Tessala Velásquez pensou que ao se mudar para uma cidade interiorana boa parte de seus problemas estariam resolvidos. Recomeçar em um lugar onde ninguém a conhecia parecia um plano excelente e livre de falhas.
Bem, isso até que Benjamin colocasse...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Direcionei toda a minha atenção a chutar pedrinhas soltas pelas placas de concreto que cortam o gramado e levam da casa a rua.
Caminhando ao meu lado, com as mãos escondidas dentro dos bolsos, Benjamin não disse uma única palavra.
Um vento gelado me atingiu espalhando meu cabelo em frente ao meu rosto. Parei de tentar controlar a bagunça das mechas quando esse mesmo vento fez o tule esvoaçante que cobre toda a saia do meu vestido dançar em minhas pernas.
Capturei o tecido com minhas mãos e o mantive firme entre meus dedos de punhos cerrados.
Ao que parece, uma forte chuva está se aproximando e talvez isso explique o ambiente abafado da cozinha de Rose Red poucas horas atrás.
Os fios escuros chicotearam meu rosto pouco antes de serem recolhidos com toques delicados e igualmente precisos.
As mãos de Ben trabalharam ligeiras e em segundos todas as madeixas ficaram unidas em um coque um tanto desajeitado.
--- Obrigado.
--- É sempre um prazer. --- ele sorriu, piscando rapidamente para mim e indicou um pequeno banco de cimento do outro lado da rua, logo abaixo de uma linda magnólia branca.
--- Qual o motivo do ataque dos seus amigos mais cedo? --- Questionei após alguns minutos sentada.
--- Eles são só um bando de emocionados. --- ele deu de ombros displicente enquanto observava as flores acima de nós. --- Você me enganou. Estava começando a me iludir e então partiu meu coração.
--- Se iludindo? Conta outra. Acho que vinguei algumas garotas essa noite, estou satisfeita com isso.
--- As vingou de que exatamente?
--- De você, do seu ego. Você pode até ser bonito e ter um talento indiscutível com palavras, mas realmente não é tudo isso.
--- Uau! --- ele pôs a mão sobre o peito e se virou inclinando o corpo para trás com os olhos em mim. --- Então você me acha bonito?
--- Você por acaso ouviu algo além disso? --- ele sorriu e estalou a língua antes de voltar a falar.
--- Talvez... bem, não .
--- Sabe, não consigo dizer exatamente o que vejo quando olho para você. Você não se parece com tipo ideal de cara a se ter por perto, bom, fisicamente talvez, mas quem se importa.
--- Além do mais, você vive por aí jogando charme barato em qualquer coisa que respire e se mova. Cantadas espertinhas, sorriso sedutor e um alto poder persuasivo. Você é um imã que atrai mulheres para a armadilha dos seus braços, e elas caem como patinhos.
--- Gostei disso, gatinha. Minha mãe sempre me disse que meu charme está nos olhos. --- ele, com todo o seu descaramento, piscou várias vezes os olhos para mim com uma falsa doçura quase convincente. --- Só nunca entendi se são os meus ou os das pessoas que os vêem.
