Eddie
Do chão da sacada eles foram parar no sofá do quarto. Do sofá, eles ficaram algum tempo encostados junto a parede ao lado da cama, e então deitaram-se na cama macia do quarto. Em algum momento, Richie puxou a camiseta preta de Eddie e deixou-a cair no chão. Eddie sentia uma corrente elétrica correr pela sua espinha, uma espécie de arrepio, uma euforia que tomava conta de seus sentidos.
Na cama, Richie pediu para que eles parassem. Eddie afastou seu corpo, subitamente consciente de que estava sem camisa, pela segunda vez sem camisa na frente de Richie naquela noite, e de repente teve vergonha, mas naquela altura não havia muito que se pudesse fazer.
— Tudo bem? — Eddie perguntou.
— Sim. Acho que sim. Desculpa. Eu viajei aqui por um momento.
Richie ajeitou-se na cama. Ele riu, e Eddie riu também, ainda sem saber o que fazer consigo mesmo. Ainda havia música tocando. Ainda era noite escura, e pelo relógio no pulso de Eddie, era mais de três da manhã, mas ele estava acordado, agitado, como se tivesse tomado um litro de energético barato.
— Você lembra que a gente costumava fazer exatamente isso? — Richie perguntou. — A gente ficava horas escondidos, só ouvindo música.
Eddie sorriu, pensando na ideia de que os dois naquele quarto de hotel estavam escondidos. Não era bem verdade, pois, afinal, estavam escondidos de quem? Mas parecia que eles estavam.
Eddie aproximou-se de Richie e soltou alguns botões da camisa que ele usava. Nada mais justo que os dois ficassem vulneráveis. Ele abriu a camisa, passou a mão pelo rosto de Richie, sentiu seu rosto ficar vermelho pela intimidade daquele tipo de toque. Afastou os cabelos da testa de Richie e percebeu uma cicatriz acima da sobrancelha direita, uma marca fina e esbranquiçada, em formato de meia-lua.
— Essa cicatriz nunca sumiu. — Ele disse, quando Eddie passou os dedos sobre a cicatriz. — Eu achava que ela ia sumir, não sei porque. É daquele dia na pedreira, no dia do acampamento. Acho que por um tempão eu fiquei olhando ela no espelho, esperando que fosse sumir, mas nunca sumiu.
Eddie ergueu o corpo e beijou a testa de Richie na altura da cicatriz.
— O que você está fazendo, Eds? — Richie perguntou. — Assim eu me apaixono.
— Você se apaixonaria de novo por mim?
— Não faça perguntas difíceis.
Os dois ficaram em silêncio por um momento. Já era tarde. Muito tarde. O encontro com os outros na escola parecia ter acontecido a décadas.
— Nós nunca chegamos a transar, chegamos? — Eddie perguntou.
Richie negou com a cabeça.
— Eu tinha medo. Não de fazer sexo, e não de você, mas... sabe? Do fato de que se a gente fizesse não ia ter como desfazer.
— Sim, Eds, é assim que perder a virgindade funciona.
— Não foi... claro que não foi isso que eu quis dizer, idiota. — Eddie disse, e Richie sorriu. — É só que eu sempre soube que as coisas entre nós não iam dar certo, e provavelmente iam terminar mal. Mas eu tava envolvido demais pra desistir, então eu conclui que a melhor coisa que eu podia fazer era te manter longe, então quando as coisas dessem errado... eu poderia te esquecer. Pra mim tinha que ter um limite, e eu achava que esse limite seria fazer sexo com você.
— Ah, então você tinha medo de se apaixonar por mim, Eds?
— Eu já estava apaixonado por você, Rich. Acho que eu queria me desapaixonar. — Disse Eddie.
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Boys Don't Cry - Reddie
Dragoste1989 - Richie Tozier podia ser um otário aos 16 anos, mas pelo menos era feliz. Ou pelo menos era o que pensava, sentado com os amigos em um clube escondido embaixo da terra. As preocupações da adolescência - que iriam parecer bobas em poucos anos...