Capítulo 2

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                            Luiz Torres

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                            Luiz Torres

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                     Alex Salles

Dar aulas de atuação definitivamente não é fácil. Requer estudo, disciplina, algumas doses de psicologia e, sobretudo, paciência. Mas tem suas compensações, como saber que está ajudando a promover a cultura, a satisfação de ver um rapaz ou uma moça progredindo nessa arte devido aos seus cuidados, além da gratificação de ver um texto ou uma canção comovendo e despertando a consciência dos outros. E num mundo que preza a superficialidade como o atual, considero uma pequena vitória quando conscientizo algum aluno sobre a importância de tudo isso.

No momento estou com uma turma de sete alunos: Osvaldo e Lúcia são namorados, e, sem dúvidas muito bonitos, provavelmente são os com mais chances de terem papéis de destaque na televisão; já Rubens é um dos mais cultos, vive lendo peças e romances, além de análises psicológicas de obras literárias, e gosta de abordar esses assuntos na aula. Por outro lado, ele está muito acima do peso, suas feições são grosseiras e é um tanto desleixado no vestir, ou seja, não tem nenhum jeito de galã, mas por ser inteligente e ter talento, se ele souber como roubar a cena pode conseguir um lugar cativo na mídia; Sandro, por outro lado, mal completou 21 anos e aparenta até um pouco menos, ele tem um tipo franzino, pele alva, cabelos lisos e olhos claros. A beleza dele é do tipo "etérea", e possui uma suavidade que faz com que as pessoas sempre tentem ajudá-lo e protegê-lo. Ele não fala muito, mas quando se expressa revela uma voz encantadora, e centro meus esforços em ensiná-lo a valorizá-la, bem como a escolher papéis adequados ao seu tipo físico.

Encerram o grupo Cândido, Estela e Isaac, todos negros. Cândido já está na faixa dos 30 anos, sendo o mais velho da turma, trabalha num cargo importante num banco e descobriu a vocação recentemente, como uma forma de combater a ansiedade, enquanto os outros dois são jovens. Estela é militante de uma organização LGBT e de um grupo de reafirmação da identidade negra, e Isaac, alto, forte e apolíneo, a personificação do biotipo do "deus de ébano", começou ainda jovem num grupo de teatro da comunidade onde morava. Um grupo heterogêneo, mas bastante dedicado, embora por razões distintas, e felizmente cumprem religiosamente suas obrigações financeiras comigo, posso ser compreensivo se o aluno estiver com alguma dificuldade e me explicar, mas não tolero caloteiros. Eu os recebo na minha sala, faço com que se sentem em cadeiras arrumadas em círculo e geralmente começo a aula com uma pequena exposição.

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