Desde que começamos a namorar já se passaram alguns meses, meses muito turbulentos e agitados tanto para mim quanto para ele, mas foram cinco meses bons e estáveis, nosso namoro estava indo as mil maravilhas, pelo menos até um mês atrás, quando percebi o comportamento estranho de Taylor, nós não havíamos tido relações sexuais e talvez até fosse esse o motivo de seu afastamento, mas a cada dia que se passava, eu me sentia mais insegura... Ele já não me dizia se me amava e me procurava com menos frequência, eu sentia que talvez a culpa fosse toda minha, e nessas horas tinha vontade de chorar, mas eu ainda não estava pronta. Eu não estava pronta para lhe entregar algo meu além de tudo, ainda sentia que me prendia a ele cada vez mais, as coisas estavam chegando a um nível crítico e se eu não me desvencilhasse logo chegaria a um momento em que não conseguiria mais viver sem o ter presente em minha vida.
Por outro lado, era como se eu tivesse apenas Taylor, eu não havia procurado conhecer pessoas novas, não havia feito amizades e tudo rondava em volta de uma pessoa... Ele. Eu sabia que uma hora tudo teria de acabar e isso não passava de um romance de verão, um dia eu teria de dizer adeus e seguir a minha vida, assim como ele seguiria a dele.
Se teve uma coisa que aprendi durante esse tempo, essa coisa foi que homem nenhum gosta de mulher oferecida ou fácil, as mais conhecidas também como grudentas, homem só dá valor àquilo que anseia em ter, e eu já não tinha mais vida social, olha que decadência, deitada em cima de uma cama com os olhos cheios de lágrimas, enquanto o namorado está sei lá onde e com sei lá quem, e o pior nem pensando na vida no geral, pensando apenas e exclusivamente nele.
Se eu tomei alguma decisão? A decisão que tomei com toda certeza foi melhor do que qualquer decisão que já tenha tomado aqui.
Ergui-me da cama, coloquei uma calça justa, uma blusinha soltinha de seda para equilibrar o look, coloquei um scarpin preto e saí pela porta deixando apenas um bilhete avisando aonde estaria e que não precisariam me esperar acordados. Se for assim para seu filho então será para mim também, direitos iguais.
Assim que coloquei os meus pés fora daquela grande casa, vi o céu parcialmente escuro já repleto de luzes incandescentes pertencentes ao entardecer querendo trazer algumas estrelas ao mesmo. Alguns postes já haviam sido acesos e pessoas caminhavam despreocupadas sem reparar ao seu redor, mas eu era uma exceção, eu reparava... Casais de idosos demonstravam o seu amor através de sorrisos e carinhos, crianças gargalhavam enquanto apostavam corrida, adultos conversavam sem qualquer preocupação, grupos de jovens mulheres fofocavam, desabafavam e riam envoltas em suas conversas e grupos de jovens rapazes brincavam de lutinha, conversavam e tocavam melodias em seus violões.
Ao longe avistei o que parecia ser um parque, fontes deixavam o lugar completo, assim como algumas pessoas e a natureza, que era deslumbrante por si só. Sentei-me em um banco e comecei a pensar em minha antiga vida no Havaí. Sei que na grande Havaí, as pessoas não estariam tão preocupadas com a limpeza como estão aqui, ou até mesmo em respeitar o espaço do outro, que a vida seria agitada e não pacata como aqui apesar de ser um país muito desenvolvido, mas eu sinto saudade dos meus amigos, da minha mãe, do odor de poluição que era liberado em todos finais de tarde, da ausência verde e até dos meus antigos professores chatos.
Estando entretida com meus pensamentos não percebi a chegada de uma segunda pessoa, percebi somente quando encarei um par de All stars ali bem à minha frente.
- Oi, o que uma garota como você faz aqui sozinha?
- Oi... - Esperei que completasse a garota mulata a minha frente.
- Cassiele.
- Bom Cassiele. Eu estava com alguns problemas e decidi andar... - Suspirei ainda me perguntando por que estava dando explicações para uma completa estranha. Talvez fosse por que ela me passara muito confiança. - E achei este parque, me encantei com a beleza dele e decidi me sentar.
- Realmente... - Esperou que lhe dissesse meu nome.
- Amber.
- Amber, esse parque é encantador, prende até o mais desatento espectador.
- Que lindo isso. - Disse sinceramente.
- Obrigada.
- De nada, e você o que faz aqui?
- Temos algo em comum, problemas também... Posso me sentar? - Indagou mudando totalmente a direção do assunto o que me deixou surpresa.
- Claro. - Acenei positivamente com a cabeça.
- Me deixa adivinhar. - Disse colocando a mão em seu queixo. - Homens? - Indagou como se fosse óbvio.
- O que você é? Uma super mutante? - Perguntei tentando conter o riso.
- Com certeza, vim de Júpiter, não viu os meus anéis? - Perguntou entrando na brincadeira e soltando uma gargalhada gostosa, fazendo-me rir também.
Sei lá, essa garota me fazia bem e me passava uma segurança danada, acho que irei encontrar uma boa amizade na mesma.
- Quer dar uma volta? - Indaguei sorrindo.
- Qual o plano? - Sorriu travessa.
- Que tal um barzinho, ou uma balada?
Encaramo-nos e um segundo depois falamos em uníssono:
- Barzinho e balada. - Rimos.
Levantamos ao mesmo tempo e seguimos lado a lado em uma conversa estável.
- Você não é americana, é? - Indaguei.
- Não e você também não é, percebi pelo sotaque, de onde você é?
- Sou do Caribe e você?
- Portugal. Por que veio?
- Intercâmbio e você?
- Estou na casa da minha tia, esperando uma herança... - Antes que eu pudesse comentar sobre o assunto, ela olhou para frente e sorriu, mudando de assunto novamente. Cara, isso já está me assustando. - Olha aqui, chegamos.
Olhei para a o barzinho e sorri, pois ali da fachada já se ouvia uma música... E acabei por concluir: teríamos som ao vivo.
Parei e comecei a contemplar o local, era de uma linha rústica e antiga, na frente do lugar adultos maduros e jovens se misturavam. Dois pequenos postes de luz iluminavam o jardim da entrada, antes que pudesse sequer acabar minha vistoria fui arrastada para dentro. Pessoas conversavam, dançavam e casais se beijavam, passei os meus olhos por todo o salão e quando estes caíram sobre uma pessoa conhecida eu enxerguei vermelho e foi como se o mundo tivesse desabado.
ELE ESTAVA ME TRAINDO.
N(a): Eita gente, o livro está chegando ao fim, mas vamos que vamos, Amber fará falta :o
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Pela primeira vez (Concluído)
RomanceAmber que aos 18 anos resolveu fazer intercâmbio com o intuito de ser uma médica bem sucedida não contava apenas com um porém: conhecer um rapaz marrento e metido que a deixaria louca enquanto estivesse por perto. Será que ela conseguirá confiar nel...