Capítulo VI

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Abri os olhos bem devagar porque eles estavam pesados demais. A claridade repentina me fez querer voltar a dormir, mas pisquei algumas vezes para me acostumar com ela.
Minha visão ficou um pouco embaçada durante alguns segundos, depois voltou ao normal, e só então percebi que estava em um hospital.

Tentei falar alguma coisa, mas meu corpo não obedeceu. Olhei um pouco para baixo e vi minha tia Teresa sentada ao meu lado na cama, acariciando meu braço.

  — Oi, meu amor. - ela sorriu e eu consegui ver seus olhos marejados.

  — Boa tarde, Aksa. - o médico disse enquanto se aproximava - Preciso fazer uma rápida avaliação em você, depois disso descanse.

Antes mesmo do médico sair do quarto, senti meu corpo exausto, mesmo sem ter dito uma palavra, e acabei dormindo novamente.

Quando acordei, senti algumas dores fortes no corpo, mas, estava me sentindo um pouco menos cansada. Ao ver que minha tia ainda estava sentada ao meu lado, tentei falar com dificuldade:

— O que aconteceu? - minha voz parecia um sussurro.

— Bom, - ela se preparou para falar - você sofreu um estupro, foi espancada e passou por algumas cirurgias, por isso teve que ficar em coma induzido por duas semanas.

— Como vim parar aqui?

— Um homem trouxe você. - ela pegou uma bandeja - Tenta comer um pouco, você precisa de forças. Depois o médico vai te explicar tudo!

Só consegui comer duas horas depois de acordar, ainda estava tentando digerir tudo que tinha acontecido. Havia curativos, hematomas e faixas por todo meu corpo; cada parte de mim doía de uma forma quase insuportável.

A cada segundo, as imagens do acontecido apareciam com mais clareza em minha mente, era impossível esquecer ou me distrair. Minha tia estava tentando me fazer sorrir, quando o médico entrou pela segunda vez na sala.

— Boa noite Aksa, preciso te avaliar mais uma vez!

— O que aconteceu durante o tempo que eu estava em coma? - perguntei assim que ele terminou a avaliação.

— Você precisou passar por duas cirurgias para a reconstrução de alguns dos seus ossos. Três costelas quebradas do lado direito, uma quebrada e duas trincadas do lado esquerdo, ossos do rosto um pouco danificados, maxilar deslocado,  fêmur fraturado. Você também precisou passar por uma cirurgia na área do canal vaginal, devido ao grande estado de danificação. O coma induzido foi preciso, para você não sentir tantas dores!

Aquelas palavras fizeram o interior do meu corpo tremer. Não conseguia tirar as imagens da minha mente, e a cada flash de lembrança que surgia, eu sentia calafrios de puro medo.

— Vou deixar vocês duas a sós. - o médico se virou para sair do quarto.

— Posso te fazer mais uma pergunta, doutor? - ele fez que sim com a cabeça - Quem me trouxe até aqui?

— Um homem, mas ele não deixou identificação!

Respirei fundo e, como de costume, coloquei a mão no peito para apertar meu pingente, mas, não senti nada.

— Cadê meu colar? - perguntei enquanto passava a mão pelo pescoço de forma aflita.

— Você chegou aqui sem acessórios! - o médico disse antes de sair.

— Não, não, não. Ele não! - meus olhos se encheram de água e coloquei as mãos no rosto.

— É só um colar Aksa, você compra outro depois! - minha tia disse quando me viu chorando.

Secrets of the dark journeyOnde histórias criam vida. Descubra agora