Um sorriso surgiu no rosto de Logan quando ele me reconheceu. Eu também estava sorrindo e conseguia sentir a felicidade aquecendo meu peito.
- Oi, Rosie.
- Logan! - Eu não sei o que deu em mim, mas de repente eu estava abraçando ele. Ele foi o que eu mais senti falta depois que minha mãe me proibiu de sair de casa sem ela. Logan era o meu melhor amigo e de repente eu não pude mais vê-lo.
Logan estava maior. O cabelo dele ainda era lindo e loiro. Os olhos azuis dele ainda pareciam tão frios que pareceriam maus se não fosse pelo sorriso que parecia morar nos lábios vermelhos dele. Ele era bem musculoso, eu conseguia sentir os músculos mesmo através de todas as camadas de roupa.
- Rosie... nossa. Faz muito tempo que nós não nos vemos. Você simplesmente parou de aparecer. - Logan disse quando nós nos soltamos.
A culpa se infiltrou nos meus ossos e eu quis, do fundo do meu coração, contar a ele porque eu simplesmente parei de aparecer a nove anos atrás. Mas eu sabia que nunca poderia contar para ele. Eu não poderia contar para ninguém.
- Eu fiquei doente. Bem doente. Meu pai chamou um médico e ele disse que a minha saúde era muito frágil e que eu não deveria sair de casa. - Eu evitei olhar para os olhos dele, com medo que ele percebesse que eu estava mentindo.
- Aham. Claro. - Ele não parecia estar acreditando em mim, mas ele não tocou mais no assunto. - Vamos dançar? - Ele se inclinou e estendeu a mão.
- Só se você prometer que nós vamos dançar bem devagar. Eu não danço bem. - Ele pegou minha mão e me levou para onde as pessoas estavam dançando. Eu pisei no pé dele pelo menos 3 vezes, mas toda vez que eu começava a pedir desculpas, ele ria e dizia que não era nada demais. Logan dançava tão bem que meio que compensava a minha total incapacidade para dançar com aqueles sapatos. No fim, eu me diverti muito. Ele parecia ter se divertido também.
- Escuta, eu preciso tomar um pouco de ar, aqui está meio abafado, te vejo logo. - Ele acenou e sorriu para mim. Eu me afastei dele e fui em direção à varanda. Eu estava tão distraída, pensando no sorriso lindo que parecia estar sempre nos lábios de Logan, que acabei trombando com alguém.
Caramba. Duas vezes na mesma noite.
Dessa vez eu não conhecia o cara com quem eu trombei. Era um homem, devia ter uns 19 ou talvez 20 anos, tinha o cabelo preto e a pele clara. Ele era alto e tinha ombros largos, mas a coisa que mais chamou a minha atenção nele, eram os olhos castanhos tão, mas tão claros que eram quase amarelos. Eram lindos. Eram aterrorizantes. Eram iguaizinhos aos meus.
Eu perdi o meu fôlego ao olhar para os olhos dele. Mas não era só surpresa que eu estava sentindo. Por algum motivo inexplicável, eu sentia medo. Muito medo. Talvez por causa dos meus olhos serem iguais aos dele e eu ser um monstro? Talvez ele seja um monstro. Ou talvez fosse porque ele era grande e parecia que poderia me sequestrar. Seja lá qual fosse o motivo, eu saí correndo para a varanda.
Quando eu cheguei lá fora, todo o meu medo e o meu espanto foi substituído por admiração. Já tinha escurecido e o céu não tinha nenhuma nuvem. Foi a primeira vez em quase nove anos que eu vi a Lua e ela estava linda. Tinha algo nela, que me fez sentir meio... fixada por ela. Eu não conseguia tirar os olhos dela. Depois de passar quase dois minutos parada no meio da varanda, senti alguma coisa se agitar dentro de mim, como se eu fosse vomitar, ou algo do tipo.
Mas eu não vomitei. O que aconteceu a seguir me fez desejar vomitar. Eu senti a minha temperatura corporal aumentar, e um rosnado quis explodir do fundo da minha garganta. Eu comecei a sentir o sangue bombeando pelo meu corpo, como se fosse um latejar dentro da minha cabeça e nos meus ouvidos. Acho que tinha alguém do meu lado tentando falar comigo, mas eu não ouvi. Talvez fosse o cara grande de ombros largos que parecia poder me sequestrar. Talvez fosse Logan ou minha mãe ou talvez lady Prior. Mas tinha alguma coisa diferente dessa vez. Dessa vez eu não estava sentindo nenhuma dor insuportável nem todos os ossos do meu corpo quebrando. Parecia que eu estava presa naquele estágio no meio da transformação, eu não era um monstro mas também não era humana. A pessoa misteriosa que estava ao meu lado colocou as mãos nos meus ombros e disse alguma coisa, talvez para eu me acalmar ou respirar, mas eu não consegui me concentrar nela. Acho que era um homem, mas não tenho certeza. Os ombros da pessoa misteriosa estavam subindo e descendo, como se ele estivesse inspirando e expirando, então eu o imitei.
Inspira, expira. Inspira, expira. Inspira, expira. Inspira, expira. Inspira, expira. Inspira, expira.
Meus olhos se fecharam contra a minha vontade e eu perdi a consciência.
*
*
Esse capítulo foi menor que os outros, mas considerem esse e o capítulo O Vestido como um só capítulo, já que só não são o mesmo por causa do capítulo Logan Perkins.
De qualquer forma, obrigada por ler a minha história.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sob a Luz do Luar
WerewolfRose Ballard é um monstro. Ou pelo menos é o que sua mãe e seu padrasto a fizeram pensar. De trancafiá-la no porão toda noite a tratá-la como nada mais que um incômodo e um erro, eles a fizeram pensar que a coisa dentro dela que clama por liberdade...