Dois

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Depois de quase ter um surto e ser forçada a voltar para casa depois de seu horário, Sakura não fazia questão de sair na rua e dormiria no escritório se fosse preciso. Mas depois de tanto ser forçada aceitou que o poste a deixasse em casa todos os dias depois do trabalho — Forçada por Minato, é claro —.

Sakura não queria ser constantemente vigiada além do medo que já dominava seu coração, ela era apenas uma secretária não era como se fosse exatamente a culpada daquele assassino ter sido pego. Pelo menos em sua cabeça.

Com a cabeça em seu travesseiro ficava revendo as palavras que foram gravadas em sua cabeça como se fosse uma tatuagem, a única coisa que havia feito era assinar os documentos que diziam respeito ao seu caso e o entregado para ser revisado pelo seu chefe.
Sakura se revirava não cama tentando não deixar seu medo tomar conta do seu sono, tentaria seguir sua vida o mais em paz possível. E se nada desse certo, pintaria seu cabelo de verde e se chamaria de Natasha desse dia em diante.

Seu relógio marcava 4:37 Am, estava com os olhos inchados e sua cabeça doía. Estava tão difícil pegar no sono quanto conseguir ingressos para viajar até a lua. Não haveria calmante que fizesse seu corpo relaxar nessa situação, olhava do teto para o relógio e do relógio para o teto. Talvez fosse mais fácil se a matasse logo de uma vez, odiava filmes de suspense e sua vida agora não estava longe disso.

Levantou desistindo de tentar dormir o mínimo possível, por mais que seu cérebro mandasse seu corpo descansar ele se fazia de desentendido e ficava inquieto, com comichão nas pernas tomou um banho de água gelada na esperança de que seu corpo aquietasse por alguns segundos que fosse.
Se enrolou em sua toalha e ainda molhada foi para a cozinha fazer um maravilhoso coquetel de chá calmante para deixar seus músculos mais calmos. Tentando ver o relógio, Sakura esbarrou em sua pequena mesa arranhando seus pés de madeira no chão, assustada tentou se segurar na beirada dela e a derrubou junto com seu corpo no chão frio e molhado de sua cozinha.

O barulho ecoou por todo o seu apartamento fazendo um grande estrondo, no chão tentava ao menos se por sentada quando sua porta da cozinha foi arrebentada. Armado, o poste invadiu seu apartamento sem se quer bater em sua porta.
O homem mirava em sua cabeça, Sakura arregalou os olhos sentindo seu coração bater em sua garganta. Respirava com dificuldade enquanto imaginava mil e uma maneiras daquele homem atirar em sua cabeça sem querer, ele entrou ainda mais passando pelos cômodos de seu apartamento enquanto permanecia jogada ao chão em choque.

— Mas o que aconteceu aqui? — Disse enquanto colocava a arma em seu coldre novamente. — Sem ar ainda imaginava as restantes 867 maneira de morrer com aquela arma.

— Esbarrei na mesa e cai. — Disse simplesmente, ainda faltavam 549 maneiras de morrer.

Ele lhe entregou a mão que por um longo tempo se recusou a pegar, apertou o nó de sua toalha e juntou as pernas tentando não parecer mais tosca ainda do que já havia mostrado.

— Se estivesse dormindo não teria caído como uma idiota. — Disse exalando com um sorriso.

Sakura cerrou os olhos até perceber que aquele poste não havia indo embora da porta de seu apartamento, não seria possível que estivesse ali a noite toda — ou seria?—.

— O que ainda está fazendo aqui? Não tem que proteger meu chefe?

O homem a mediu e enfiou às mãos nos bolsos, escondendo a sombra de um sorriso. — Não sei se lembra mas, fui colocado para cuidar de você.

Sakura endireitou o corpo e apertou um pouco mais aquele nó de sua toalha. — Mas...

— Não tem mais garota, fui pago para isso. — Disse se aproximando. — E acho melhor se secar antes que caia novamente.

Sakura enrubesceu enquanto se via tão perto dele que podia sentir sua respiração, engoliu em seco e buscou mais espaço tropeçando na ponta de seu balcão. Ele soltou um riso curto e saiu fechando o que restou de sua porta.

Embasbacada pela ousadia daquele poste, correu para o quarto e se vestiu em um pulo. Sozinha em seu apartamento com um cara na sua porta que mal sabia seu nome direito e imaginando que fosse um contratado da darknet, não queria dar sorte ao azar.

Trancou a porta de seu quarto se agarrando ao seu travesseiro tentando acalmar seu coração. Sakura implorava mentalmente para que esse assassino fosse pego para que pudesse ter sua vida de volta — ou parte dela, já que viva trabalhando.
A partir desse dia, não assinaria mais nenhum documento de seu chefe, além de não ser seu trabalho a atrasava com seus outros deveres. O faria tomar vergonha na cara e assinar tudo o que já deveria ter assinado a muito tempo, nem que tenha que entrar em seu escritório de cinco em cinco minutos.

Bufou sonolenta, finalmente estava sendo vencida pelo cansaço. Com os olhos fechando sozinhos, pode ver seu relógio uma última vez 6:49 Am.

"Droga"

Sua consciência gritou, levantou correndo e apenas se trocou. Não daria tempo para descansar e provavelmente teria muito mais trabalho que deveria, além do seu normal.
Vestiu um vestido azul escuro e calçou seus saltos pretos, atrasada não conseguiria se quer esconder as olheiras que haviam se formado debaixo de seus olhos.

Abriu a porta correndo enquanto equilibrava sua bolsa e a pasta em suas mãos, se dissesse que morava próximo ao seu trabalho pela preguiça de pegar um ônibus estaria completamente certa. Odiava transporte público.

Correu pelas ruas sem se deixar olhar as próprias costas, virou a esquina e atravessou a rua. Entrou no grande prédio espelhado e descansou as pernas no elevador, apertou o 14• andar e colou a cabeça no espelho atrás de suas costa esperando o bendito subir. A caixa de ferro apitou e o ranger das portas avisou seu fechamento, um segundo apito a fez abrir os olhos. Vestido completam de preto e botas de combate, o poste invadiu o elevador que voltou a se fechar em seguida.

Sakura olhava para o lado evitando a todo custo encarar as costas do homem em sua frente, mas seus cretinos olhos não obedeciam. Correu os olhos pelas suas costas largas e desceu pela sua coluna, o cheiro forte de colônia masculina invadiu suas narinas como um baque e se viu corar enquanto encarava a bunda do poste em sua frente.

O elevador apitou e o ouviu rir, — Espero que tenha gostado. — Disse saindo.

Sakura que ainda estava encostada no vidro do elevador olhou para cima, que naquele bendito dia esqueceu que em cima dos botões do elevador havia um grande é redondo espelho retrovisor.
Se amaldiçoando mentalmente, saiu pelas portas antes que fechassem é um grande alvoroço se fazia em cima de sua mesa. Sakura empurrou metade das pessoas que estavam ali apenas para ver seu cubículo completamente destruído, suas pastas estavam rasgadas e todo o seu trabalho perdido. Não havia bilhete e nem qualquer coisa que pudesse explicar aquilo além do que já havia no dia anterior.
Estava jurada de morte.

— Você tem que sair daqui. — Seu chefe disse se pondo em sua frente. — Cuide dela, e faça o que for preciso. Tudo isso é culpa minha.

Com o olhar desfocado, se sentiu ser puxada para longe de sua mesa. Não podia ser um bom sinal.

Na Sua Mira - ShikaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora