Quatro

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Com o queixo horrivelmente escancarado, encarava a cabana que o maldito poste lhe apresentou como um possível esconderijo. Com os olhos cerrados amaldiçoava seu chefe sem misericórdia alguma, já que o cretino havia feito toda aquela bagunça em sua adorava vida chata de secretaria, respirava fundo enquanto ele segurava os cipós para que entrasse naquele lugar que lhe davam arrepios. Tão certa de que quando voltasse estapearia aquele loiro engraçadinho -isso se ainda estivesse vivo-, passou perto do corpo alto dele sem se dar a cansativa missão de olhar em sua cara debochada e entrou no meio daquela grama alta, rindo em suas costas o viu seguir sua trilha com as mãos nos bolsos.

Ele passou em sua frente e com um forte puxão abriu a porta quebrada e que rangia horrivelmente, entrou deixando com que ela ficasse sozinha do lado de fora com um extremo medo de entrar naquele lugar arrepiante.

— Pode dormir ai fora se quiser, para mim não faz a menor diferença já que minha missão é te proteger e não ser sua babá.

Sakura bufou desacreditada com o tamanho da ignorância dele. — Olha aqui, Shika-alguma coisa. — Disse entrando no meio daquele lugar escuro e completamente empoeirado. -Sinto muito se seus pais não te deram educação ou se não te ensinaram a ter o mínimo de respeito com as pessoas. Eu não tenho culpa de ter escolhido esse trabalho, inclusive.

Seu riso curto encheu o cubículo que chamava de cabana, tão pequeno quanto um banheiro químico, ele andou devagar em sua direção e chegou perto o suficiente para sentir sua respiração. — Talvez eu mesmo acabe te matando por falta de paciência.

Sakura bufou e o encarou de volta enfrentando o homem com um pouco da coragem que ainda havia guardado em seu ser. — Me faça esse favor então, já que seu trabalho é tão irritante, Shika-Sei lá o que.

Não esperava que depois de sua afronta ele a segurasse pelo pescoço e a prendesse contra a parede, com certa falta de ar segurou em seu braço que a mantinha com apenas os dedos dos pés descalços tocando o chão, puxou devagar a arma que guardava em seu coldre e a apontou no lado de sua cabeça. Mais perto do que antes, ele prensou seu corpo a apertando naquela posição.

— Espero que esteja apenas tentando me irritar com suas gracinhas sobre meu nome, já que nós fomos devidamente apresentados e vi muito mais de você do que poderia imaginar. — Disse trocando a arma de lugar enquanto soltava seu pescoço e mirava sem seu queixo. -Agora sobre matar a minha missão irritante basta apenas me pedir para fazer isso novamente.

O silêncio tomou conta do lugar e ele a soltou devagar enquanto Sakura mostrava o medo que sentia do fundo de seu âmago, mas como não conseguia levar qualquer tipo de desaforo para sua cama, coçou a garganta. — É muito corajoso por ter essa arma nas mãos, não é mesmo Shikamaru?

Ele colocou sua arma em cima da mesa e avançou sobre seu corpo novamente, segurou seu pulso e o torceu fazendo com que virasse de rosto para a parede. Com o rosto colado na parede e uma de suas mãos presa em suas costas ele prendeu o restante de seu corpo com o dele, a aproximação era demais e a fez corar pelo contato.

— Tente de novo, e vai ver o que posso fazer sem a arma.

— Covarde.

Ele rosnou em seu ouvido e podia sentir de longe a raiva dele crescer enquanto o desafiava sem medo de morrer, segurou sua outra mão e a fez girar novamente enquanto levantava suas mãos acima de sua cabeça.
Perto demais, podia sentir o cheiro forte de seu perfume e o fundo de seus olhos escuros. Ele não baixava o olhar e muito menos a guarda, se via presa sem ter para onde correr ali.

— Não me provoque garota, está testando minha paciência além do que eu consigo suportar.

A coragem que brotava em seu interior a surpreendia constantemente. — Oh, então é tão fraco que não aguenta ser provocado por uma "garota"?

Ele sorriu de lado e segurou forte seu rosto o fazendo levantar para olhá-lo melhor. — É completamente atrevida, não me admira estar sendo caçada. — Shikamaru se aproximou ainda mais de seu rosto, — Não me provoque, ou não responderei pelos meu atos.

