A criada ajudava Aileen a vestir-se para a recepção na casa do Sr. Benson, enquanto esta reclamava sobre sua busca infrutífera por Lorde Cavendish à tarde. A jovem dama havia ido, devidamente acompanhada ao luxuoso apartamento onde sabia que vivia o rapaz, que era sem dúvidas um dos melhores partidos disponíveis. Ao contrário da maioria dos jovens lordes que ela tivera a oportunidade de conhecer, Bryan Peterson Cavendish não tinha fama de libertino, era até mesmo um pouco tímido, e gostava de arte e literatura. Era bonito, tinha os cabelos castanhos claros, e olhos esverdeados, mas o que mais chamava a atenção da menina, eram seus modos gentis e o jeito tranquilo. Então, considerava que ele poderia ser um bom marido, já que teria que se casar com alguém em tão pouco tempo. Para sua frustração, Lorde Cavendish estava ausente da cidade, e aparentemente ninguém sabia quando voltaria.
— Sempre desconfiei daquele Sr. Benson — falou a criada, apertando o espatilho enquanto Aileen assentia preocupada — ele deveria se envergonhar em querer se casar com a senhorita.
— Seja como for, receio que não tenho mais opções, Sally — ela suspirou, sentindo-se encurralada, tentando pensar em uma solução pois se arriscaria até a conhecer o tal primo distante do pai para evitar uma possível união com o advogado.
— Milady serve de filha daquele asqueroso! Juro que envenenaremos a bebida dele antes que ele encoste na senhorita! — Aileen esboçou um sorriso, enquanto escolhia o vestido que usaria. Sally havia cuidado dela desde muito criança, e era de total confiança da família Ballard, então entendia o porque estava tão revoltada com a ideia.
— O que há de errado comigo, Sally? — ela perguntou tocando o tecido delicado do vestido azul – escuro, pensando se o preto realmente não lhe caíria melhor nessa ocasião. A mãe compreendia que em uma ocasião onde houvesse possíveis pretendentes, o preto poderia afastá-los, então recomendou a filha que optasse pelo azul.
— Absolutamente nada, senhorita — Sally percebeu que Aileen pela primeira vez parecia desesperada.
Não estava convencida disso, achava que realmente havia algum mal entendido, ou em algum momento da curta convivência com Lorde Cavendish o havia decepcionado. Olhava seu reflexo no espelho pensando que enquanto o pai esteve vivo, ela jamais cogitou aquele tipo de arranjo, afinal Lorde Ballard se ainda estivesse vivo tornaria a vida de seus pretendentes satisfatoriamente difícil.
Agora que sabia das intenções do Sr. Benson, que foi claro e parecia até mesmo esperançoso à respeito de casar-se com ela, Aileen temia que não pudesse apenas contar com a sorte, precisava ser convincente, e usar o que ainda tinha ao seu favor, o nome da família e a importância que sempre representou, e talvez a característica que realmente pudesse envolver um bom pretendente, sua beleza. E não um vestido que mostraria sua tristeza e talvez o quanto estava assustada.
— Traga-me "aquele " vestido, Sally — ela disse e em seguida viu a criada arregalar os olhos.
— Milady quer dizer "aquele"? O que milady pretendia usar em seu primeiro baile da temporada? — Sally parecia surpresa, mas em nenhum momento escandalizada.
— Sim — Aileen respirou fundo, pensando que certamente viraria alvo de comentários, e possivelmente estaria provocando um escândalo, mas estava decidida — Talvez seja a única oportunidade de usá-lo.
Sally assentiu, e saiu para buscar o vestido no armário, deixando Aileen com seus próprios pensamentos. A jovem pensava que em poucos dias haveria a possibilidade de que outro homem assumisse o lugar de seu pai, e os prováveis candidatos estava disposta a rejeitar. Ao Sr. Benson,ela preferia nem mesmo levar em consideração a ideia absurda de que se casaram. E muito provavelmente o primo distante se livraria delas num piscar de olhos. Tanto num caso como no outro, ela poderia nunca mais ter a oportunidade de usar um vestido como aquele, e de qualquer forma, se realmente não tivesse outra saída que se casar com o Sr. Benson, poderia muito bem aproveitar aquela noite.
