1. Hollywood

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  Os fios loiros do cabelo de Alex voavam para todas as direções, ele se sentia como um cachorrinho com a cabeça para fora da janela do carro. Sorriu com esse pensamento, e, honestamente, era a primeira vez que o garoto sorria naquele dia. Voltou a encostar suas costas na poltrona de trás do carro, deixando a tristeza tomar conta de si enquanto o vento batia contra seu rosto.

Flashback ON.

  — Isso tá perfeito! Quer dizer, quase perfeito. — Julie abandonou o sorriso que tomava conta do seu rosto mais cedo enquanto tocavam, observando Reggie e Alex concordarem.

  — Olha, nós vamos conseguir um guitarrista, ok? — Reggie passou a mão no cabelo, arrumando os fios que caíam em sua testa e voltou a segurar o seu baixo. — Eu espero.

  — Não conheço ninguém que toque guitarra. — Alex largou as baquetas e levantou-se da bateria, sentando-se no sofá de couro e soltou um suspiro de satisfação. Aquela garagem era perfeita para seus ensaios com a "banda", e Julie, ainda mais, por ter concordado em emprestá-la. — Não sei como vocês ainda tem esperanças de que a Sunset Curve vai rolar, sério.

  Reggie revirou os olhos e correu para se sentar ao lado do baterista, que também revirou os olhos, arrancando uma risada de Julie.

  — Você é muito chato, Alex. Isso vai dar certo! Achei que você era o mais animado pra banda acontecer.

  Reginald estava certo. Alex era o mais animado, mas essa animação começou a cessar depois de meses procurando alguém para dar um verdadeiro início a banda. Eles já tinham vocalista principal e tecladista, baterista e baixista. Só faltava aquela bendita guitarra. O loiro deu graças a Deus quando alguém bateu na porta, interrompendo o discurso otimista que Julie tinha começado, o qual ela já havia repetido incontáveis vezes. Apesar de implicarem uns com os outros, os três se amavam mais do que tudo, afinal, eram uma família.

  — Vamos indo, Alex? — disse Amelia, mãe de Alex, após abrir a porta da garagem. — Inclusive, abaixem esse som aí. Dava pra ouvir do outro lado da rua.

  A presença de sua mãe em frente aos amigos claramente deixava Alex desconfortável, ele não tinha a melhor das relações com sua mãe (e pai) desde quando se assumiu gay, e estranhou ela ter o buscado. Não imaginava que Amelia sequer se importava.

  — Tá, mãe. Tchau, gente! A gente se vê nas férias. — o loiro se despediu dos melhores amigos, e ambos acenaram para ele.

[...]

  — Quê?

  Alex estava vermelho. De raiva.

  — Nós vamos passar as férias de verão na casa dos Stewart em Hollywood, filho, e... — Benjamin Mercer repetiu.

  — Eu sei, pai. Mas eu não vou junto... Né? — Qualquer um que olhasse nos olhos de Alex naquele momento poderia vê-los gritando por socorro.

  — Sim, você vai.

  — Oi? Mas e tudo o que combinamos? Eu vou passar as férias com a Julie e o Reggie, tocando com eles e me dedicando à Sunset Curve! — Alex quase chorava. Como eles mudaram de ideia tão rápido? Como eles foram de "vamos passar as férias longe do nosso filho pecador no interior e deixá-lo sozinho em San Diego com os amigos" para "vamos levá-lo pra Hollywood para viver na casa de um estranho por três meses, preso com a gente e outra família também provavelmente conservadora"?

  — Mudamos de ideia, Alex. Eles são os nossos melhores amigos. — falou, grosseiramente, Amelia. — Agora chega de reclamar, vá fazer suas malas. Partimos amanhã.

  E foram assim que começaram as férias mais loucas de sua vida.

  Flashback OFF.

  Alex abriu os olhos com o susto, seu pai provavelmente havia passado por algum buraco ou passou muito rápido pelo quebra-molas. De novo. "Can't Shake You", da Melanie Martinez, tocava nos seus fones de ouvido, e o loiro apenas fechou os olhos de novo, desejando imensamente que a sua vida se tornasse alegre como a melodia daquela música.

  — Chegamos, filho. — Amelia falou alto e de maneira nada sutil, fazendo o garoto, que estava quase pegando no sono, abrir os olhos. Olhou o visor do carro e admirou (nunca iria admitir isso) a vista incrível do letreiro de Hollywood. Revirou os olhos quando olhou pela janela e viu a casa dos Smith. Ou seria Stevens?

  — Sra. Stewart, quanto tempo! — Benjamin falou para a mulher parada em frente a porta e saiu do carro para cumprimentá-la.

  — Por favor, me chame de Amber! Não estou assim tão velha. — Amber riu.

  Enquanto Alex e sua mãe saíam do carro e pegavam suas malas, o restante da família Stewart saiu de casa. O loiro nem prestou atenção. Por quê se importaria com um bando de velhos e crianças crentes? Se bem que Amber não parecia nada conservadora, a mulher tinha um estilo bem moderno.

  — Oi, eu sou o Alex. — falou para o homem mais velho que veio o cumprimentar. Ele segurou a mão de Alex, puxando-o para um abraço com tapinhas nas costas.

  — Bem-vindo, Alex! Sou o Oliver. Aqueles ali são meus filhos, Flynn e Willie. — Oliver se virou para trás e o loiro seguiu seu olhar, vendo dois jovens acenando em sua direção. A moça na esquerda usava tranças longas e roupas chamativas, e ela veio até sua direção, impedindo-o de ver a outra pessoa atrás dela.

  — E aí, eu sou a Flynn! — Alex sorriu para ela, e Flynn estendeu a mão para um high-five, que o garoto respondeu com pouca empolgação. Ela não parecia ser tão chata. Mas não teve muito tempo para pensar nisso, porque o segundo jovem caminhou em sua direção e... Nossa.

  Alex engoliu em seco. Se não o fizesse, ficaria boquiaberto. O garoto era, provavelmente, a pessoa mais bonita que ele já vira em toda a sua vida. Seus cabelos castanhos caíam sobre seus ombros largos, ele tinha um estilo de skatista e, seus olhos escuros encaravam Alex com curiosidade. Esqueça o que ele havia dito mais cedo. Aquela era, definitivamente, a pessoa mais bonita que ele já tinha visto.

  — Oi, eu sou o Willie! E você é...? — sua voz saiu divertida porque Willie estava sorrindo, o que fez Alex sorrir também.

  — Sou o Alex, prazer. — Willie parecia se aproximar para um abraço, porém o corpo de Alex correspondeu estendendo a mão para um aperto de mão. Willie riu e apertou sua mão. O loiro nem percebeu que Willie o encarava de cima a baixo, estava ocupado demais pensando no quanto o outro era lindo.

  Talvez essas férias não sejam tão ruins assim, pensou enquanto carregava sua mochila para dentro da casa.

midnight summer - willex (shortfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora