você fez isso mesmo?

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— O quê? — Bailey se põe de pé. — A mulher que te tortura também é psicóloga?

— É. — Heyoon senta na cama com dificuldade.

— Não, não pode ser. — puxa seus cabelos. — Isso... merda!

Sabina olha com uma cara estranha o amigo, aquele seu comportamento era muito estranho. Bailey não é uma pessoa explosiva e estava agindo como uma.

— Então aquela mulher que me chama de louco e me humilha o tempo todo te tortura? Ela te tortura? — Josh grita. — Que nojo! Que nojo! Eu sou um burro! A porra de uma maluca me chama de maluco! Heyoon, como eu não percebi? Como? Como nunca notei? Ela te machuca e eu...eu não vi que era uma desequilibrada! Aquele dia...aquele dia eu tinha o poder de acabar com tudo isso! Ia parar... Nós ficariamos livres.

O loiro andava de um lado para o outro, puxando seus cabelos e bagunçando todos os cachos. O choque fez com que suas forças voltassem. Seus olhos azuis derramavam longas filas de lágrimas grossas, marcando seu rosto e pingando o chão.

— Josh. — Heyoon chamou. — Vem aqui. Olha pra mim.

Ele se aproximou lentalmente, a morena tomou seu rosto entre as mãos e sorriu pra ele.

— Você sabe que não ia dar certo. — acaricia a bochecha. — Eles iriam fazer com você o que fazem comigo e eu me sentiria culpada. Nada que você tivesse feito ia mudar isso, você sabe. — seca uma lágrima solitária.

— É, eu sei. — enterra a cabeça no colo dela. — Yoon, eu não aguento mais ver todas essas coisas ruins acontecerem com você. Não aguento, dói demais te ver toda machucada.

— Eu sei, dói te ver assim também. — acaricia o cabelo dele. A morena tentava guardar seu choro, não queria chorar outra vez, não agora que tinham uma vantagem.

Bailey abre a porta e sai do quarto, completamente afoito e preocupado. Sabina o segue, achando totalmente estranho aquela situação. Ela encontra seu amigo sentado no chão, encolhido, abraçando os joelhos no final do corredor.

— O que foi, Bay? — senta do lado dele, deitando a cabeça no seu ombro.

— Eu preciso te contar uma coisa. — olha pra ela. — Me desculpa, eu só queria o melhor pra você.

O quarto estava silencioso, só eram ouvidas as fungadas que Josh dava às vezes. Tomando coragem, o loiro ergueu a cabeça e olhou nos olhos tão expressivos de Heyoon, segurou seu rosto e aproximou suas faces, olhando no fundo de seus olhos.

— Você sabe porque fico assim, não sabe? — diz, baixinho.

— Porque só temos um ao outro. — Heyoon passa as mãos na blusa, estavam suando. A proximidade de Josh era nova, era atraente. A deixava nervosa.

— Não, é algo maior que isso. — viu as pupilas da morena dilatarem. As minhas também devem estar, pensou.

— Maior? — sussurra. Um sorriso inseguro brota em seu rosto, ele diria mesmo isso?

— É, maior. — encosta as testas. — Eu queria tanto ter respondido todas as vezes que você disse isso pra mim, todas as vezes que disse "eu te amo" meu coração fazia coisas estranhas, intensas e maravilhosas. Yoon, você é minha força, a única pessoa que olhou pra mim aqui desde que Any morreu, você é minha amiga, minha companheira e a única pessoa que preciso do meu lado.

— Não precisa chorar. — sua credibilidade vai pelo ralo, não vale nada quando sua voz está trêmula e os olhos marejados.

— Precisa sim. Você sabe por que eu fico assim? Eu fico assim porque eu te amo. — sorri. — Ah, Yoon, eu te amo tanto.

A morena deixa suas lágrimas descerem e tapa o rosto com a mão, não sabia o que era ouvir alguém dizendo que lhe amava fazia anos. E ouvir isso de Josh era diferente, diferente e especial. Ela já sabia disso, claro que sabia, ele não precisava dizer quando já age como alguém que ama, mas ouvir da boca dele é diferente. Tudo entre os dois era diferente, novo e forte.

— Não precisa chorar. — imita a amiga.

— Vou dizer de novo, pra você não esquecer. — ri. — Eu te amo.

— Eu também amo você, me desculpa por não ter dito antes. — beija a bochecha de Heyoon e se afasta um pouco, deixando mais espaço entre eles.

— Tudo bem, eu já sabia. — brinca. — Tá com fome? Vou pegar algo pra gente comer.

— Agora não. Vem cá! — chamou ela com o dedo. Heyoon deita do lado dele, olhando nos olhos azuis.

— Vamos dormir. — puxa a morena, colocando a cabeça dela no seu peito.

— Eu não tô com sono, Josh. — solta uma risadinha.

— Shiiu! — tapa a boca dela. Os dois começam a rir e cochichar bobagens.

Diferente dos amigos dentro do quarto, Bailey e Sabina viviam um dos piores momentos de toda sua amizade. A morena não conseguia acreditar nas coisas que saíam da boca do seu melhor amigo, não via ele nas coisas que ele estava dizendo ter feito.

— Você fez isso mesmo? — os olhos caramelo estavam brilhando pelas lágrimas que Sabina não queria deixar escorrer.

— Fiz. — reafirma, olhando o chão. — E me arrependo por cada segundo, eu não queria. Foi cruél.

— Eu não te vejo nessas coisas que você  fez, esse não é o Bailey que eu amo e conheço. — suspira. — Depois a gente conversa, tá? — levanta e o deixa pra trás.

— Saby, me perdoa, por favor. — ver os olhos dele transbordando dor e arrependimento machucou o coração dela, mas não podia passar a mão na cabeça dele.

— Claro que eu perdoou, mas preciso de tempo. — disse, limpando as lágrimas com as costas da mão.

— Quanto tempo?

— Não sei. — suspira. — Mas não vai ser muito, só preciso digerir isso e te ajudar a consertar. — abre um sorriso sem humor.

— Obrigada. — devolve o sorriso.  — Eu te amo.

— Eu também te amo, tá? — espera ele assentir e vai pro seu quarto.

𝗠𝗔𝗗 𝗪𝗢𝗥𝗟𝗗 ミ heyosh Onde histórias criam vida. Descubra agora