Era um lindo vestido. Branco, com um decote ombro à ombro que a fez sentir-se bonita desde a primeira prova. Feito de seda, com bordados delicados de rosas e pérolas, criado especialmente para que ela estivesse encantadora em seu primeiro baile. Sally arrumou seus cabelos negros em um penteado meio preso e os cachos suaves brincavam sedosos até a metade das costas. " Perdoe-me, papai, por vestir-me de branco", ela disse como quem diz uma prece, e sentiu os olhos lacrimejando. "Tenho que me acalmar ", ela pensava enquanto tentava conter as lágrimas quando viu sua mãe pelo espelho.
— Ah! Querida... está tão bonita! — Emilly sorria brevemente enquanto se aproximava da filha — seu pai ficaria absolutamente encantado se a visse com esse vestido.
— Estou desonrando o nome dele, vou trocar de roupa imediatamente — ela virou-se para Sally, mas a mãe segurou-a pelos ombros.
— Aileen, eu sei porque você escolheu esse vestido — ela Aileen em sua direção, para que olhasse em seus olhos — você sabe que um vestido escuro e discreto pode afastar algum pretendente.
— Vamos perder tudo, mãe — ela parecia estar com um peso enorme sobre os ombros — e não estou falando apenas de posição social e dinheiro. Estou me referindo ao que meu pai representou, o homem bom e justo que ele foi, e como o Conde de Bellmant era reverenciado, admirado.
Emilly concordava silenciosa com o que Aileen dizia. E não achava justo que a filha tivesse que se casar com Benson para que continuassem a viver ali, naquela enorme mansão como se tivesse esse direito, ou mesmo um homem que nunca honraria o título que um dia fora do marido. Por outro lado, teriam um vida modesta se Aileen não se casasse. A jovem não teria as oportunidades que as outras jovens de sua posição tinham. Mudariam de casa, teriam que mudar de vida, e ela bem sabia que não seriam vistas da mesma forma pela grande maioria da sociedade.
Os pretendentes para a filha seriam menos qualificados, e conhecia alguns casos em que jovens como Aileen foram desposadas por homens de péssima reputação, muito mais velhos, privadas de conhecer alguém por quem realmente pudessem se apaixonar. Não era isso o que havia sonhado para a filha. Aileen era tão preciosa, doce e amável, uma verdadeira joia, e lamentava que o destino tivesse pregado à elas aquela peça.
— Você não precisa trocar de roupa, filha, só precisa saber que não quero que se case na condição em que nos encontramos — ela fez uma pausa enquanto passava os dedos pelos cabelos de Aileen — Nós ficaremos bem.
Estavam caladas durante o trajeto, mãe e filha durante o caminho para a casa de Sr. Benson, cada uma com seus próprios pensamentos e quanto mais se aproximavam, mais enjoada Aileen ficava. Pensava que certamente seria uma noite inesquecível, da pior maneira possível, mas desceu da carruagem pronta para aceitar seu destino. O que quer que acontecesse daquele momento em diante, ela estava disposta a aceitar.
Olá!
Este foi o primeiro capítulo, e como já havia explicado, ocasionalmente poderei publicar até finalizar Adorável Farsa.
Eu espero que você possa me dar a honra e a alegria de acompanhar minha Aileen e meu Damien! Agradeço demais sua leitura, comentários e votos!
Aaaah, se você ainda não entrou no grupo de WhatsApp, tem o link na bio!Grata, Mia Harrington;)
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Um Acordo Para Aileen - Série Coração De Plebeu - Livro 2
Historical FictionA jovem Lady Aileen deveria estar se preparando para sua primeira temporada, e era esperado que arrebatasse corações de jovens cavalheiros com sua beleza e graça, mas o falecimento de seu pai, o Conde de Bellmant, Dorian Ballard mudou não somente su...