Sakura quase podia sentir o leve roçar dos seus lábios por causa da aproximação excessiva, e tão perdida em pensamentos não conseguiu sem mover um centímetro se quer. Tinha os olhos escuros e tão profundos como as sombras que começavam a tomar conta daquela cabana. Perdida, jurava estar sentido a mão forte dele segurar sua cintura, suspirou com os lábios entreabertos e o viu soltar um pequeno sorriso ladino. 

Estava testando seu controle e podia ver isso, não se deu por vencida. Apertou os lábios novamente fechando a pequena abertura que havia se formado e cerrou os olhos olhando para seu sorriso torto.

— Não me admira ser tão controlado. — Sakura respirou fundo e sussurrou. — "fraco".

Seus olhos explodiram em raiva, e não poupou esforços para apertar ainda mais forte sua cintura fina. Sorriu extremamente largo quando gemeu pelo aperto, abaixou suas mãos que ainda estavam erguidas e as prendeu ao lado de sua cabeça. Deixou a ponta de seus lábios finos passarem pela a extensão de seu pescoço desnudo pela alça fina de seu tubinho azul escuro. Sakura soltou o ar com uma lufada, estava com o coração tão acelerado que ele podia ouvir a quilômetros de distância.

— Talvez não seja eu a pessoa fraca aqui, Sakura. — Disse em seu ouvido. — Já que não aguenta uma leve tortura como essa.

Soltou seu corpo tão rápido quanto havia segurado, ofegante e embasbacada, olhava enquanto ele entrava mais ao fundo no começo daquela escuridão. Tentou recuperar o mínimo da decência que havia perdido a pouco, e o viu voltar com um par de velas em suas mãos. Lhe entregou uma e se sentou em uma das cadeiras que ficavam em volta da pequena mesa.
Sakura entrou um pouco mais no cômodo que ele havia saído e não havia nada além  de uma cama de casal e um armário, talvez essa fosse realmente uma cabana para fuga. Abriu o armário e estava tão vazio quanto o restante dos outros dois cômodos que haviam ali. Não tinha muito o que se fazer ali dentro então seguiu para onde ele estava sentado já que passariam tanto tempo juntos ao menos conheceria o "salvador" de sua pele.

Ele estava sentado largado em uma das cadeiras, com uma pequena nuvem de fumaça em volta de seu rosto, segurando um cigarro aceso entre os dedos a olhava indiscretamente com a meia luz daquela vela. Sakura jogou seus cabelos rosados para um lado de sua cabeça, sendo encarada com os olhos cerrados, cruzou as pernas e o encarou de volta.
Tragando mais uma vez seu cigarro uniu as sobrancelhas para ela provavelmente esperando algum tipo de questionamento.

-Vamos passar algum tempo juntos, o que acha de ao menos melhorar essa maldita relação de "trabalho" que você terá que aturar até que Gaara seja preso? - Não estava pedindo o impossível, queria apenas parar de brigar antes que acabasse com uma bala no meio de sua testa.

Em silêncio ele cruzou a perna espaçadamente a encarando como se nada tivesse dito, Sakura sorriu desacreditada de sua falta de noção e se levantou.

— Eu não tenho relação nenhuma com meu "trabalho", então esqueça. — Disse segurando seu pulso enquanto Sakura tentava voltar para o cômodo ao lado.

— Muito bem. — Respondeu puxando seu pulso de volta, não tentaria qualquer tipo de contato com o dono da falta de noção.

Shikamaru agarrou seu braço novamente antes de conseguir sumir pela porta, puxou forte o suficiente para que ela tropeçasse em seus próprios pés e caísse sentada em seu colo. Espantada tentou se levantar sentindo seu rosto esquentar por sua falta de jeito, ele segurou seus pulsos e a puxou um pouco mais para perto, tocou seus lábios levemente antes de roubar um pequeno beijo do canto de sua boca.

Sakura o encarava com olhos arregalados enquanto ele sorria ladino. — É por isso que não tenho "relação" com meu trabalho. — A soltou devagar e deixou que se levantasse.

Sem responder o que havia acabado de dizer, andou devagar para o outro cômodo, não daria o gosto de seu espanto aquele homem que se achava bom demais, bom demais...

Na Sua Mira - ShikaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora