Sr. Darcy no meu banheiro

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- Senhorita?- Ele indagou me investigando com os olhos arregalados.

Balancei a cabeça sem entender. Ele repetiu a pergunta e enfim resolvi dizer meu nome.

- Lu... Cia- gaguejei.

Darcy me analisou novamente e refez a pergunta querendo saber onde estava eu respondi atropelando as palavras de um modo que nem eu entendi e ele disse que meu modo de vestir era peculiar e inaceitável, eu não deveria me vestir daquela maneira, ah e também pediu desculpas por invadir minha privacidade- mesmo ele estando bravo estava lindo -quando avistou meu pijama curto outra vez seu rosto pálido deu lugar a um vermelho ardente, o fazendo pedir desculpas muitas vezes mais e virar o rosto.

Com toda minha estreita experiência nesse mundo antigo, sabia que na época dele estar daquela maneira não era respeitoso então eu corri para o meu quarto, foi o primeiro movimento desde que encontrei Darcy -estranhei ele me chamar de querida, mas tudo bem eu já não entendia nada mesmo- me enrolei numa colcha e voltei para o banheiro, não podia deixar ele solto sozinho pela minha casa. Mas quando entrei ele havia desaparecido.

Foi ai que me dei conta que tudo não havia passado de um sonho, voltei para o quarto e deitei em minha cama, já fria pelo tempo que fiquei no banheiro, meu irmão girou na cama, e temi tê-lo acordado, mas ele continuava de olhos fechados então fiquei relembrando aquele momento único, foi tudo tão real, claro que ninguém acreditaria se eu contasse. Não peguei mais no sono, até ouvi minha mãe se arrumando para o trabalho. Ela entrou no quarto eu fechei os olhos, com uma delicadeza ela se inclinou beijando a testa do meu irmão, em seguida a minha, se foi e fechou a porta atrás de si.

MENSAGEM DE JESSICA:

Kkkkkkkkkkkkkkk... O que você andou bebendo? Eu falo que livros são bons mas em excesso te deixou pirada hahahahaha

Foi essa a reação dela quando contei meu sonho quase real a ela.

Na escola ela não podia ver a minha sombra que caía na gargalhada e eu fiquei na minha me sentindo ridícula, porque não foi um sonho comum desses que se tem dormindo deitada, esse sonho foi diferente eu realmente fui até o banheiro, eu o vi no reflexo e depois cara a cara, e ainda pude ouvir sua voz me censurando pela minha pouca roupa. E até senti vontade de que fosse real ter o Sr. Darcy zanzando pela minha casa. Suspirei pensativa.

-Ei, o que foi?- de repente vi os olhos atentos do Gabriel colados em mim.

Eu ainda sentia muita raiva dele, embora não me pertencesse eu achei mesmo que ele fosse diferente, pois é me enganei.

- Nada- respondi seca, desviei o olhar para lousa e vi a quantidade de palavras escritas pelo professor.

Nem percebi que ele estava sentado do meu lado e a Jessica que era minha dupla estava atrás com a Lurdinha.

- Eu sentei aqui porque é melhor para copiar, tudo bem?- Gabriel justificou.

Balancei a cabeça e quando vi o sorriso malicioso no rosto de Jessica retribui o olhar com muita raiva.

E não era só a expressão dela que me irritava, mas também o fato de a Jennifer estar me encarando do lado de fora com a maior carranca do universo, eu decidi tentar disfarçar e comecei copiar a matéria, mas o professor apagou a parte que eu estava, Gabriel então ofereceu seu caderno para que eu copiasse, precisei aceitar não sabia onde colocar a cara de tanta vergonha, eu senti meu rosto corar, Jennifer furiosa imediatamente se levantou andando em minha direção, entrou na sala de aula e passou entre mim dando a volta na mesa até chegar perto de Gabriel que não tirou os olhos da lousa, ela descontente se abaixou até ficar na altura dele sentado, e com o uniforme extremamente justo e decotado- ela provavelmente cortou sozinha o colarinho que estava todo torto- e com a voz sedutora-que ela não tinha- disse:

-Gabis me empresta o apontador?- Ele hesitou, não havia motivos para querer um apontador, porém ele emprestou sem olhar para ela, que levantou triunfante, apontou o lápis- cuja ponta já era grande o suficiente- colocou as raspas do lápis na mão, devolveu o apontador a ele, fez um tchau com a mão revelando seu esmalte vermelho e saiu da sala.

Aleluia!

Durante o percurso ela andou desfilando devagar até Antonio a mandar sair da frente, e quando passou pela minha mesa, fingiu esbarrar no canto dela e assim raspas de lápis voaram por toda parte fazendo algumas grudarem no meu cabelo, meu sangue esquentou e senti uma raiva até então desconhecida para mim, mas eu me contive, e Jennifer gritou:

- Ai, menina estúpida. Essa mesa no meu caminho-ela segurou o riso - eu vi você empurrando só para eu esbarrar.

- Estúpida é você- Interviu Gabriel- Ela não fez nada, você que sujou todo o cabelo dela.

Ele virou e me olhou com compaixão, começou a tirar as sujeiras do meu cabelo, outra vez eu corei.

-Tudo bem- sussurrei mais para mim que para ele. Felizmente para meu alívio o sinal tocou e eu pude correr até o banheiro chorar sozinha de tanta vergonha e raiva.

Lurdinha e Jessica vieram logo atrás preocupadas comigo, entretanto naquele momento eu já tinha me recomposto e não deixei nenhum vestígio de lágrimas no rosto.

- Você está bem?-Jessica minha melhor amiga perguntou eu pude ver sinceridade nela.

Eu balancei a cabeça fazendo que sim.

-Vamos!- exclamei.

Pegamos nossos lanches e fomos andar ao redor das salas de aula, e passamos no lugar onde o beijo do Gabriel tinha acontecido, eu fiquei muito triste ao relembrar, mas disfarcei ao máximo.

- E o sonho, me conta mais- Jessica rompeu o silêncio.

- Ah, já contei, foi tão real porque eu me levantei da cama e fui ao banheiro ai ele estava lá, eu vi o reflexo no espelho e depois me virei e ele continuava ali.

- Mas você não disse que ficou com dor de cabeça?

Concordei.

-Então- continuou ela mastigando o pão- às vezes a dor de cabeça da alucinação.

-Sei lá, foi estranho.

- Poxa Luci esse sonho era pra ser meu, ce sabe que eu amo ele.

Ambas começamos a rir como doidas era bom finalmente poder rir.

- Espera ai, já volto eu acabei de lembrar que preciso avisar a Lurdinha de um recado. -Jessica gritou correndo e comendo ao mesmo tempo.

-Tá.

Quando fui fazer a curva pela terceira vez, sem a Jessica agora, eu trombei em um aluno dez vezes mais alto que eu.

-Ai- Gritei com o susto.

-Oh, perdoe-me senhorita Lucia eu não a vi, vejo que está mais vestida, porém não adequadamente.

O namorado dos meus sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora