Capítulo 8 - Parte 2

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Aileen viu Lady Emilly entrar em seu quarto, enquanto decidia que joias usar em seu casamento, além é claro dos belíssimos brincos com os quais havia sido presenteada pela Sra. Silverstone. Pelo espelho viu a mãe dar algumas ajeitadinhas na colcha de sua cama, como se algo a estivesse incomodando. Depois, arrumou as almofadas nas poltronas, em um sinal claro de ansiedade. Quando Emilly voltou a fechar a cortina que havia afastado, Aileen levantou-se e olhou para ela, que fingiu não notar.

- Mamãe... - Aileen disse chegando perto da condessa - algum problema?

- Sim, um dos grandes na verdade...

A jovem apontou as poltronas e sentou-se também, vendo os lábios da mãe crisparem quase em uma careta antes que ela começasse a falar:

- Eu não imaginava - ela fez uma pausa, respirou fundo e então continuou - querida, eu realmente pensava que quando tivéssemos essa conversa, você teria passado por pelo menos duas temporadas - Emilly riu nervosamente - oh, Deus...

- Conversa? - Aileen perguntou sem entender o porquê do nervosismo da mãe.

- Sim. É minha obrigação como mãe, hum... esclarecer você sobre o que acontece entre um casal depois do casamento - ela empertigou-se, pronta para começar a falar quando viu o enrubescer do rosto da filha e uma risadinha nervosa - minha nossa! Você ...

- Sim! - disse Aileen, que estava começando a achar que a mãe ia desfalecer pois seu rosto estava lívido - duas vezes!

- Meu Deus, Aileen! Eu disse ao Sr. Silverstone que cuidasse de você, e não que a desonrasse!

- Hum... me perdoe, mamãe - Aileen ajoelhou-se na frente de Emilly, que tremia de nervosismo - mas, sem querer, algumas vezes vi a senhora e o papai se beijando, não achei que isso seria um problema.

- Espere... oque afinal de contas você e o Sr. Silverstone fizeram? - Emilly encarou a filha começando a entender o que eles haviam feito.

- Nos beijamos, oras - a jovem franziu o cenho - era sobre isso que a senhora queria falar?

Aileen viu a mãe rir discretamente e sentiu que suas mãos relaxaram enquanto a abraçava carinhosamente, e mesmo depois, enquanto se olhava no espelho já vestida de noiva, sentia-se tola por ter achado que os beijos do Sr. Silverstone seriam o motivo de sua desonra. Ainda tentava processar o que a mãe a havia contado, da maneira mais decorosa possível, se é que existia maneira que a noite de núpcias não parecer indecorosa. Pensava inclusive nas palavras do Sr. Benson mais cedo, sobre Damien e suas aparentemente incontáveis amantes, então preocupou-se com a frequência que fariam o que sua mãe lhe contara, já que se o tal ato levava aos bebês. Até aquele momento não havia pensado em bebês. Definitivamente não queria pensar no assunto enquanto se sentia estranhamente ansiosa.

A verdade era que estava ficando preocupada quanto mais a hora da cerimônia se aproximava, e dentro da carruagem, em frente à igreja, ela simplesmente não conseguia se mover, não importava o quanto Lady Emilly estivesse sendo paciente com ela. Aquele momento deveria ser o que Sir Dorian a ajudaria a descer da carruagem, por um momento chegou a imaginar o pai sorrindo, pronto para levá-la ao altar, muito orgulhoso. Disse a mãe que só precisava de mais alguns minutos. Respirou fundo tentando não chorar, tinha chegado até ali, não era momento para voltar atrás. Escutou alguém chamando-a, e logo Jamie abriu uma fresta da porta perguntando se poderia entrar.

- Vossa Graça - ela sentiu-se feliz em ver Jamie - acho que estou me demorando.

- Milady pode demorar, afinal é a noiva - ele sorriu para Aileen - mas, vim lhe perguntar se está tudo bem, se precisa de algo?

- Está tudo bem, sinto muito por tê-lo preocupado - ela aprumou-se - o senhor poderia me ajudar? A descer da carruagem.

- Evidentemente. Estou aqui para isso - Jamie disse e desceu rapidamente, estendendo a mão para Aileen, e em seguida dando o braço a ela.

- Jamie - ela disse, fazendo-o olhar para ela - se no meio do corredor eu não conseguir ir a diante, você poderia... eu sei que não falamos disso anteriormente, mas estou em pânico.

