Depois da discussão com Sirius, eu conseguia sentir meu sangue fervendo e o que eu mais queria era dar um soco no rosto perfeito dele. Mas isso provavelmente seria grosseiro, principalmente na casa dele, então eu não fiz nada, além de ficar andando de um lado para o outro na minha cabana. Eu também estava irritada com Jonathan, por algum motivo que eu não conseguia entender. Eu queria gritar com ele. Talvez socar ele também. Então quando Simon e Eamon apareceram na minha porta, sorrindo como dois garotos que tinham acabado de aprontar, e me convidaram para comemorar o aniversário de Henry, eu prontamente aceitei. Enquanto nós íamos para onde a festa de Henry estava acontecendo, Simon e Eamon ficaram me chamando de prima e me oferecendo alguma bebida, o que eu achei estranho. Não a bebida, pelo que eu vi até agora os lobisomens bebem bastante, mas sobre eles me chamarem de prima. Nós éramos mesmo primos, porque eles eram filhos de Ares, irmão de Jonathan, mas ainda assim era estranho ter primos. Nem minha mãe nem o sr. Ballard tinham irmãos, então essa coisa de ter primos ainda era novidade para mim. Quando nós chegamos na festa de Henry, um garoto que devia ter a minha idade e que talvez fosse Henry nos cumprimentou e agradeceu por nós virmos. Nós estávamos sentados em um banco perto de algumas luzes mágicas quando eu vi Sirius. Senti a minha raiva aumentar quando vi que ele estava falando com uma garota alta, com o cabelo preto e pele morena, que parecia muito bonita de longe. Como ele podia estar sorrindo e rindo com uma garota qualquer depois da nossa discussão enquanto eu estava fervilhando de raiva sentada em um banco com dois desconhecidos que por acaso eram meus parentes?
- Ei, Rose. - Eamon me chamou.
- O que foi, Eamon? - Toda a raiva que eu estava sentindo de Sirius foi transferida para ele.
- Calma aí, senhorita estressadinha. É só que você tá parecendo que precisa de uma bebida. Tem certeza que não quer?
- O que é? - Espiei o cantil dele, sentindo o cheiro. Era bom.
- Raiz de valeriana, artemísia e um pouco de álcool. Não é forte não, pode tomar. - Ele incentivou.
Peguei o cantil e tomei um gole rápido. A bebida desceu queimando a minha garganta e me fez tossir, mas era uma queimação boa, que me distraía da minha raiva de Sirius. Depois de alguns goles e algum tempo, eu estava meio tonta e com um humor bem melhor do que quando eu cheguei na festa.
Simon se levantou e foi na direção de Henry, o dono da festa. Lembrei de quando Amber Krist falou que eles estavam juntos, mas que talvez fossem terminar. Os ombros de Simon estavam tensos e Henry parecia desconfortável.
Tentei prestar atenção e escutar o que eles estavam falando, mas tinha muito barulho e eu ainda não tinha certeza de como ouvir um som específico. Eamon, ao contrário de mim, escutava com muita atenção. Cutuquei ele com o cotovelo.
- Se concentra neles e ignora o resto do mundo. - Foi só o que ele falou.
Nossa, que útil. Mesmo assim, eu me concentrei só neles e, surpreendentemente, deu certo.
"Oi, Henry. Feliz aniversário", Simon cumprimentou, com a voz bem menos animada do que quando ele falava comigo.
"Feliz aniversário? Só isso, Simon?", o garoto estava mesmo irritado com Simon.
"Você quer mesmo falar disso? É seu aniversário", Henry parecia sim querer falar disso, porque ele continuou com aquela expressão e voz irritada.
"Exatamente, Simon. É o meu aniversário, por que você está aqui? Fazendo isso? Nós não podemos ignorar isso, pelo menos hoje? Você fica longe de mim, eu fico longe de você e eu curto o meu aniversário. Amanhã, talvez semana que vem, nós discutimos sobre isso", Henry respondeu, me deixando curiosa.
Eamon se virou para mim, suspirando.
- Curiosa, né senhorita estressadinha?
- Um pouco. E aí? O que aconteceu? - Perguntei, tomando mais um gole do cantil.
- Simon e Henry começaram a ficar há alguns meses. Henry gostava bastante de Simon. Simon gostava um pouco de Henry.
