10. Billy Joel - We didn't start the fire

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Richie

O beijo em si, ou os beijos em si, foram um tanto desajeitados. Como se eles estivessem aprendendo ainda os limites um do outro. Não deixava de ser um pouco constrangedor estar ali, beijando Eddie, quando já havia participado de inúmeras competições de arroto com ele. 

Sempre que pensava naquilo — em beijar Eddie, em entrelaçar seus dedos nos de Eddie, em segurar seu rosto contra o dele — ele achava que a euforia seria grande demais para seu coração. E estava certo quanto a isso. A adrenalina de beijar Eddie pela primeira vez deixou o corpo de Richie completamente arrepiado. Mas o que ele não imaginava é a paz que viria depois. A calma. O fato de que faziam meses que ele não dormia tão bem quanto naquela noite, em que dormiu abraçado em Eddie. Com a cabeça dele em seu peito. 

Ele devia ter imaginado que a noite boa de sono só poderia preceder um turbilhão de coisas que aconteceriam no dia seguinte. 

Ou, talvez, o sono bom fosse um aviso pra que ele simplesmente continuasse dormindo ali com Eddie. 

Mas não foi isso que aconteceu. Pelo contrário, às 07:15 do dia seguinte, Richie e Eddie foram acordados por uma gritaria do lado de fora da barraca. E era uma gritaria com nome e sobrenome. 

Eddie acordou primeiro.  E então, acordou Richie sacudindo-o pelo ombro. A primeira coisa que Richie viu foi o outro, pedindo que ele fizesse silêncio. 

— Rich. O Henry tá aqui fora. — Eddie sussurrou, e levou a mão a boca de Richie antes que este gritasse "Henry tá aqui?!".

"Vocês são muito imbecis mesmo, olha isso aqui que coisa fofa, uma fogueira!"

Se a voz de Henry  não fosse familiar o suficiente, o tom de zombaria seria reconhecível a quilômetros de distancia. 

"Para com isso!", eles ouviram Bill gritar, seguido por sons de Henry e os amigos chutando alguma coisa, e rindo. 

"Mas a festa não tá completa sem os outros dois não é? Onde tão o quatro olhos e o viadinho?"

Antes que Richie e Eddie pudessem pensar em alguma coisa, viram uma sombra alta preencher a lona azul da barraca e Henry sacudir toda a estrutura, fazendo parecer que tinha passado um terremoto por ali. 

Aquilo encheu Richie de raiva. Por mais que ele morresse de medo de Henry — e de sabe o que ele diria quando saísse da barraca com Eddie —, ele não merecia ser acordado daquela maneira, àquela hora e principalmente, não depois da noite que tivera. 

Richie puxou o zíper da barraca e se pôs de pé o mais rápido que fosse. Sem ver mais nada na frente, ele fechou a mão em punho e bateu o mais forte que pode no rosto de Henry. 

Um silêncio caiu na clareira. Eddie saiu da barraca, atrás de Richie. Os outros cinco Otários estavam meio encolhidos, Bill na frente escondendo Bev, Stan, Ben e Mike. Henry estava acompanhado dos dois palhaços que o seguiam para todos os lados. Eles usavam bonés e camisetas do festival que tinha acontecido em Bangor, e carregavam garrafas de bebida. Pareciam ter acabado de chegar do festival. Tinham chutado a mesa dobrável que Beverly havia montado no dia anterior. 

Richie estava esperando que Henry fosse bater de volta tão rápido que não daria tempo de respirar. Mas não foi isso que aconteceu. 

— Ah. Eu sabia! — Henry olhou pra Bev, segurando o rosto com a mão. — Por isso você não queria que eles aparecessem, né? Que coisa linda, os dois viadinhos passaram a noite juntos. O quatro olhos e o...

Henry levou a mão ao nariz e imitou o som da bombinha de asma de Eddie. 

— Cala a boca. — Richie sussurrou. 

Boys Don't Cry - ReddieOnde histórias criam vida. Descubra agora