Logo depois do almoço, Aileen entrava no imponente prédio onde localizava-se Silverstone Companhia Marítima, não muito longe das docas. Sally a acompanhava contrariada, mas dessa vez não estava disposta à ouvir um sermão sobre como uma jovem na sua posição não deveria ir ao encontro de um cavalheiro como Damien Silverstone, como toda sua beleza e charme, e a má fama que ele parecia se esforçar para que ficasse cada vez pior. Ele havia sido ousado ao lhe entregar aquele cartão antes de deixar a residência do Sr. Benson. Estava desesperada, tinha que evitar aquele arranjo, não poderia, nem era de maneira nenhuma seu desejo casar-se com o influente e pretencioso advogado, e ouviria sim, se o Sr. Silverstone tivesse alguma brilhante ideia de como evitar tal desatino. Desta vez vestia-se de acordo, respeitando o luto pela morte do pai, ainda que na noite passada, e ela não se orgulhava disso, tivesse a intenção de fazer algum cavalheiro se interessar em fazer-lhe a corte, e claro, concordar com o casamento até o final da semana.
Tentava manter a calma, não havia como conversar com um importante homem de negócios à beira de um ataque de nervos, e enquanto Sally ia até o balcão anunciar a recepcionista que Lady Aileen Ballard era aguardada pelo Sr. Damien Silverstone, aguardava no hall. O lugar tinha uma elegância formal, tipicamente masculina, cores sóbrias, e ainda assim podia-se notar que a fortuna da família parecia estar marcada nos detalhes. As luminárias, os tapetes, havia mármore por toda parte, o lugar parecia exalar riqueza.
Aileen viu Sally voltar, acompanhada pela jovem senhora que a havia atendido, ela sorria cordialmente e dirigiu-se a ela com deferência:
- Lady Bellmant, é um prazer recebê-la - disse a mulher, que usava um vestido discreto, azul escuro - o Sr. Silverstone a aguarda, por favor, venha comigo.
- A senhora tem certeza que não estou interrompendo algum compromisso importante do Sr. Silverstone? - perguntou Aileen, incerta.
- De maneira alguma, milady - disse a mulher, atenciosa e sorrindo - O Sr. Silverstone deixou claro que assuntos referentes à Bellmant eram prioridade para ele - e então continuou - e que deveriam ser tratados com extrema discrição.
Seguiu alguns metros por um corredor amplo e bem iluminado até chegarem à um elevador. Aileen já havia entrado em um, mas Sally, ela percebeu que ficou um pouco receosa, o que a fez pensar que ainda haviam poucos lugares que tinham aquele tipo de equipamento. Em pouco mais de minutos chegaram ao destino, que a recepcionista explicou ser o último andar do prédio, onde se localizavam as salas de reunião, e dos Silvestone, tanto pai, como filho. Uma das secretárias levantou-se prontamente quando as viu chegar, e as duas funcionárias trocaram algumas poucas palavras antes de Aileen ser levada à sala à sua esquerda.
- Milady, por favor, acompanhe-me - disse ela, muito profissional, em seguida abrindo a porta do escritório - Sr. Silverstone, creio que o senhor gostaria de saber que Lady Bellmant já está aqui - a mulher aproximou-se da mesa, onde Damien parecia concentrado em meio a documentos e relatórios.
Ele voltou seu olhar para Aileen, por longos segundos, e depois levantou-se. Parecia bem informal, não usava o paletó e a gravata estava frouxa, as mangas da camisa dobradas, arrancando um discreto murmúrio de desagrado de Sally, pois para ela aquela não era a maneira adequada de receber alguém como sua jovem senhora.
- Lady Aileen - ele disse aproximando-se sem tirar os olhos da moça, logo em seguida tomou-lhe a mão e a beijou, e ainda que muito respeitoso, Sally deixava claro que não gostava de suas maneiras.
- A senhora pode me acompanhar, creio que deixaríamos Lady Aileen e o Sr. Silverstone mais à vontade - disse a secretária, julgando que a presença de Sally ali poderia ser um tanto inconveniente.
