33. O Beijo

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Não sei qual era a minha relação com ela antes de eu perder a memória, mas sinto uma... forte atração por essa mulher, um pouco estranho eu sentir isso por uma pessoa que 'nem sei quem é', sinto a necessidade de ir além de uma atração...

Não parece que uma pessoa como eu falaria isso, mas acho que me apaixonei...

Isso é normal? Acredito em amor a primeira vista, mas me parece que tínhamos algo além de beijos no passado.

Estilhaços de memórias passam pela minha cabeça.

Estou em um deserto, correndo de algo, foi apenas isso que me veio.

Zule, eu... vou tomar um copo de água, já volto.

A moça loira sai do quarto, acho que ela ainda tá processando o que aconteceu... Não me arrependo, faria de novo. E aquela tal de Helena... Que mulher louca do caralho, eu deveria ter matado ela, ela deveria agradecer por ainda estar viva.

Me levanto da cama e começo a andar pelo quarto, é realmente muito bom esticar as pernas depois de muito tempo deitada.

E novamente, me veio mais estilhaço de memória.

Veio tão do nada que tropecei no vento.

Estou numa espécie de trailer com umas luzinhas, parecem luzes de Natal. Tem uma música de vibe boa tocando no fundo, isso foi tudo que me veio.

Me pergunto se vou tropeçar mais vezes no vento quando vier mais memórias, espero que não.

Depois de um tempo perdida e conversando comigo mesma, percebo que a moça loira esta demorando pra voltar.

Abro a porta do quarto e me deparo com a tal Helena enforcando ela com o braço.

Ei filha da puta, imitar a forma de transmitir amor dos outros é plágio.

Cala a boca, Zulema. Isso é pelo que você fez comigo.

Me aproximo de Helena lentamente.

Que foi? Não gostou do meu amor? Poxa, queria tanto a segunda rodada... Quem morrer primeiro, perde. Que tal? Uma aposta até meio injusta, já que a sua vida não vale nada.

Helena solta a moça loira, fazendo-a cair no chão.

Quer saber? Eu aceito essa sua aposta de merda. Suas chances de ganhar é bem pouca... Mas com uma condição, se eu ganhar, me deve um beijo.

Então já pode preparar o pescoço, vai ser bem rápido...

Você que prepare a boca, vou deixar você viciada em mim...

Uma mulher de cabelo preto aparece.

Já acabou o showzinho? Porra, Macarena está desacordada por culpa dessa filha da puta! E que caralhos vocês estão fazendo? Parece duas crianças brigando por doce.

A moça do cabelo preto pega Macarena no colo e coloca em cima de minha cama.

Maca, acorda! Maca! Maca! Porra, alguém chama um médico!

— E porque eu faria isso?

A moça de cabelo preto anda em direção a Helena.

Você está em desvantagem nesta sala, Zulema poderia facilmente te matar em segundos... Então se eu fosse você, iria chamar um médico pra poupar essa sua vida de merda.

Zulema nunca faria isso, ela me ama.

Eu? Te amar? Não, você parece ser aquele tipo de pessoa que poderia humilhar a própria mãe pra agradar os outros, e esse tipo de pessoa me da nojo, você me dá nojo. Então, se você não ir fazer um pequeno favor que pode poupar a sua vida inútil, enfio essa cama no seu cu.

Você não f--

Agora.

Helena sai do quarto, confesso que vou sentir falta de fazer ameaças a ela.

Pouco tempo depois, uma médica aparece.

O que aconteceu? É algo com Zulema?

Não, Zulema está bem. É a M--

Desculpe, mas eu só estou encarregada de cuidar de Zulema Zahir, não posso ajudar vocês.

Não, você vai fazer o que ela pedir, ou você quer que eu faça você se arrepender de dar a sua vida de merda pra cuidar de mim? Faz o que ela mandar.

Mas eu n--

Agora.

A mulher faz o que mando, Macarena acorda.

A médica sai da sala.

Macarena? Você está bem?

Tô.

Vou atrás de Helena, tenho coisas pra resolver com ela.

Que coisas? Aquela sua aposta de merda? Você é estranha, Zulema.

Agora preciso ir.

Macarena

Eu estava bebendo água, quando sinto um braço em volta de meu pescoço, era Helena. Fiquei um tempo lutando contra suas ações, mas não resisti, desmaiei.

Acordo neste quarto, provavelmente é de Zulema.

Acho melhor você descansar, não se preocupe com Zulema, ela sabe o que ela tá fazendo.

Por um lado, eu quero dormir, me sinto um pouco fraca. Mas por outro, eu não quero, quero me certificar que Zulema esteja bem, eu prometi a ela que iria cuidar melhor dela, eu não me perdoaria se algo de ruim acontecesse com ela.

Onde Zulema foi?

Atrás de Helena, terminar o que elas não terminaram no corredor.

E o que elas não terminaram no corredor?

Não importa, agora descansa.

Não, mas eu preciso s--

Descansa.

... Tabom.

Me aconchego na cama, ela tem o cheiro de Zulema.

Helena

Estou de costas, pegando água no filtro quando escuto uma voz.

Não acha que vai fugir tão rápido... É tudo ou nada.

Por que acha que estou fugindo?

O jeito que você segura o copo, está tremendo.

A-acha que estou com medo de você?

Agora está gaguejando, são sinais claros de que você está com medo.

Fico de frente pra ela.

Por que não me da uma chance?

Chance de quê?

Me da uma chance de... sabe... ficar comigo.

Eu já disse, não gosto do tipo de pessoa que você é.

Eu posso mudar, eu--

Pessoas como você, já nascem assim, porcas, imundas, sem o senso.

Faço qualquer coisa por você, só me da uma chance.

Tá vendo? Mais um motivo de não gostar de você. Você seria capaz de se rebaixar pra agradar às pessoas que gosta, isso não é certo, Helena. A pessoa tem que gostar de você como você é, e não mudar por elas, aprende isso.

Ela se vira e começa a ir pra algum lugar.

Onde você vai? Ta recuando?

Você já perdeu essa batalha faz tempo, continuar, seria burrice.

[...]

Depois de El OásisOnde histórias criam vida. Descubra agora