Epílogo

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Já faziam doze semanas.

Três meses mais tarde, Yasmin ainda enfrentava o choque do que acontecera com seu marido. O surto psicótico, o assassinato brutal das crianças, a internação, tudo fora um único golpe em sua mente. Agora, sem um companheiro para viver, sem um parceiro para amar, ela ficava ali, sozinha, quase todos os dias.

Alguém tocou a campainha.

Yasmin deixou a comida que preparava para trás, limpando as mãos no avental antes de correr até a porta. Não esperava por visitas, e não tinha o costume de receber ninguém desde a morte de suas vizinhas mais animadas.

Hesitou, diante da porta.

Quem poderia ser?

Olhou para o lado, para os sofás, onde uma pilha de fotos tiradas por Simon, antes de seu surto, estava jogada. Algumas fotos eram realmente estranhas, mas Yasmin não queria pensar nelas. Logo as queimaria, uma por uma, sem se importar.

Girou a maçaneta.

À frente de sua porta, um homem estranhamente familiar se mostrava. Ele tinha, nas mãos, uma foto das três garotas assassinadas, o que por si só se mostrava como um assunto desagradável. Yasmin sabia que não poderia fugir daquilo eternamente. Resolveu aceitar o fato com paciência.

—Senhora Yasmin?

—Exato. E você, quem é?

—Meu nome é Allen. Precisamos conversar sobre algo muito sério. Se importa?

Ela deu de ombros.

Allen entrou na casa de Yasmin com um sorriso cordial. Ao mesmo tempo, como se o convidado carregasse uma névoa pesada junto de si, Yasmin sentiu parte de sua sanidade devorada.

Tudo naquele rapaz era estranhamente negro, como, por exemplo, seus olhos.

Exceto suas roupas.

Aquele homem vestia branco.

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