Depois daquela conversa, o encontro continuou de forma acolhedora, e, como imaginei, os pais de Jorge sugeriram que todos passássemos a noite lá, nós dois em seu antigo quarto, devido o adiantado da hora. A cama não era tão espaçosa quanto a que dividimos em Campos do Jordão, mas foi suficiente para nos divertirmos um pouco, ainda que tentando ser discretos para não chamar a atenção dos demais, e por isso nos restringimos a beijos, chupadas e nos esfregarmos até gozar.
No dia seguinte, quando ele me deixou em casa, não pude deixar de refletir sobre o pedido de Rubinho. Não o criticava, ele só estava defendendo o irmão, e Jorge definitivamente não merecia ser traído. Tampouco seria um sacrifício para mim tirar umas "férias" durante a filmagem, pois eu tinha uma boa reserva, além de outras fontes de renda, embora de menor poder aquisitivo. E tampouco o cachê que estavam me pagando era mal. O que mais me preocupava, na verdade, era se valia a pena eu arriscar tudo por uma relação que mal havia começado, e que eu ainda não compreendia bem. O delegado era um homem lindo, gostoso e maravilhoso por dentro e por fora, e na cama nem se fala. Mas será que eu estava apaixonado por ele da mesma forma como ele parecia estar comigo? E sendo ele uma pessoa tão convencional, será que ele aceitaria o que fiz naquele período para manter meu padrão de vida?
Para piorar, quando consultei minha caixa postal, descobri um e-mail de Celso Martinelli, um rico fazendeiro de Barretos, cliente do banco de Octávio. Ele tinha uns 40 anos, recém-divorciado com dois filhos, e soube pelo amigo que ele saíra da minha lista de clientes fixos e queria saber se eu podia aceitá-lo em seu lugar. Ele mandou uma foto junto com a mensagem, e tinha de admitir que o cara era bonito, ele tinha aquele aspecto saudável de quem vive trabalhando com a terra, sendo alto, musculoso e bronzeado. Em resposta, disse a ele que eu estava rodando um filme e por ora isso consumia todo o meu tempo, mas que quando pudesse eu entraria em contato dando uma resposta. Ele disse que não tinha pressa, mas que depois do divórcio queria experimentar algo com outro homem, algo que sempre tivera curiosidade mas não quis antes por receio de sua família tradicional. Não pude deixar de me perguntar se eu tomara a melhor decisão em não me comprometer logo com ele, o cara era bonito, aberto a novas experiências e não duvido que fosse bom de cama. Mas ao mesmo tempo, não conseguia pensar em abrir mão de Jorge, ao menos não agora.
Felizmente, quando cheguei ao estúdio, o ensaio com Sandro foi tão produtivo que decidiram filmar a cena naquele mesmo dia, sendo a primeira tomada do filme. Ciente da timidez dele, procurei tranquilizá-lo lembrando de que não estaríamos sozinhos, pois além do diretor e dos câmeras haveria vários técnicos no local, e que ambos usaríamos tapa-sexo. Basicamente, o que faríamos era nos beijar, posicionar nossos corpos de uma forma que a imagem sugeriria sexo e, principalmente, seguir tudo o que foi coreografado.
- Não se preocupe, Gustavo, eu vou conseguir. Com tudo o que você me ensinou, será moleza. – Assegurou-me com um sorriso.
- É assim que eu gosto. Prepare-se e vamos para o cenário da sala. – Retruquei dando um tapinha no seu ombro, e fui para meu camarim tomar um banho e me vestir, colocando primeiro o tapa-sexo e depois a roupa de dominador.
Chegando ao cenário indicado, nos posicionamos na porta da sala e, quando gritaram "ação!", peguei no trinco da porta como se a fechasse e, abraçado com ele, começamos a nos beijar, dando continuidade a uma outra parte da cena que seria gravada no cenário da boate. Nesse tipo de cena, às vezes o diretor dava orientações fora de quadro, que depois eram ocultadas pelo som de música ambiente, mas como ele considerou o ensaio satisfatório ele preferiu intervir o mínimo possível, exceto se fosse necessário, deixando a sensualidade a nosso cargo. Assim, antes de tirarmos as roupas, passamos um bom tempo devorando os lábios um do outro e nos acariciando, principalmente ombros, tronco e pescoço. Num determinado momento, esfreguei meu rosto no pescoço dele e ele gemeu, aproveitando para dar uma lambida num dos meus bíceps. Dei um gemido e, seguindo o roteiro, perguntei-lhe:
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Coroa de programa
RomanceGustavo Reis era um dos maiores galãs da TV brasileira, até que, quando tinha 38 anos, um vídeo seu fazendo sexo com outro homem foi divulgado na Internet. Repentinamente, sua carreira foi considerada encerrada e tanto as emissoras quanto os teatros...