E se... Eu nasci para ser trouxa?

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Analisei minuciosamente o ambiente ao redor. Pessoas entrando e saindo, rosto felizes, outros nem tanto. O tilintar vibrante do sininho da porta e enormes janelas de vidro adornadas por cortinas cor creme. Estás me permitem uma ampla visão de tudo o que acontece lá fora. 

As crianças do outro lado da rua correm alegres de um lado a outro, felizes e despreocupadas sob o olhar atento de suas mães. 

Elas não fazem ideia do quão sortudas são neste momento. De quão importante é, e do quão rápido esse momento vai sumir. Logo elas crescerão, é o desejo de muitas delas. Crescer! 

Ter idade, altura, sair sozinhas, parar de receber ordens, dormir tarde assistindo TV ou jogando vídeo game. Muitas querem ser advogados, médicos, cozinheiros, bombeiros ou simplesmente sair e se aventurar pelo mundo.

O que elas não sabem é que, muitos de nós, adultos, daríamos tudo, sem pensar muito no assunto para voltar a ter o que elas simplesmente tem, sem mais.

Se eu pudesse, nesse exato momento, olhar nos olhos da criança que um dia fui, diria a ela que aproveitasse ainda mais os momentos vividos naquela fase da nossa vida. Diria a ela que sim, alguns dos momentos e situações mais difíceis para nós  surgiriam ali, mas que ela não deveria se preocupar, porque ela teria força suficiente para lidar com isso, mesmo com tão pouca idade.

Teria o prazer de dizer a ela que, nada do que aconteceu ali foi capaz de nos deter, nós sobrevivemos! Nós nos tornamos sobreviventes, inabaláveis, como muitas das pessoas espalhadas ao redor do mundo. Por fim, abriria um sorriso, meu melhor sorriso e diria: meus parabéns, você conseguiu, nós  conseguimos! E nada, absolutamente nada, será capaz de nos parar daqui pra frente. Garanto isso a nós duas, ao meu passado, ao meu presente e ainda ao meu futuro.

Ergo os olhos para cima e os fixo no teto, minha técnica, quase sempre infalível, e usada a anos para impedir o curso das lágrimas inconvenientes. 

— Não posso crer no que os meus olhos estão vendo! Será isso uma miragem do meu maior e mais belo desejo? Uma ilusão? Ou eu pude, dentre muitos, ter a honra de chegar ao paraíso sem nem ao menos ter morrido? 

Pisquei demoradamente como se minhas pálpebras pensassem uma tonelada e contive a vontade de revirar os olhos até que eles não conseguissem mais voltar ao lugar.

— Você por acaso tira isso da Internet? Algum site especializado, blog ou sei lá? Talvez você apenas pense nessas besteiras enquanto passa horas deitado no quarto olhando para o teto e pensando algo como: "qual combinação de palavras seria mais adequada para iludir uma pobre garota hoje?" E então, essas besteiras surgem e se multiplicam na sua cabeça. Bingo! Agora é só achar uma pessoa ingênua o suficiente. 

Sua resposta é uma só: gargalhar como se eu tivesse contado a melhor piada de todo o mundo para ele.

— Não, para todas as suas perguntas. — já recuperado, mas ainda com um sorriso idiota nos lábios ele puxou a cadeira e se sentou.

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