2. Finalmente livre

1.1K 149 88
                                    

  — Uau, essa casa é... linda. — agora sim, Alex estava boquiaberto enquanto olhava para os lados. Willie e Flynn soltaram risadas, eles estavam acostumados com aquele tipo de comentário. A casa da família Stewart parecia excessivamente grande de início, porém, mais tarde, Alex perceberia que a residência era do tamanho perfeito. Todos percebiam.

  — É, dá pro gasto. — Flynn disse, fazendo a boca de Alex abrir ainda mais. Os irmãos seguraram a risada.

  — Você tá brincando? Isso aqui é enorme! — Alex sorriu, ainda impressionado e parou de andar quando chegaram na sala de estar. O cômodo era espaçoso e aconchegante, e o loiro tentou não surtar quando viu o tamanho do sofá.  — Então, é... Eu tenho um quarto ou algo assim?

  Ele falava de modo hesitante e baixo, não parecia muito confortável. Willie não sabia agir muito bem naquelas situações, mas definitivamente não queria que o garoto ficasse desconfortável por três meses em sua casa, então só encostou sua mão no ombro de Alex casualmente. Na mesma hora, o corpo do loiro ficou tenso.

  Droga, Willie, não o deixe ainda mais nervoso, pensou o moreno.

  — Sim! Vem comigo. — Willie sorriu, caminhando em direção às escadas e Alex foi atrás. Flynn os observou sorrindo, a química entre os dois era quase palpável.

                               • • •

  — Obrigada por me mostrar a casa, acho que sem você eu estaria lá fora parado, encarando a porta. — Alex agradeceu. Seu humor havia melhorado consideravelmente nos últimos minutos, talvez fosse apenas a energia animada e contagiante que os irmãos exalavam.

  — Não precisa agradecer, Alex. Se algum dia precisar de um GPS humano em Hollywood, é só me chamar. — Willie riu, seguido de Alex.

  O baterista estava parado em pé observando o quarto, no qual iria passar os próximos três meses. O pensamento lhe arrancou um suspiro, porque por mais que estivesse morando com um garoto não tão chato assim agora, ele ainda queria poder passar as férias com os amigos. Talvez Alex exalasse nervosismo e confusão, porque Willie, que estava sentado na cadeira, levantou-se e começou a caminhar em direção a ele, que estava do outro lado do quarto.

  — Cara, você tá be... — foi interrompido pelo barulho alto da porta do quarto abrindo e batendo bruscamente contra a parede. O loiro deu um pulo pra trás, e Willie se afastou rapidamente.

  — Alex. Jantar tá na mesa. — o olhar no rosto de Amelia era de desgosto. Tudo o que William ouviu foi um suspiro do loiro, que assentiu e saiu do quarto.

                               • • •

  — ... E o Joãozinho disse “porque é para casa, não para apartamento”!

  Os pais dos jovens explodiram em gargalhadas que ecoavam por toda a sala de jantar enquanto Flynn, Willie e Alex comiam silenciosamente. Ninguém abaixo de 40 anos ria daquele tipo de piada. Enquanto eles conversavam animadamente, William ainda estava intrigado em relação a Alex. “Por que ele estava tão nervoso quando a Sra. Mercer chegou?... Esqueça. Isso não é da sua conta, Willie.”, pensou o moreno enquanto comia. Ele geralmente tinha o hábito de ter pensamentos tranquilos, porém o loiro, que comia com uma feição rabugenta naquele momento, havia despertado sua curiosidade.

  — E você, Willie? Como está a faculdade? — a voz do pai de Alex o despertou de seus devaneios.

  — Ah, então...

  — Ele largou a faculdade, Benjamin. Nosso bebê está seguindo seus sonhos! — falou Amber, orgulhosa. William era muito grato por tê-la como mãe, mesmo que ela o fizesse passar vergonha na frente das outras pessoas às vezes. O moreno pôde ouvir a risada abafada de sua irmã, e revirou os olhos em resposta. — Ele está trabalhando em uma oficina de teatro do Caleb Covington, eles voltam a dar aulas no outono.

  Os pais de Alex o elogiaram por longos minutos, afinal, Caleb era um ator muito conhecido e respeitado por toda a Califórnia, e Willie agradeceu com um sorriso no rosto. Porém, o sorriso desmanchou rapidamente quando ele desviou seu olhar para Alex e viu os olhos do loiro começarem a transbordar lágrimas.

