"These words I say mean
You're so amazing
I've noticed lately
I need you, maybe"
So, by Ed Sheeran— Quantas caixas? Três? — perguntou enquanto prendia os cabelos num coque alto.
— Acho que cinco... ou quatro?
— Três?
— Seis, melhor.
— Duas?
— Três, amor. — Harry tocou levemente a ponta do nariz dela, que sorriu com o gesto.
— É pra já, chefe!
Suficiente para que a garota sorridente empilhasse as três caixas de peônias já cortadas e separadas, se preparando para levar até a van estacionada do outro lado. As idas até os fornecedores eram sempre feitas no começo do mês, e pela quantidade de coisas que compraram e o que buscara em sua memória, teriam um imenso trabalho pela frente.
Estavam fazendo casamentos praticamente todos os finais de semana e eventos pelo menos três vezes durante a semana, mal tinham tempo de se ver fora do trabalho e Harry trabalhava tanto que deixava a loira preocupada. A loja virara praticamente a casa do casal e algumas vezes, quando tinha de ficar até muito tarde, se perguntava se essa era a hora de contratar mais uma pessoa para o ajudar com os arranjos.
Aquela não era a atividade favorita de Mary e ele sabia disso, além do que mal poderia pedir outra coisa a garota. Mas será que seria a melhor opção? Perfeccionista ao extremo, tinha medo dos resultados não serem os mesmos, mas ao mesmo tempo não poderia continuar se sobrecarregando daquela forma.
Sequer lembrava do dia que dormira mais de oito horas em sua própria cama. E se sentia um tanto culpado por ver o quão cansada Mary estava, mesmo que tentasse esconder ao máximo com sorrisos, cantando músicas infames durante o trabalho e usando mangas longas para esconder o emplastos.
Pouco passava das onze e já estavam no último fornecedor, um simpático casal que decidira começar o negócio há trinta anos. E o amor que tinham por tudo aquilo refletia nas flores que plantavam com vigor, que regavam e adubavam e traziam felicidade para tantas pessoas... mas Harry os conheceu por acaso.
E prometeu que se tornariam seus fornecedores quando abrisse a Sunflower.
— Vocês não vão ficar para o almoço? — Dennis perguntou assim que avistou a figura de Mary carregando as três caixas.
— Oi, Sr. Orsini! Estamos empaturrados de trabalho, acredito que hoje não vamos conseguir... pode abrir para mim, por favor?
— Claro, claro! — apertou o passo, caminhando até lá e abrindo o porta-malas. — Há tempos vocês não ficam para o almoço, hein?
— Não é proposital, juro! — sorriu, colocando a caixa no local. — Mês que vem vou obrigá-lo, juro.
— E como vocês estão?
— Estamos ótimos, de verdade! — olhou para o namorado com apreço.
Dennis conseguia se ver nela, Mary lembrava sua juventude e como conheceu sua querida esposa Antonielle ainda um garoto. A mulher no qual dividia sua velhice era perdidamente apaixonada por ele, e tomou um tempo até que tomasse noção de seus sentimentos, assim como os jovens nos quais tinha um grande apreço.
Talvez por isso Antonielle fora uma das pessoas que aconselhou Harry a não desistir, porque entendia bem o que era aquele sentimento. E vibrou junto com ele quando contou que agora eram um casal. A simpática senhora se via nele quando mais nova e adorava isso, os olhos brilhantes do garoto ao falar de sua amada lhe traziam tantas memórias... memórias vívidas, boas.
E ela amava isso tanto quanto seu marido.
— Ele é um bom garoto.
— É mesmo, Sr. Orsini. — tinha carinho em sua voz.
— Posso saber sobre o que estão conversando? — Harry se aproximou com um sorriso brincalhão e uma caixa imensa com vasos.
— Estamos falando sobre você, Harold! Eu não, na verdade ele! — apontou para o senhor ao seu lado.
— Oh, olhe o comportamento dela! — brincou, fingindo-se ofendido.
— Nada de acusar Mary, Dennis! — Antonielle foi para o lado dela, abraçando-a de lado. — Nossa pequena não merece.
— A senhora é a melhor! — sorriu terna. — Harry, precisamos vir e ficar para o almoço.
— Verdade, vamos fazer isso no próximo mês. — sorriu sem mostrar os dentes. — Muito obrigado mesmo, não vamos esquecer!
— Venham sempre que possível, queridos. Gostamos muito de vocês! — Dennis olhou sua esposa, que concordou.
— Com certeza! Obrigada pelas flores! — Mary piscou, abraçando a mulher ao seu lado. — Foi um prazer lhe rever!
— É sempre bom ter vocês aqui.
Se despediram com abraços e pedidos para que ficassem bem, Dennis e Antonielle assistiram os mais novos entrarem dentro do carro e Mary, com sua animação exacerbada, colocar a cabeça para fora e gritar adeus.
— Nossos filhos seriam exatamente assim. — comentou o homem, sorrindo sem mostrar os dentes.
— Com certeza, amor. Não tenho dúvidas disso. — abraçou o marido, que embalou-se em memórias póstumas.
Dos filhos que perderam ainda jovens, as crianças apaixonadas por flores assim como seus pais e de como eram tagarelas e amáveis. Mary e Harry lembravam Violetta e Ettore em diversos aspectos, talvez sendo um dos motivos que se sentiam tão felizes com a presença dos jovens.
E sempre desejavam que eles ficassem por mais tempo, apesar de não saberem que os simpáticos fornecedores de flores tiveram filhos que já não estavam mais entre eles.
— Amor, seu aniversário não está chegando? — Harry indagou antes de abrir os vidros.
— Oh, parece que alguém lembrou! Isso mesmo amor, queria saber conseguimos tirar uma folga na próxima quarta... — soou manhosa.
— Quarta? Acho que vai ser um dos dias que não vamos ter nada, mas não tenho certeza.
— Elize me chamou para passar meu aniversário em Bristol.
E aquela sentença soou tão estranha aos ouvidos dele que precisou se certificar de que não estava blefando.
— Hm? — a olhou pelo espelho.
— Ela me ligou ontem... disse que meus pais estão com saudades e querem preparar uma festa para mim! Isso não é estranho? Mas estou tentada a ir, faz tempo que não os vejo... e queria que você fosse junto.
— É claro, querida. — sorriu sem mostrar os dentes. — É seu aniversário. Mas será que vão ficar felizes em me conhecer?
— Você é meu namorado, Harry. É claro que vão. — o tranquilizou.
Não muito certa do que esperar sobre o reencontro, sentia que era o certo: talvez todo esse tempo longe tivesse feito bem a relação deles e, quem sabe, a tratariam melhor. Uma reconciliação talvez fosse o melhor presente de aniversário que um dia desejou.
No entanto, seu namorado mantinha os olhos na estrada enquanto pensava sobre como remanejaria as encomendas e principalmente que arranjo levaria... mas nada parecia bom suficiente naquele momento. E sob a cantoria eufórica de Mary na van com direito a coreografias e caras e bocas, voltaram para a Sunflower pouco antes do almoço.
Mas Harry tinha um mau pressentimento quando se tratava de Bristol.

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Sunflower [H.S] [PT/BR]
FanfictionUm buquê? Arranjos? Qualquer fosse, o florista H faria com perfeição, e todos sabiam disso. A Sunflower era o local mais procurado quando se tratava de flores, pequena loja localizada no centro de Holmes Chapel. Mas ele sabia lidar bem com a pressão...