Capiítulo IV

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O último semestre do meu 2° ano na Udesc foi completamente arruinado por Leandro. Posso afirmar com absoluta certeza: a única coisa boa que tive durante aqueles meses, foi a minha viagem para São Paulo nas férias de fim de ano.

O meu 3°ano também começou muito ruim. Como eu já havia dito, depois do episódio na cozinha Leandro mal falava comigo. Mas, por outro lado, ele começou a arcar com todos os custos do meu apartamento, por isso fui guardando o meu salário inteiro, todos os meses, a partir daquele ano.

Em março de 2010, surgiu o boato na Udesc de que o Muralha estava me traindo. Eu realmente não dava a mínima para as traições dele - na verdade, eu achava bom porque ele tinha alguém pra aliviar o tesão e não chegava mais perto de mim - mas, algumas pessoas começaram a desconfiar que havia algo estranho no nosso relacionamento. Como esperado, Alice veio me perguntar o que estava acontecendo e, por medo, eu não disse nada, acabamos discutindo feio e não nos falamos mais.

Perder a amizade de Alice foi doloroso, mas fazê-la achar que eu não confiava nela, foi horrível. A amizade dela era tão importante pra mim que acabei me afastando de todos depois disso, voltei a ser aquela pessoa fria de 3 anos atrás. As únicas coisas que me interessavam eram o trabalho e a faculdade, nada além disso.

No dia 19 de maio, uma empresa que gerenciava obras de arte, muito famosa no Brasil, me ofereceu o estágio perfeito. Tive que largar o meu emprego na loja para ocupar o cargo, mas como seria remunerado, não haveria problemas.

Minha última entrevista antes de começar a trabalhar seria em particular, com o presidente da empresa: Edgar Gonzáles. Ele me ia me dizer qual cargo iria ocupar, que horas eu começaria, o que teria que fazer e etc.

Era dia 25 de maio, acordei às 7:30 da manhã, tomei um banho rápido para afastar o sono, vesti uma saia lápis preta, uma camisa social branca e uma sandália de salto fino não muito alta, optei por deixar meu cabelo solto, passei apenas gloss e rímel. Antes de sair do banheiro, fechei os olhos, apertei o pingente do meu colar como de costume, e tentei trazer a paz da minha mãe para dentro de mim. Peguei meu óculos de grau, minha bolsa, e saí do quarto.

Ao chegar na cozinha, vi Leandro sentado na mesa. Quando me aproximei um pouco mais, ele fez mansão de se levantar para sair do cômodo.

— Não precisa levantar, - disse enquanto partia o bolo - já tô saindo!
Ele se sentou novamente.

— Tá nervosa? - perguntou em um tom receoso.

Fiquei um pouco surpresa por ele dizer aquilo, fazia semanas que eu não ouvia a voz de Leandro.

— Um pouco. - me encostei na pia.

— Não precisa, você sabe que esse estágio já é seu. - ele sorriu de leve ao me encarar - Você está linda!

— Obrigada! - disse enquanto limpava as mãos.

— Quer que eu te leve?

— Acho melhor não, tenho que saber como funcionam as linhas de ônibus que vão para lá.

— Como quiser! - dei alguns passos para sair da cozinha e ainda sentado, Leandro segurou minha mão gentilmente, com intuito de me fazer encará-lo - Boa sorte, e tenha cuidado!

— Obrigada. Vou ter! - sorri de leve e saí de casa.

Durante o trajeto, acabei perdendo um dos ônibus pela confusão que fiz com as linhas, mas ainda assim consegui chegar na G-Arts com 20 minutos de antecedência. Ao entrar no hall da empresa, fui em direção à recepcionista.

— Bom dia, Srta. Fernández!

Eu já havia dito muitas vezes para Mercedes me chamar apenas pelo meu nome, mas ela achava melhor me tratar com mais formalidade.

Secrets of the dark journeyOnde histórias criam vida. Descubra agora