E se... eu for sua namorada?

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Coloquei o último sequilho na boca, o senti derreter aos poucos, e se não fosse por essa qualidade do biscoitinho eu teria engasgado com ele assim que o carro deixou a rodovia.

Benjamin cantarolava baixinho junto a música que tocava no rádio enquanto guiava o carro por uma estrada de barro a pelo menos quinze quilômetros antes da entrada de Linner. 

Sei disso porque passei todo o caminho até Carmim com o rosto praticamente grudado na janela guardando cada pequeno ponto que me chamava atenção na mente.

 Eu sempre gostei de viajar assim, observando cada centímetro do que estava à minha volta, cada árvore ou flor que se destacavam em meio as outras eram gravadas em alguma parte do meu cérebro. Mais tarde, quando eu retornasse ali eu faria uma minuciosa comparação sobre o que havia mudado desde 

Isso sempre me fez me sentir relaxada durante viagens e passeios mais longos de carro. 

— Para onde estamos indo. — Me virei para o loiro e aguardei pela resposta. Mas nada saiu dos lábios dele. Dylan se inclinou entre os bancos, sorriu para mim e o que ouvi em seguida não foi bem o que eu queria.

— Você,  por acaso, já assistiu Final Girl? — a pergunta foi feita de forma pausada e dramática demais para mim. 

Virei para olhar para ele, a imagem de Veronica correndo pela floresta em busca de salvar a própria vida cruzou minha mente como um flash. Por um instante quase jurei que meus olhos poderiam se desprender do meu rosto e cair como petecas no assoalho do carro quando encontrei os sérios olhos cor de chocolate me olhando atentos.

Benjamin não tirou a atenção da estrada quando estendeu o braço e socou o ombro dele ao mesmo tempo em que  Marco socava o outro lado. O garoto soltou um grunhido de dor e se lançou contra o assento enquanto apertava as mãos em seus ombros. 

— Fica tranquila. — alguém já disse a Ben que dizer para alguém se acalmar ou ficar tranquila depois de certas situações gera um efeito completamente oposto? — Eu realmente preciso passar em um lugar, depois eu prometo que vou te deixar em casa sã e salva, ok? — ele me olhou de relance aguardando a resposta. 

— Ok... nada de machados, então?!

— Absolutamente não. — Ben sacudiu a cabeça para os lados lentamente.

Inspirei e soltei o ar de forma exagerada e com uma rapidez absurda fechei os punhos até sentir as unhas compridas coloridas por um tom escuro de marrom na palma e então estiquei meu braço entre os bancos acertando em cheio a coxa direita de Dylan. 

— Isso não teve a menor graça, seu idiota. — o garoto guinchou de dor antes de cair na gargalhada masageando o local atingido. 

— Isso porque você não viu a sua cara.

Eu gostaria de dizer que pulei em cima dele e o fiz se arrepender de toda a palhaçada. Porém, Marco foi mais rápido em antecipar meus momentos e barrar todos eles. Dadas as circunstâncias e o ambiente em que estamos foi o melhor a ser feito. Mesmo assim… que droga!

***

O caminho até lá onde quer que Benjamin estivesse nos levando era lindo, confesso. O a rodovia ficou para trás assim como o amontoado de concreto e deram lugar a propriedades cercadas pela natureza. Várias casinhas bonitas cercadas por campos verdejantes, árvores, plantações e rebanhos surgiam conforme avançávamos estrada adentro.

Ben virou uma última curva e poucos minutos depois estávamos na entrada do que imaginei ser uma sítio ou fazenda, palmeiras cercavam de um lado e outro formando uma belíssimo corredor que termina em uma bonita casa de dois andares de cor branca com detalhes de madeira em portas e janelas. Várias folhagens cercam o entorno da varanda enquanto uma roseira de flores brancas sobe pelas pilastras ao lado da escada.

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