- Só um pouco?
- Só um pouco. Então, uma noite há uma semana e pouco, Simon tinha bebido um pouco e ele acabou ficando com Hannah, outra garota. Henry pegou eles juntos. Desde então eles tão assim. - Eamon balançou a mão na direção deles, abrangendo toda a situação
- Amber Krist Wright me disse que eles eram fofos, mas que iam terminar. - Comentei.
- Amber Krist é uma enxerida e eles não vão terminar, eles terminaram e já faz um tempo. Agora eles tão só se enrolando. - Eamon respondeu, tirando outro cantil de dentro do casaco.
- Quantos cantis você tem? - Tomei outro gole do meu cantil. Quando eu fui tomar outro, não tinha nada lá.
Ué. Alguém roubou a minha bebida.
- Três e o Simon tem dois. - Ele respondeu. Meu primo tirou outro cantil de dentro do casaco e me entregou. Ele pegou o cantil vazio e se levantou.
Eamon foi até Simon sorrindo e rindo e disse algo para o irmão, então os dois saíram de perto de Henry.
Suspirei e olhei ao redor, tentando encontrar algo para fazer. Vi Sirius com a garota de cabelo preto, rindo e falando com ela. Abri o cantil de Eamon e tomei um gole grande, irritada.
Eu estava irritada com Sirius, com Jonathan, com a minha mãe, com o sr. Ballard, com Anastácia, com os meus novos parentes, com Logan, comigo mesma.
Me levantei e fui dar uma volta, para não correr até Sirius e dar um soco no rosto perfeito dele. Nós estávamos na frente de uma cabana bonita, com um telhado reto, várias janelas e portas de correr feitas de vidro. Todas as portas estavam abertas, mas a casa estava vazia. Entrei, já que a casa estava vazia, eu não poderia socar ninguém. Fiquei andando em círculos pela sala, de tempos em tempos bebendo um gole do cantil de Eamon. Um barulho perto da porta fez eu me virar naquela direção. Um garoto, que não parecia ser muito mais velho do que eu, com a pele pálida, cabelo preto, olhos amarelos e um nariz com algumas sardas, estava parado na porta, me encarando. Era Henry, o ex-namorado de Simon.
- Ei, você tá bem? Você tá com uma cara meio louca. - Ele se aproximou devagar, como se eu fosse pular em cima dele e atacá-lo.
- Eu tô ótima. É só que homens são idiotas. - Eu parei de andar pela sala e Henry se aproximou um pouco mais, menos tenso.
- Ah, sim. Realmente. Nisso eu concordo com você. Qual o seu homem idiota?
- A pergunta certa é qual não é o meu homem idiota. Todos os homens que eu conheço são.
- Então vamos corrigir isso. - Ele se aproximou de mim, mais relaxado agora. - Henry Montclaire, de uma alcateia massacrada de Briarcliff. - Henry estendeu a mão.
Apertei a mão dele.
- Rose Ballard, de nenhuma alcateia em Pennhallow. - Senti que ele ia fungar para mim, então me apressei para dizer o que ele descobriria sentindo o meu cheiro. - Eu sou a filha do Jonathan.
- Isso eu já sabia. - Vi as narinas dele se dilatarem, mas ele fungou de um jeito muito mais discreto que as outras pessoas. - Você está fedendo a álcool.
- É porque eu bebi um cantil do Eamon. - Levantei a garrafinha, para mostrar que eu não estava mentindo.
- Um cantil inteiro?
- Acho que alguém roubou a minha bebida, mas o Eamon me deu esse.
- Isso é forte. Vem cá, senta no sofá e conta porque você está bebendo qualquer coisa que Eamon ofereceu. - Henry me guiou para o sofá.
E, aparentemente, quando eu bebo eu perco um pouco o controle da minha boca (de novo), porque eu comecei a falar sobre toda a minha vida. Tipo, tudo.
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Sob a Luz do Luar
Manusia SerigalaRose Ballard é um monstro. Ou pelo menos é o que sua mãe e seu padrasto a fizeram pensar. De trancafiá-la no porão toda noite a tratá-la como nada mais que um incômodo e um erro, eles a fizeram pensar que a coisa dentro dela que clama por liberdade...