Capítulo VIII

230 22 13
                                    

Acordei com o som do meu despertador, como de costume. Fiz toda a minha rotina matinal, vesti uma saia lápis branca, uma blusa regata de seda na cor preta, escolhi um salto preto e desci as escadas. 

— Bom dia, Celeste! - disse enquanto pegava uma maçã.

— Bom dia, Aksa. Dormiu bem?

— Na medida do possível. - sorrimos juntas e eu me encostei na pia - Celeste, posso te fazer uma pergunta?

— Claro. - me olhou rapidamente.

— Você sabe o que aconteceu com o Rodrigo? - ela me lançou um olhar de dúvida - Ele tem sido grosso comigo nesses últimos dias, sendo que nós estávamos conversando numa boa.

Já faz uma semana que eu estou morando nessa casa, mas depois de uns dois dias que eu me mudei, o Rodrigo começou a ser grosso comigo sem motivo aparente. Não comentei nada com ele, mas aquilo já estava me incomodando!

— O senhor Rodrigo tem essas fases, Aksa. - ela disse sem tirar os olhos das louças - As vezes ele está estressado por causa do trabalho, aí ele dá esses surtos de grosseria.

— Espero que isso não dure muito tempo. Não sei lidar muito bem com surtos ou mudanças repentinas de humor!

— A personalidade do senhor Rodrigo é meio complicada, mas, não foi sempre assim. - ela pareceu um pouco perdida em suas lembranças - O passado e a família dele são dois assuntos um tanto quanto problemáticos; ele ainda tem cicatrizes abertas e usa a grosseria como forma de escond...

— Tive que voltar para pegar uns papéis e passei para avisar que eu não vou jantar em casa hoje, Celeste! - a voz grossa de Rodrigo ecoou pela cozinha me assustando um pouco.

Por estar com os braços cruzados e uma expressão não muito boa, tenho certeza que Rodrigo já estava parado ali há algum tempo.

— Tudo bem, senhor Rodrigo! - Celeste disse se virando para ele.

— Bom dia, Aksa! - ele disse ainda com a voz grossa. 

— Bom dia. - respondi e me desencostei  da pia - Eu preciso ir!

— Você vai almoçar em casa, Aksa? - Celeste me perguntou.

— Vou sim! - sorri e passei por Rodrigo, que ainda tinha uma expressão não muito amigável.

Fui para a Empresa, pensando no que a Celeste havia falado.

  O que será que Rodrigo esconde em seu passado?

  Terminei de arrumar o que eu precisava por volta de 12:15, estava pronto para voltar à delegacia quando escutei o barulho do Audi da Aksa sendo estacionado na garagem.

Merda!

Coloquei meu óculos de sol e desci as escadas em um ritmo rápido, torcendo para que ela não notasse e nem comentasse nada.

Ela passou por mim com um sorriso, mas não retribui. Peguei minhas chaves em cima do rack e abri a porta da sala, mas antes de sair, escutei sua voz.

— Cadê a Celeste? - parei ainda de costas e respirei fundo.

— Ela não trabalha mais aqui! - respondi secamente quando me virei.

— Demitiu ela? - sua expressão mudou de um jeito drástico - Me responde.

— Isso importa para você? - ela veio andando em minha direção, enquanto eu colocava as mãos no bolso.

— É claro que importa! - ela estava nitidamente estressada, mas não levantou a voz - Demitiu ela pelo que ela me disse na cozinha? Sobre o seu passado?

Secrets of the dark journeyOnde histórias criam vida. Descubra agora