia com a cabeça encostada no peito de Eddie. O quarto, aquela altura, estava uma bagunça. Nos quinze minutos anteriores, o celular de Richie havia tocado duas vezes, mas Eddie não quis atender, em parte pra não incomodar Richie, em parte porque não queria metê-lo em problemas, mas em parte também porque ainda sentia a satisfação e a calma que as últimas horas tinham trazido, e não estava disposto a atrapalhar a própria felicidade.

Mas quando a luz dourada do sol começou a esquentar os cobertores brancos da cama, Eddie decidiu acordar Richie. 

— Hum? — Disse ele, acordando, o rosto amassado de sono. 

— Bom dia, lindo. — Eddie disse, sorrindo. 

— Eu dormi muito tempo?

Richie mexeu-se na cama, passou a mão pelo rosto e bocejou.

— Uns vinte minutos, talvez mais. Já amanheceu. A gente precisa dar um jeito na vida, né?

— Será mesmo? — Disse Richie, e riu. 

Richie foi ao banheiro, e Eddie procurou pelo celular no quarto. Mike tinha criado, em algum momento do jantar na noite anterior, um grupo de mensagens entre eles, que tinha agora cerca de 70 mensagens não lidas. As últimas indicavam que Bev e Ben haviam pegado um táxi pra Bangor, pra então pegar o avião pra casa. 

Não tinha uma única mensagem de Myra. Eddie não sentia o menor remorso pela guerra de silêncio que os dois estavam travando. Mas começava a achar que era hora de voltar pra casa. Estava prestes a dizer isso para Richie, quando ouviu ele o chamar de dentro do banheiro. 

— Toma um banho comigo. — Disse Richie, quando Eddie surgiu na porta. 

O banheiro do quarto era claro, iluminado por uma luz branca que refletia nos azulejos brancos do chão ao teto. Havia um balcão pia e um box de vidro azulado. Richie estava dentro do box, com metade da porta de correr aberta. 

Eddie olhou-se no espelho comprido, com vergonha da própria nudez. Ele evitava se olhar no espelho excessivamente, então a própria imagem era uma surpresa. 

— Vem, Eds, traga seu corpinho pra cá.

Eddie tentou disfarçar a timidez e entrou no box com Richie. Havia um vapor quente saindo do chuveiro, preenchendo o espaço pequeno. Richie o envolveu em seus braços e o beijou, enquanto Eddie sentia a água morna escorrer por seu corpo. Toda vez que eles se beijavam Eddie se sentia um adolescente de novo, sentia a mesma corrente de eletricidade correr seu corpo. Ele se perguntava se algum dia se acostumaria com aquilo. Se perguntava se chegaria a ter tempo o suficiente para se acostumar. 

— Você não acha que a gente devia começar a pensar em como vamos voltar pra casa? — Eddie perguntou, enquanto os dois se ensaboavam com os pequenos sabonetes do hotel. 

— Achar, até acho. — Disse Richie, e fez uma pausa. — Você já quer voltar?

Eddie não queria. Mas não estava pensando nele, estava pensando em Richie, na ligação que sua agente tinha feito ontem, em seu celular tocando. Estava pensando em Myra também, e no que iria dizer a ela. 

— Ei. — Disse Richie, segurando dois vidrinhos de plástico. — Olha que coisa ridícula esses shampoozinhos? A gente devia levar todos, só por levar. Será que eles tem estoque?

Richie abriu um dos vidros do shampoo e cheirou. 

— Se bem que, Eds, tem cheiro de peido isso aqui, vamo deixar mesmo, né?

Boys Don't Cry - ReddieOnde histórias criam vida. Descubra agora