A viagem foi tranquila, consegui acabar com aquele medo antes de pousar em Florianópolis. Ao sair do aeroporto resolvi pegar um táxi, não estava me sentindo disposta para ir de ônibus.
Quando cheguei em meu apartamento, me deparei com quase todos os cômodos mobiliados.
— Não foi assim que eu deixei você! - falei como se o apartamento pudesse me responder.
Meu celular vibrou dentro da bolsa e, ao pegá-lo, sorri de canto ao ver que era minha prima me ligando.
— Pode começar Letícia, quem comprou tudo isso?
— Meu pai quis te presentear pela conquista!
— Passa o celular pra ele.
— Oi Aksa, tudo bem? Como foi a viagem?
— Para de ser cínico Luiz, a Letícia já me falou que foi você que pagou por tudo isso! - falei rindo pela cara de pau dele.
— Letícia sua traíra, você me paga! - ri mais alto ao escutar aquilo - Tá bom, eu assumo, fui eu que mobiliei sua casa. Gostou?
— É claro que eu gostei, na verdade, eu amei. Mas, não era pra você gastar dinheiro com isso, Luiz. A gente tinha combinado que eu ia comprando os móveis aos poucos.
— Você combinou isso com a sua tia, não comigo. Esse é o meu presente pra você! - ele frisou bem a palavra "meu" - Sem discussões, eu já comprei e não tem como devolver. Agora é só você decorar o apartamento do jeito que você quiser!
— Eu ainda não tô acreditando que você fez isso!
— Pode acreditar princesa, eu fiz!
— Obrigada mesmo.
— Por nada, agora vai descansar porque sua voz tá até arrastada! - sorri de leve, estava mesmo cansada - Boa noite, liga pra gente amanhã!
— Boa noite, tio. Até amanhã.
Desliguei a chamada sem nem falar com o resto da família, precisava dormir, mas como ainda era 21:30 tomar um banho quente e depois pedir um lanche, já que não tinha comida em casa. Terminei de comer por volta das 23:00, arrumei a cozinha e, finalmente, fui dormir.
O sábado passou bem rápido, fui ao supermercado e fiz compras, cheguei e liguei pros meus tios - dessa vez falei com todos eles. Já no domingo resolvi sair um pouco de casa, andei sem rumo pela cidade, já que as aulas e meu novo emprego começariam na segunda-feira, queria relaxar um pouco antes de voltar a rotina agitada.
Acordei às 5:20 para correr o risco de me atrasar, levantei, escovei os dentes, arrumei meu cabelo e fui para a cozinha tomar café, quando terminei voltei pro quarto, vesti uma calça jeans preta e coloquei o uniforme: uma camisa social branca com botões pretos e a logo da loja no bolso que ficava do lado esquerdo da blusa.
Como eu não sabia me maquiar muito bem só passei rímel e um gloss labial, coloquei um par de saltos pretos dentro da bolsa e saí de casa às 6:45. Finalmente, depois de pegar três ônibus em horário de pico, cheguei ao meu destino por volta das 7:45.
Como ainda tinha 15 minutos para respirar antes da loja abrir, subi as escadas com calma e fui direto pra sala da dona da loja antes de dar início às vendas.
Poucos segundos depois de bater, abri a porta e me deparei com uma mulher loira, alta, magra e com olhos incrivelmente escuros, cuja não aparentava nem um pouco ter 36 anos. Seu rosto era doce, tinha um toque angelical nele, parecia ser bem meiga.
— Oi Aksa, tudo bem?
— Estou bem e você, Sra.Ferraz?
— Vou me sentir bem melhor quando você parar de me chamar de "senhora". Sei que é por respeito, mas me incomoda. Me chama só de Ângela, ok?!
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Secrets of the dark journey
RomanceQuão forte somos, afinal? É real que toda dor traz ensinamento ou é apenas uma forma bonita de docilizar traumas e normalizá-los? Quantos traumas uma pessoa consegue superar? Ou melhor, com quantos traumas uma pessoa consegue conviver? Aos atorment...