não vou deixar

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Os olhos são a parte mais expressiva dos nossos corpos, eles nunca mentem, nunca mesmo. Naquela versão de espaço que os dois amigos estavam, tudo envolta tinha cores diferentes, menos eles mesmos e seus olhos expressivos. Olhos azuis que mostravam afeto, desespero e ao mesmo tempo, raiva. Olhos castanhos que mostravam tristeza, insegurança e muita dor.

— Não precisa ficar com medo, só tem nós dois aqui. — o loiro sussurrou, sua voz era doce como mel.

— Obrigada. — ela tira o moletom que usava, as caretas de dor que fazia deixavam Josh assustado. — Ela tem uma caixa azul na sala. Lilian, a mulher que faz isso comigo.

— Não precisa contar se não quiser. — nunca esperava que ela fosse se abrir tão fácil e de repente.

— Preciso... eu preciso fazer isso. — molha os lábios.

— Estou te ouvindo.

— Ela me aterroriza com essa caixa à anos, mas dizia que eu era muito nova para aquilo. — uma lágrima escorre ao ver os cortes grossos no seu braço. — Agora eu tenho vinte anos e não sou mais tão nova. — ri, sem humor. — O primeiro foi semana passada, um pequeno canivete — levanta a camiseta, mostrando um corte mal tampado com curativos. —, depois foram as tiras de couro pra me prender enquanto distribuía tapas no meu rosto. — a forma como as palavras saíam com tanta dor, faziam Josh querer morrer, porque ele prefiria isso ao ver quem ele ama mal. — E esse que me deixou assim, toda marcada, foi o chicote. — abaixa a cabeça.

— Heyoon... Não sei o que dizer. Isso é terrível, é nojento, repugnante!

— Não diz nada, contar e te mostrar me deixa aliviada. — suspira. — É bom colocar isso pra fora.

— Josh... — repentinamente, ela agarra sua cintura e começa a chorar com desespero.

— Isso é culpa minha. — começa a chorar junto dela, transformando aquele momento em algo com conexão elevada.

— Não, não é! Não é culpa de nenhum de nós! Nunca foi e nunca será! — agarra o rosto dele entre as mãos, fazendo que ele olhe pra ela.

— Só fizeram isso porque eu enforquei a psicóloga, foi pra me avisar. — Joshua não consegue olhar pra Heyoon, isso arruinaria tudo.

— Não! — limpa as lágrimas dele, desesperada. — Ela faria isso de qualquer jeito! Por favor, não se culpa!

— Como? Como se sei que sou culpado? — grita.

— Não é! Você não teve a idéia de me causar mal algum e isso basta!

— Heyoon, se for pra te torturarem toda vez que... — ela tapa a boca dele.

— Então que torturem! EU NÃO VOU SAIR DE PERTO DE VOCÊ! NUNCA! — os olhos azuis se arregalaram. — Nunca.

— Eu só...

— Shiiu, não vai acontecer. — abraça ele de novo, escondendo o rosto no seu peito. — Não vou deixar.

— Nem se eu for um babaca?

— Você nem sabe ser um babaca. É gentil e sofrido demais pra isso, igual a mim. — ele beija a mão fria e machucada dela.

— Sofrido. Essa sim é minha palavra. — ri.

— Bobo! — eles não se soltam.

— Talvez devessemos voltar. — sussurrou, não querendo ter que acabar com aquilo. — Não sei se aguento por mais muito tempo.

— Tá.

— E precisamos ver como cuidar dessas coisas no seu braço.

Heyoon deu dois passos pra trás, se encolhendo e juntando os braços ao corpo. Foi como se uma ficha tivesse caído, como se tudo estivesse claro a partir de agora.

— O que foi? Alguma coisa que eu disse? — ele olhou pra ela com tanto carinho e sinceridade que as pernas da mulher ficaram moles, Yoon caiu.

— Não, não foi você. — engoliu o choro ao se colocar de pé outra vez.

— Me conta o que tá acontecendo. — sua voz gentil fez tudo acontecer.

— Eu vou morrer. — sua voz cheia de sentimentos. Um sussurro de constatação da dor que ainda está por vir.

— Quê?

— Eu vou morrer! Eles vão me matar! — não haviam mais lágrimas para cair.

— Não! Não vão! — por favor, que ela esteja surtando. Era isso que se passava dentro da cabeça loira.

— Vão sim! — solta todo ar que guardava. — Se continuar assim, nesse ritmo e frequência de agressões brutais... — faz uma pausa e depois acrescenta. — Eu não vou aguentar.

— Você não vai morrer! Você não pode! — abraça ela com força, sem ligar pros machucados e a dor que aquilo causa.

— Nos leve de volta. — manda.

— Que? Não, eu não- — foi interrompido.

— Agora! — assustado, ele obedeceu.

Antes que Heyoon terminasse de levantar da cadeira de balanço, que range sempre que algum peso se encontra ali, Joshua segurou seu braço com toda determinação que existe dentro dele.

Você não vai morrer

Você sabe que vou, não tem outro fim pra isso

Não se preocupe, eu vou dar um jeito

Não vou deixar que você morra, não vou ver mais ninguém que eu amo morrer. Nunca mais.

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Passando pra dizer q estamos quase com 1k (surtando muito agsgauhs) e dependendo de quando bater, amanhã ou quinta vou fazer uma maratona!!!

Bjs, Malu ;-)

𝗠𝗔𝗗 𝗪𝗢𝗥𝗟𝗗 ミ heyosh Onde histórias criam vida. Descubra agora