- Aileen - o duque voltou-se para ela - se precisar de mim, cruzaremos a igreja de St. George, e eu a entregarei a Silverstone. O ameaçarei devidamente, e assistirei seus votos, como Dorian teria feito.

- Essa honra é de direito de Lady Lyanna - ela sorriu - não posso aceitar que entre na igreja comigo.

- Foi ela quem insistiu para que viesse buscá-la - Jamie sorriu docemente para Aileen.

Com o duque ao seu lado, Aileen entrou na igreja sob os olhares de admiração de seus convidados, muito mais do que ela esperava e se Jamie não a tivesse alertado para colocar um sorriso no rosto, ela certamente não seria a ideia de uma noiva plena e feliz. Para sua sorte, Jamie era conhecido pelo charme e sua postura ligeiramente descontraída, fez com que ela se sentisse segura. Próximo ao altar, Damien se aproximou, elegantíssimo em um fraque preto, muito bem cortado. Chegou a pensar que os dois iriam começar a conversar, porque seu noivo também parecia tranquilo, até que percebeu a mão de Jamie no ombro dele. Não chegou a ouvir, mas o duque disse algo que fez Damien ficar sério por um momento, então lhe deu um beijo carinhoso na testa, e foi para o lado de sua duquesa.

Não foi uma cerimônia demorada, o que a deixou satisfeita, e quando ouviu do padre que poderia ser beijada pelo noivo, algo lhe dizia que Emilly sem dúvida nenhuma deve ter achado graça. Diferente das outras duas vezes, ele foi discreto, segurou sua mão e seu rosto, tocando de leve seus lábios com os dele, como se já tivesse aprendido o caminho, tempo o suficiente para fazê-la estremecer. Quando Aileen deixou a igreja, sob uma "salva" de pétalas de rosas, à poucos metros, uma carruagem negra, imponente e com o símbolo Silverstone, puxada por quatro cavalos estupendos foi aberta para que ela e Damien seguisse para a casa da família, onde seria realizada a recepção. O veículo cheirava à novo! Os bancos confortáveis, revestidos de tecido macio azul Silverstone.

Aileen já havia ido a casa Silverstone visitar Lilly, e enquanto recebia cumprimentos pelo enlace ao lado de Damien, reparava que nunca o vira lá. Nem mesmo havia conhecido o também muito bonito Elijah, que volta e meia aproximava- se para lhe contar algo sobre algum convidado em especial, ou simplesmente para que ela se sentisse à vontade. Ele e Damien pareciam se comunicar pelo olhar, e era assim também com Lilly. Reparou que era uma família numerosa, e unida, e pensou como seria crescer em meio a tanta gente. A Sra. Lauren Silverstone foi falar com ela assim que surgiu a oportunidade, sempre a achou uma mulher muito bonita, perspicaz e distinta. Ela e sua mãe pareciam estar bem próximas e Emilly já havia comentado em outras ocasiões que achava Lauren uma senhora admirável.

Por mais que tivesse tentado aproveitar ao máximo à ocasião, ela sabia que mesmo que quisesse que a noite se prolongasse, havia um momento que ela e Damien iriam se retirar, e quando sentiu que ele segurou seu braço suavemente, conduzindo-a para dentro da casa, soube que o momento de ir embora com ele havia chegado. Passaram por um corredor entrando em seguida em uma sala elegante, com uma porta dupla que dava para o jardim lateral. A festa havia ficado para trás, e agora eram somente ela e Damien, ele a ajudou a entrar na carruagem, e houve silêncio durante o caminho todo, o que deixava Aileen pensando se ele conseguia ouvir que seu coração estava batendo descompassado.

Grandes portões foram abertos antes que entrassem na propriedade de Damien, e ela percebeu que não era longe da casa onde viviam os pais dele, percebera também que ele havia exagerado muito quando falou que sua casa não era grande, ao compará-la com que viveu até um ano atrás. Era uma grande mansão georgiana, cercada por jardins iluminados por lamparinas. Ouviu a carruagem se afastar, enquanto Damien abria a porta para que entrasse em sua casa. Agora era a casa dela também, e naquele amplo hall, à meia-luz sentiu as mãos de seu marido sobre seus ombros em um gesto de proteção, "não tenha medo", ele sussurrou, e sem que pudesse recuar, pegou-a no colo, e subiu a escada para o andar superior, seus passos ecoavam em seu silencioso refúgio, onde tinha certeza, ele poderia ouvir não só seu coração descompassado, mas também, sentir o cheiro do seu medo.

Continua...





Um Acordo Para Aileen - Série Coração De Plebeu - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora