Três

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Se perguntava repetidamente em sua cabeça como podia estar naquela situação, com certa dificuldade tentava não tropeçar nos próprios saltos, seu tubinho azul escuro teimava em subir pelas suas coxas enquanto descia as escadas do grande prédio de seu trabalho. O poste a puxava com firmeza fazendo barulho com suas botas de combate e a sombra de sua arma fazia volume em sua cintura.
Ofegar era pouco para Sakura que mal podia respirar, saber que estava sendo caçada por ser apenas uma secretaria competente lhe trazia calafrios em sua espinha. Queria apenas viver sua vida tão monotamente quanto podia, mas como sempre o destino parecia ter separado uma boa dose de problemas para que resolvesse.

Já haviam descido mais de seis lances de escadas e o homem que a puxava parecia não se cansar jamais, suas pernas doíam com o esforço que fazia para não cair em seus próprios joelhos. Seria mais uma boa dose de vergonha para que passasse na frente daquele que a carregava tão firmemente pelo caminho, por um breve momento de sanidade recobrada Sakura puxou seu braço com força do aperto de sua mão, cairia rolando escada abaixo a qualquer momento e isso os atrasariam para qualquer coisa que fosse.

Ele parou entre os degraus daquela pequena escadaria de emergência e a encarou com surpresa. — O que pensa que esta fazendo? — Soltou enquanto voltava para segurar em seu pulso novamente, — Quer levar um tiro em sua cabeça garota? Não se lembra como encontrou sua mesa hoje de manhã?

Sakura levantou o queixo e com o restante de folego que ainda tinha, guardado em seus pulmões apoiou as mão em suas coxa cerrando os olhos para ele. — Tente correr escada abaixo num maldito par de saltos seu imbecil.

O viu fechar a cara em uma grande carranca e voltar com os solhos semicerrados, — Resolveremos isso. — Disse pegando seu corpo em uma rápido movimento e o jogando sobre seus ombros largos, Sakura gritou com o susto e o homem voltou a descer as escadas cm mais rapidez. — Me agradeça depois.

— Agradecer por ser levada como um saco de batatas? Está ficando louco? — Berrou inconformada com a sua situação e o pânico que corria em seu ser.

— Agradeça pelo menos por salvar sua vida. — Disse chegando as portas do saguão. — Ande normalmente e não mostre que esta quase tendo um surto de pânico, você fede a medo.

Sakura bufou, cruzando os braços depois de ser colocada no chão como uma criança birrenta. eram tantas emoções que já não sabia como se comportar e não fazia ideia se sairia viva dessa enrascada. Seguiu o denominado poste guarda costas e passou para fora das portas principais de vidro, mesmo não querendo demonstrar seu corpo tremia com o medo de que acontecesse algo com sua pequena vida sem graça e se saísse viva, jamais reclamaria de sua chatice novamente. Seguiu o caminho que ele fazia em silencio, um pouco mais atrás de seu corpo e com um alto estrondo seco, pessoas correram para a direção em que seguia com o homem, ele segurou sua mão com força e a puxou correndo para o meio da multidão. Mais estrondos e Sakura sentia seu corpo soar frio, estavam atirando para o alto e isso não parecia coincidência alguma.

— Não olhe para trás, — Gritou se virando para seu corpo e a abraçou espalmando uma de suas mãos em suas costas,

Sakura gritou com o estrondo que vinha detrás de sua cabeça, com o seu outro braço esticado tampando seu ouvido podia sentir o tremor do coice que a arma dele dava. Atirando atrás de suas costas, ele continuava dando passos para trás e vez ou outra se virava para ver o caminho que estavam tomando. Virando em direção a sua casa, ele se soltou largando seu corpo e deixou um rastro de calor e a marca de seu perfume sobre suas roupas, sem esperar autorização abriu a porta de um dos carros que estava estacionado em frente ao seu prédio e a jogou dentro sem delicadeza alguma. Não havia cortesia, deu a volta no carro e entrou pelo lado do motorista.

Sakura imaginou que ele apenas a levaria para seu apartamento e a protegeria de lá - grande erro -, arrancou com o carro que cantou pneu para a avenida que, movimentada os fizeram se camuflar entre os vários carros que seguiam seu caminho com tranquilidade. Foi apenas o tempo de por suas costas no encosto do banco de couro daquele carro que a sua pequena ficha caiu fazendo o pânico gritar, ela respirava com dificuldade enquanto ele dirigia cortando os carros em sua frente. Não sabia para onde estava indo e não importava, mais alguns poucos segundos parada dentro de seu serviço e teria virado uma grande peneira de cabelos rosas.

— Tente se acalmar ou acabará morrendo de qualquer forma. — Disse enquanto subia uma das ruas que dava acesso ao campo, sairiam da cidade e se quer pode se despedir das pessoas que conhecia. — Então seria melhor ter te deixado ser perfurada por todas as balas que miraram em sua direção.

Com os olhos arregalados deixou seu corpo escorregar um pouco sobre o banco imaginando as coisas horríveis que seu companheiro que dirigia já havia presenciado, engoliu em seco se virando para frente olhando para os prédios de sua pequena cidade chegando ao fim. Não deveria nunca ter reclamado da calmaria e chatice de sua vida.

— Estavam realmente atrás de mim? — Não era difícil perceber o óbvio, mas isso parecia mais uma afirmação para si mesma que uma pergunta.

— Sim. — Confirmou sem rodeios pegando a ultima saída da cidade.

— Apenas por que assinei um dos documentos que agilizavam a sentença de um criminoso. — Concluiu segurando as próprias coxas com força.

— Não, — Disse simplesmente a fazendo virar com seu corte. — Apenas por estar ligada ao seu chefe, ou acha que ele é tão puro e honesto para ter que me contratar para fazer sua guarda e depois me designar a você?

Sakura com o queixo caído olhou para frente, fora cinco anos trabalhando para ele e jamais percebeu qualquer coisa que fosse estranha demais. então veio em sua mente de pouco em pouco as vezes que Minato recebia vários homens no fim do dia em sua sala e tão bem vestidos como poderiam ser importantes, todos os documentos que mandava assinar e nenhuma das secretarias ter aguentado a pressão que era trabalhar ao seu lado. Fechou os olhos com força, socaria sua carinha perfeita até que não sobrasse mais nada além de ossos expostos, o faria pagar por colocar sua vida em risco dessa maneira.

— Filho de uma...

— Segure essa sua boca esperta garota, não precisa se rebaixar desse jeito. Foi burra o suficiente para não perceber a grande merda que cobria aquele escritório, agora não adianta choramingar pelos cantos. — Disse parando o carro na beirada da estrada vazia. — Fui contratado para proteger você até que ele seja preso, e não costumo falhar em minhas missões. — Completou saindo do carro.

Sakura se prendeu no banco, a rua de  terra estava completamente vazia e haviam tantas árvores em volta que seria impossível ver o céu. Ele abriu a sua porta e lhe estendeu a mão, sem que pudesse pensar ele avançou um pouco mais e a puxou de dentro do carro com rapidez.

— Conhece uma palavra chamada gentileza? — Disse puxando o braço de seu aperto.

Ele riu seco e não fez questão de se virar enquanto passava entre as pedras daquela mata fechada. — Conheço uma chamada sobrevivência e é a que deveria usar agora.

Bufou com sua resposta seca e o seguiu torcendo para não ser lançada ao chão pela quantidade de musgo e terra molhada que faziam a subida entre as árvores. Seus saltos a faziam escorregar hora ou outra até que tirou de seus pés com raiva e os lançou longe, achando graça ele riu de sua irritação e abriu a cortina de cipós que cobriam uma cabana velha.

— Nem fodendo. — Esbravejou.

Na Sua Mira - ShikaSakuOnde histórias criam vida. Descubra agora