♡Capítulo 7 - Por trás do olhar

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A tarde com minha mãe foi de fato incrível. Tenho pedido à Deus em minhas orações para ter mais tempo para minha família, pois sei que estou no último ano do ensino médio e consequentemente em breve não os verei tanto quanto posso ultimamente.

Agora estou eu aqui a noite, procurando um lugar que venda as frutas que minha mãe precisa para o café da manhã saudável do meu pai. Confesso que está difícil achar uma mercearia aberta à essa hora da noite. Minha mãe prefere comprar nelas, pois são mais baratas.

Pego o celular e pesquiso no google algumas perto de mim. Encontro duas abertas, mas vou para a mais próxima.

Quando entro procuro as frutas e levo ao caixa. Me arrependo de não ter trazido uma jaqueta, não está frio, mas está um vento bem fresco. Isso me faz deixar as mãos cruzadas aquecendo meus ombros.

ㅡ Ficou vinte um e cinquenta centavos, moça. ㅡ Informa a mulher de trás do balcão.

Entrego a nota de cinquenta reais e recebo o troco de volta, junto com uma balinha de brinde.

ㅡ Certinho. Volte sempre e tenha uma boa noite. ㅡ Diz sorrindo para mim.

ㅡ Obrigada. ㅡ Digo e me retiro do local.

Enquanto caminho pela calçada escura e frienta, acelero os passos pois já percebo meu sono surgir.

Uma pena que não deve ter algum uber bom trabalhando à essa hora. Por isso sou obrigada a vir de a pé.

Enquanto ando em direção da quadra de minha casa, tiro a balinha do papel e a coloco na boca. Amo bala de café.

Por algum motivo o pequeno embrulho voa da minha mão. Na verdade creio que o motivo é o vento.

Corro atrás do embrulhozinho antes que o perca de vista. Parece que quanto mais me aproximo, mais ele se afasta.

Para muitos meu ato pareceria idiota, mas eu posso explicar.

Quando pequena, minha mãe sempre me educou a não jogar lixo no chão, se eu deixava qualquer coisa cair ela dava um tapa em minha mão. Às vezes eu esquecia e deixava cair mesmo assim, então minha tia me contou uma história de que se eu deixasse lixo no chão ele iria ir pro boeiro e todos morreríamos afogados.

Aquilo ficou na minha mente por um bom tempo e desde então não me atrevo a deixar literalmente nada cair no chão e deixar lá.

Me estendo para finalmente pegar o embrulho, mas ele é impulsionado para frente mais uma vez pelo vento.

E lá vou eu atrás dele novamente.

E quando eu consigo pegar ele ㅡ mesmo depois de praticamente cair no chão ajoelhada ㅡ, me levanto sacudindo as vestes empoeiradas. Direciono meu olhar pra frente, e avisto alí mesmo uma espécie de loja noturna, daquelas que vende literalmente de tudo e fica aberta tarde da noite.

E Danilo está lá, sentado em um banco olhando para o nada e bebendo uma bebida esquisita. Ele parece muito triste, seu olhar está baixo e seu semblante péssimo. Eu vejo a tristeza de sua alma daqui.

Ele está tão distraído que não me viu cair. Felizmente apenas o atendente da lojinha me viu cair(já que não há quase ninguém aqui), porém ele me olhou estranhamente, mas logo voltou a mexer em seu celular.

Eu penso em falar com Danilo, é uma boa oportunidade. Se nos encontramos tanto não é por acaso. Porém acho melhor não, está muito tarde e minha mãe já deve estar preocupada, e sem contar que ele parece distante demais.

Respiro fundo e jogo o embrulho de bala na lata de lixo. Olho mais uma vez o lugar, mas em seguida me retiro e sigo meu caminho para casa.

Estou cansada de andar.

Missão de AmarOnde histórias criam vida. Descubra agora