- De maneira alguma! - disse Sally, obviamente tomada de indignação.
- Está tudo bem, querida Sally - disse Aileen, ela achava que a presença da criada não fosse adequada durante o que ela própria considerava uma reunião, inclusive temia que se os interrompesse, poderia demorar-se ainda mais, e teria que explicar a sua mãe por onde estava em uma dia frio, em plena segunda - feira depois de ter se tornado o assunto da sociedade londrina.
- Srta. Branner, porque não leva a Sra. Duncan para tomar um café? - sugeriu Damien diante do olhar desconfiado de Sally - Temos um restaurante junto ao terraço, a vista de lá é muito bonita, e tenho certeza que Chef Sullivan preparou algumas tortinhas de chocolate - ele olhou para Aileen rapidamente - a senhorita deseja alguma coisa?
A Srta.Branner voltou-se para Aileen, oferecendo à ela algumas das opções, como chá, café, chocolate quente, às quais ela recusou educadamente.
Enquanto observava Sally saindo ainda incerta da sala de Damien, Aileen deu-se conta que agora era somente ela e o misterioso Sr. Silverstone. A curiosidade que tinha à respeito do que o levou a entregar-lhe aquele cartão estava firme em seus pensamentos novamente, e enquanto Damien falava com a outra secretária e assinava algum documento, reparou que a mesa parecia organizada, havia uma grande estante, um confortável sofá, poltronas, um belo tapete em frete à lareira, que estava acessa. Um copo de wishky em cima da lareira, a fragrância marcante do perfume que ele usava. Definitivamente, podia imaginá-lo trabalhando por horas ali, pois o lugar combinava com Damien.
- Desculpe-me, tive que deixar tudo certo para que não me interrompam novamente - ele disse, indicando o sofá - acho que milady se sentirá mais à vontade se não estiver olhando para todos esses papéis - um sorriso brincou em seus lábios, e Aileen assentiu.
- Gostaria de me desculpar pelo horário - ela disse, olhando diretamente para Damien - minha mãe não sabe que estou aqui. Ela não teria me deixado vir se soubesse - tudo o que ela não gostaria era sentir-se culpada, mas não gostava da sensação de estar escondendo algo da mãe.
- Acredito que sua mãe estaria certa em proibir milady de vir me encontrar - Damon assumiu uma postura relaxada, ligeiramente inclinado, passou a mão direita pelos cabelos negros, e então olhou em seus olhos - mas posso lhe garantir que a senhorita está segura em minha companhia.
Ela não conseguia avaliar se isso era bom porque ele não ameaçaria sua honra, ou se a considerava tão insignificante que não perderia seu tempo tentando impressiona-la. Qualquer que fosse a opção, fez Aileen perguntar-se por que ele pareceu desviar seu olhar do dela tão repentinamente, dando a ela a impressão de não querer prolongar aquela conversa. Ele parecia querer ocultar sua impaciência, e ela só conseguia pensar porque havia dito para encontrá-lo se parecia um sacrifício que estivessem no mesmo ambiente.
- Eu gostaria de saber, o que o senhor quis dizer com aquela mensagem - Aileen disse, e o viu olhar atentamente para ela.
- Que eu tenho o que milady precisa - ele repetiu o que havia dito na noite em que lhe entregou o cartão, Aileen parecia novamente estar confusa, julgando que ele mal a conhecia para falar com tanta propriedade sobre o que precisava ou não.
Continua...
Olá, leitor (a)!
Aqui está mais um capítulo, espero que gostem!
Aguardem a continuação, prometo fazer valer à pena;)Mia❤
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Um Acordo Para Aileen - Série Coração De Plebeu - Livro 2
Historical FictionA jovem Lady Aileen deveria estar se preparando para sua primeira temporada, e era esperado que arrebatasse corações de jovens cavalheiros com sua beleza e graça, mas o falecimento de seu pai, o Conde de Bellmant, Dorian Ballard mudou não somente su...