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E se... eu for à RoseRed?



--- Festa em RoseRed! --- foi o que um garoto moreno de estatura mediana gritou assim que pisei no gramado do campus. Ao seu lado uma loira baixinha trazia vários folhetos em suas mãos, ela sorriu ao me entregar um deles.

Peguei o papel em mãos e analisei os detalhes em vermelho e dourado. Linner West é uma cidade interiorana que possui muitas particularidades. Uma delas são as casas RoseRed, uma república para meninas, criada há mais de cinquenta anos e que abriga garotas vindas de toda a parte e de várias vivências. E a casa Beaver Black, também uma república, porém, masculina. Criada mais ou menos na época em que RR surgiu. 

As casas surgiram espontaneamente, - segundo o que me contaram e com base em minhas pesquisas - um belo dia, alunos vindos de outras cidades e estados decidiram que seria muito melhor se agrupar a viver, ou melhor, tentar sobreviver sozinhos em Linner. Tendo decidido isso, bastava encontrar o local perfeito e tudo daria certo. No fim das contas, isso nem foi tão difícil. 

O nome, RoseRed vem, na verdade, da antiga dona do casarão onde a república se encontra. Senhora Roselie Reddington, a ilustre e saudosa senhora que possuía quase metade da cidade em mãos. Tudo isso se deve ao fato de pertencer a família de um dos imigrantes que formaram a cidade anos atrás. 

A propósito, a Biblioteca Reddington, um dos meus locais favoritos aqui, foi nomeada em homenagem a toda a família dela. 

Rosie, como era carinhosamente chamada por todos, era filha única. E, apesar de ter sido casada por anos, ela não chegou a ter filhos, mas possuía um grande instinto maternal. Então, não foi problema abrir as portas de uma das imensas propriedades da família para acolher as garotas que vinham sozinhas para cá. A ideia deu certo e a casa surgiu. Empolgado, John Black, o marido de Rosie decidiu abrir um espaço para acolher meninos também. Beaver Black. E ele gostava de castores. Vai entender. De qualquer forma, foi uma boa homenagem. 

Bom, tudo isso eu descobri em uma das muitas tardes que passei lendo o memorial da biblioteca. E tudo o mais disponível lá. Nunca a ver ou entrar no casarão. Apesar de ter ficado bem curiosa em relação a ele.

Ir a festa seria uma ótima oportunidade para isso, porém, entre ir a uma RoseRed cheia de universitários bêbados com os hormônios à flor da pele e ficar em casa entre minhas almofadas e cobertores quentinhos, eu, logicamente, escolho a segunda opção.

Sempre!



Quando olhei para o celular e percebi que estávamos quase passando alguns minutos do horário, comecei a recolher minhas coisas e guardá-las na mochila. Deixei apenas um livro em cima da mesa, precisava devolvê-lo à biblioteca. 

Senhor Mullingar, meu professor de introdução ao direito penal ainda nos fez algumas breves considerações antes de finalmente nos liberar.

Quando todos saíram eu finalmente me levantei deixando a sala. Me misturei por entre os vários outros alunos até finalmente me colocar em um dos muitos caminhos cercados por árvores que cortam o campus. 

Distraída, comecei a folhear o livro em minhas mãos. Eu não consegui realmente lê-lo durante minha semana corrida,o que não fez muita diferença já que ele também não conseguiu me prender e logo o dia de devolvê-lo chegou.

--- Quando os raios de Sol refletem em seus olhos eles ganham um tom âmbar cheio de pontinhos dourados. E o seu cabelo recebe uma tonalidade avermelhada, quase cobre. Sabia disso?

Me virei para trás no instante em que essas palavras chegaram até mim. Dei de cara com Benjamin encostado da forma mais despreocupada possível em uma das frondosas árvores de Olmo que adornam o campus. Ele endireitou a postura e com um único pulo deixou o gramado e se colocou na calçada ao meu lado.

--- Te dá um ar exótico. Uma beleza simples, e ainda assim, difícil de encontrar. 

Eu realmente gostaria de saber o que dizer a Benjamin, gostaria de respondê-lo da forma mais malcriada possível, de colocá-lo pra correr. Mas em uma das raras vezes em que isso ocorre, a parte lógica do meu cérebro estranhamente perdeu o contato com a boca.

Droga!

Ele está próximo demais e não vou negar, é fisicamente bonito, eu não sou cega! Ele chegou a sorrir pegando uma mecha jogada por sobre o meu ombro e então, finalmente, olhou diretamente para mim, sérios por instantes. 

Isso sim, realmente me incomodou, os olhos de um tom azul gelo pareceram saber todo o tipo de segredo contido em mim. Então ele sorriu novamente, dessa vez de forma mais explícita. 

--- Acho que tinha uma cantada perfeita pra você nesse momento, mas sua beleza é tanta que eu já nem me lembro mais dela. --- ouvir novamente sua voz me fez recobrar os sentido me afastando dele. 

O ar, que  até então eu nem sabia estar prendendo, voltou a preencher meus pulmões, trazendo alívio a eles.

--- Então isso significa que meus ouvidos serão poupados? --- soltei ainda tentando me recuperar da pane em meu sistema. 

--- Se prefere pensar assim... --- ele comentou sugestivo. --- mas saiba que eu tenho um repertório completo para agraciar seus ouvidos por horas e horas. Apesar de não lembrar muito bem dele no momento, e a culpa é inteiramente sua. Se não fosse tão linda eu ainda saberia onde se encontra minha concentração.

Uma voz vinda de uma roda de garotos  formada no gramado perto do prédio principal gritou por ele, desviando sua atenção de mim. Pude identificar Marco e Dylan lá, todos olhavam para nós. Ele apenas ergueu uma das mãos e a espalmou no ar, logo depois a sacudiu várias vezes em direção aos rapazes.

--- Vejo você em RoseRed, gatinha. --- ele comentou indicando a pontinha vermelha e dourada que escapou por entre as páginas do livro em minhas mãos. --- Mal posso esperar para ser arrebatado por sua beleza. --- E com uma picada bem humorada, se afastou.



Capítulo curtinho só pra vocês saberem que ainda estou viva e volto em breve com mais capítulos regados a festa, confusão e Benjamin.

Aliás, Ben mandou um beijo pra todas as maravilhosas que acompanham a história da Tess. 😘

E um beijão e um abraço bem apertado pra Yracelma e para a Ariadne, por serem as melhores ❤

Perguntinha importante: vocês entenderam a história das casas? Ficou confuso?

Preciso dormir, já não estou raciocinando direito. Se cuidem e fiquem com Deus. ❤

Ahhhh!

Eu já ia me esquecendo. Pegue seu convite para a festa RoseRed e prepare-se.