  — Com licença. — ele se levantou da mesa, correndo em direção a porta principal da casa. Flynn fez menção de se levantar para ir atrás dele, mas Willie colocou a mão em seu ombro, pedindo com o olhar para ele ir ao invés dela. Flynn entendeu o recado e voltou a se sentar na cadeira, ele era bem melhor compreendendo as pessoas, admitiu em seus pensamentos. Enquanto isso, os pais de Alex nem notaram que ele havia saído.

              Alex's Point Of View.

  Eu não entendia. Tudo bem, eu sou tudo o que meus pais não queriam que eu fosse (gay e músico, ou seja, eu mesmo), mas eles iriam simplesmente elogiar o garoto que haviam conhecido há menos de um dia, mais do que já elogiaram seu próprio filho a vida inteira? Eles até disseram que tinham orgulho do Willie. O último pensamento me fez chorar ainda mais, as lágrimas caíam no asfalto da rua enquanto eu abraçava meus joelhos, sentado na beirada da calçada. Estava tão cansado de nunca ser bom o suficiente.

  — E aí, Alex. Você tá legal? — uma voz calma e conhecida surgiu atrás de mim, e limpei rapidamente minhas lágrimas com as mãos. Assenti com a cabeça esperando que Willie se sentasse ao meu lado, e assim o fez. — Não precisa falar nada... Sabe o que eu acho? Você precisa de um pouco de ar, cara.

  Eu olhei confuso para William, que correu para dentro da casa. Me virei para trás para observá-lo entrar, o que ele estava fazendo...? O moreno não demorou muito a voltar, e trazia um skate.

  — Seu plano é ficar andando de skate enquanto eu olho? — eu não queria soar rude, mas acho que acabei soando. Toda aquela situação me estressava demais, eu mal havia parado de chorar. Entretanto, o sorriso de Willie não abandonou seus lábios a nenhum momento. E que sorriso.

  — Não, você não entendeu. Você que vai andar. — falou, piscando para mim. Por Deus, ele não conseguia parar de flertar por um segundo? Talvez ele fosse assim com todas as pessoas...

  — Ah, sobre isso... Eu não sei andar de skate.

  — Eu te ensino. — Acho que Willie percebeu o meu nervosismo assim que ele pronunciou aquelas palavras, então rapidamente voltou a falar. — Se você não quiser, a gente pode descer o morro sentados no skate.

  — Acho que vou preferir isso... Não estou com muita energia pra me aventurar agora, se é que me entende.

  Willie soltou uma risada, fazendo com que seus olhos quase se fechassem e aquilo era adorável. Okay, falando desse jeito parece que eu tinha uma quedinha por ele, ou algo do tipo. Mas eu não tinha. Não tive muito tempo para pensar sobre aquilo, já que ele segurou minha mão antes de me guiar até o tal morro, que era na frente de sua casa. No instante que sua mão tocou a minha, eu pude jurar que senti algum tipo de choque.

  Quando chegamos no topo, não pude evitar de soltar um suspiro. A vista lá de cima era linda, e por mais que não fosse um relevo tão alto, pude ver várias luzes que deduzi serem casas. Elas pareciam tão pequenas... Era estranho saber que, em cada casa, havia uma pessoa com sua própria vida, família, amigos e sentimentos.

  Alex? Você tá pronto pra descer? — Willie perguntou, já posicionando seu skate.

  — Sim... Só não me deixa morrer.

  Arranquei outra risada de Willie, mas ela logo cessou quando ele percebeu que aquele era um pedido sério. Assentiu com a cabeça e sentou-se na parte da frente do skate, deixando um espaço para mim atrás e logo me sentei.

  — Preparado? — ele perguntou animadamente. Encostei minhas duas mãos no seu ombro firmemente para não perder o equilíbrio, e finalmente respondi que sim.

  Na mesma hora que Willie deu impulso para descer o morro, eu pude sentir algo que não sentia há muito tempo. O vento batendo sobre meu rosto, a adrenalina de estar "andando" de skate com o moreno... Aquela adrenalina corria pelas minhas veias, e não pude deixar de acompanhar Willie em seus gritos animados, enquanto a velocidade só aumentava.

  Naquele momento, eu finalmente me senti livre.

midnight summer - willex (shortfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora