Filho?

Eu fico

Boa leitura <3

"-Não precisa me agradecer, cuide bem dela e da criança- e o mascarado sumiu na penumbra novamente."

Konan on:

A sensação de ter algo tão pequenino crescendo dentro de mim era indescritível... Estava ansiosa para ver meu bebê, por mais que eu estivesse com 15 semanas(mais ou menos 4 meses). Era um dia comum, uma tarde preguiçosa e eu fazia uma lista do enxoval do meu filho ou filha sentada no tapete da sala, enquanto Deidara fazia algum penteado no meu cabelo.

-Já tem o que aí, Konan?- Deidara me perguntou, fazendo pequenas tranças nas minhas madeixas azuis.

-Mamadeira, chupeta, fraldas, lenços umedecidos, roupinhas, sapatinhos, um berço etc- Falei contando nos dedos tudo o que eu precisava para deixar meu filho confortável.

-Hum, acredito que eu possa presentear meu afilhado com um lindo bercinho- o loiro falou risonho atrás de mim. Nunca pensei que ouvir Deidara chamando meu filho de afilhado fosse me emocionar, mas eu já chorava abraçando o mesmo.

-Ei, tá tudo bem?- ele aperta mais o abraço

-Sim, desculpe. Ouvir você chamar meu pequeno de afilhado foi lindo, os hormônios só completaram o trabalho- expliquei, agora rindo da cara confusa dele.

-Entendo- disse, soltando o abraço e voltando a repartir meu cabelo e fazer as tranças.

Permaneci em silêncio enquanto o loiro trabalhava no meu cabelo e eu anotava tudo o que precisava, no fim, cheguei a conclusão que vou juntar algum dinheiro para pagar todo o enxoval. Suspirei, eu tinha mais 6 meses para acumular uma boa quantia para comprar uma casa e tudo mais para deixar nós dois confortáveis.

-Pronto- o loiro exclamou, me tirando de meus pensamentos- toma, vê se ficou bom- ele me passa um espelho de mão.

-Ficou bom, obrigada Deidara- agradeci, fitando as tranças fininhas que começavam na raiz, terminarem em um rabo de cavalo no alto da minha cabeça.

-De nada, fico feliz que gostou- ele diz sorrindo- Agora eu tenho que ir.

Concordei e também me retirei da sala, queria conversar com Pain sobre a minha saída da Akatsuki. Caminhei lentamente até o escritório e bati na porta.

-Entre Konan- ele disse, por um momento me assustei, mas lembrei que ele é sensorial e consegue distinguir meu chakra dos demais.

-Com licença, Pain-Sama - disse, em respeito. Passei a ser mais fria em meu tratamento com ele, assim como ele me tratou por anos.

-Hum, sente-se, o que deseja?- perguntou, fitando os pergaminhos e papéis em cima da mesa do escritório.

-Eu pretendo sair da Akatsuki- disse, direta e reta, vendo seu foco passar dos papéis para mim, notei um certo desespero em seu olhar, o que sinceramente, eu não fiz questão de entender.

-Você não pode fazer isso- ele disse, depois de um pequeno período em silêncio- É perigoso, ainda mais com você grávida e carregando o meu filho- continuou, me deixando confusa.

-Seu filho?- perguntei exasperada- Você me estapeou quando soube da gravidez, agora não venha querer dar uma de pai do ano- cuspi as palavras na sua frente.

-Konan, sei que você nunca vai me perdoar por aquilo e eu entendo isso, mas o filho que você carrega é tanto meu quanto seu e eu pretendo assumir essa criança- ele diz, pegando as minhas mãos e aninhando entre as suas.

Nem notei quando o mesmo se lançou sobre mim, me abraçando fortemente e pude ver algumas lágrimas caírem de seus olhos. Eu estava em choque, nunca vi Pain se comportar desse jeito, por um momento, senti pena dele.

-Pain, se recomponha- disse, passando minhas mãos pelas suas costas, numa forma de passar conforto.

-Você não pode ir, Konan- ele tornou a dizer, me abraçando mais forte.

-Madara não vai gostar de saber que estou grávida- Disse, empurrando levemente o alaranjado, que chorava como uma criança no meu ombro. Toda a raiva que eu sentia pelo mesmo, se transformou em amor novamente. Felizmente eu não consigo me manter fria por muito tempo, não combina com a minha personalidade.

-Eu já conversei com ele- Pain voltou a fitar meus olhos, segurando meu rosto- Disse para mim assumir, e que não faria nada contra a criança e você.

-Não sabe como isso tira um peso de minhas costas- falei, sentindo meus ombros relaxarem e abracei o alaranjado novamente.

-Pretende sair da Akatsuki ainda?- ele pergunta, passando os braços pelas minhas costas.

-Não, se Madara concordou, não vou a lugar nenhum- disse simplista, estava feliz pela primeira vez em anos, desde a morte de Nagato. Garanto que ele seria um ótimo padrinho para o meu filho.

Narradora on:

Em um canto escuro do escritório, uma certa planta permanecia parada, espionando o momento do casal. Estava intrigado, de como Pain mudou da água para o vinho quando descobriu que seria pai, deveria avisar Madara, o Plano Olho da Lua estaria correndo perigo caso o alaranjado desistisse de tudo por causa de uma criança. Se misturou na parede de pedra e sumiu, sem deixar rastros.

No quarto secreto do esconderijo, um certo mascarado estava sentado em uma poltrona, bebericando uma taça de vinho. Ultimamente vinha repensando no Plano Olho da Lua, isso era mesmo o que ele queria para o futuro? É claro, as guerras iriam acabar, mas seriam apenas sonhos vazios, que nem ao menos seriam reais.

-Madara - Zetsu surgiu do chão, ao lado de sua poltrona.

-Hum? -O mascarado resmungou, ainda absorto em seus pensamentos.

-Tem certeza que é uma boa ideia deixar Konan ter essa criança?- O lado negro perguntou, visivelmente mais irritado que o branco.

-Tenho, vai atrasar um pouco os planos, mas nada que eu não possa resolver- explicou o moreno, voltando a si e sentindo os efeitos da bebida, estava mais fechado e pensativo. Felizmente, não era o tipo de bêbado que dava trabalho.

-Deveria parar de beber- o ser respondeu, pegando a garrafa de vinho da pequena mesinha ao lado da poltrona e virando em um único gole- Não é bom para a saúde.

-O sujo falando do mal lavado...-o mascarado riu anasalado- Eu já tomei minha decisão, essa criança vai nascer e o Plano pode esperar mais um pouco.

-Certo, vou voltar para o meu laboratório- Disse desgostoso e sumiu no chão de pedra do cômodo.

-"Vou ficar de olho nele..." o mascarado pensou, se referindo ao esverdeado, afinal era um ser com duas metades e provavelmente duas opiniões diferentes.