ele parecia...

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— Josh, Josh. — Heyoon cutuca a barriga dele. — Ei!

Não conseguia resposta, nada. Ele não se movia, não despertava, mal respirava.

— Josh! — grita. Põe a mão na frente do nariz dele, suspira aliviada a sentir a respiração. Isso a acalma por alguns segundos.

— Joshua! Joshua! Acorda! — sacode o loiro.  — Por favor!

A morena coloca a mão na cabeça dele, não havia pensamentos. Ele estava dormindo. Mas ninguém dorme assim.

— Josh! Por favor! — uma lágrima escorre, abrindo caminho pra várias outras. — Você não pode me deixar! Você prometeu! — abraça ele.

Heyoon senta na cama, coloca a cabeça do loiro no seu colo. Ela levanta as mangas da blusa dele, procurando pelo furinho que a agulha deve ter causado. Josh tinha dito a ela, ele contou que o dopavam às vezes e que ficava apagado por dias. Passou os olhos com cuidado até achar a marca, soltou um suspiro, não sabia se de alívio ou de desespero.

Começou a fazer carinho na cabeça dele, soltando o choro mais sofrido que soltou em anos. Chorava alto, soltando soluços e alguns gritos. Virou o rosto dele, segurando pelo queixo.

— Você não pode me deixar, ouviu? — nada. — Vai ficar comigo, Josh. Você prometeu. — suas lágrimas pingaram no rosto dele.

Parou pra pensar um minuto, naquele momento ela teve certeza de uma coisa. Certeza de que Joshua fez algo, ela não foi perturbada nos últimos dias, não levou um mísero tapa.

Determinada, tirou a cabeça do garoto do colo, o deitou na cama e fechou cuidadosamente a porta do quarto.

— Hina. — a mulher olhou pra ela com expressão de nojo. — Sa-sabe...sabe onde eu posso achar a Sabina?

— No quintal. — virou a cara pro outro lado.

Apesar de estar acostumada, o descaso que tratam ela ainda dói.

O dia estava lindo, muito sol e as árvores estavam brilhando num lindo dourado. Josh adoraria ver esse dia. Sacudiu a cabeça, tentando se livrar desse pensamento.

— Sabina! — gritou. A morena olhou pra ela com surpresa. — Preciso da sua ajuda.

— O Joshua pediu... — foi interrompida.

— Ele tá apagado, eu preciso dele. — respirou fundo, contendo as lágrimas. — Você me ajuda?

Vendo o desespero no rosto da menor, não tinha como dar outra resposta.

— Sim.

— Obrigada. — abraçou a outra. Estava tão perdida que nem notou ter feito tal ato.

— Como você planeja fazer isso? — Sabina perguntou.

— Eu...eu não sei. — suspira. — Eles deram alguma injeção nele, isso o fez apagar. Não sei quanto tempo está assim, já que eu acabei pegando no sono muito cedo ontem.

— Você não tem nenhuma idéia do que aconteceu? — a pergunta fez ela voltar a chorar, sentada no chão e desolada.

— Foi por minha causa. — limpou as lágrimas e tentou engolir o choro. — Não acontece nada comigo fazem dias, nenhum tapa se quer. O Joshua fez alguma coisa, ele tem que ter feito.

— N-na verdade, eu vi ele fazer uma coisa. — Bailey saiu do meio das moitas e se juntou as duas.

— Viu?

Heyoon estava receosa de entrar na cabeça dele, Bailey é muito esperto e da outra vez que tentou fazer isso ele criou algum tipo de bloqueio. Mas dessa vez era diferente, talvez ele não dissesse tudo e ela tivesse que usar tudo o que tinha.

— Eu vi fazem dois dias. — molha os lábios. — No dia que ele pediu pra que não fiquemos atrás de vocês, pra gente não insistir.

— Ah. — Heyoon imediatamente se lembrou de como chorou naquele dia, porque ela teve certeza de que iria morrer muito antes do que previa.

— Ele ficou por uns dez minutos batendo na porta de ferro no corredor que leva pra parte secreta. — fez uma pausa. — Eu nunca tinha visto ele daquele jeito. Ele tava tão irritado, tão frustado.

— É culpa minha. — suas lágrimas desciam sem parar.

— Desde que Any se foi eu nunca o tinha visto assim de novo. Ele parecia... Ele tinha cor no rosto e sua voz tinha sentimento. — o moreno olhava pras duas mulheres em sua frente com os olhos brilhando e uma expressão de alegria. — Ele parecia... — não aconteceu o final da frase.

— Como ele parecia? — Heyoon não aguentava todas essas pausas.

— Parecia vivo. — abre um pequeno sorriso. — Parecia tão vivo como qualquer um de nós, ou até mais que todos aqui. Eu queria ter ido até ele, mas não achei que fosse o certo.

— Ele devia estar péssimo. — Sabina o olhou horrorizada. — Por que não foi?

— Porque ele precisava daquilo, ele precisava tanto daquilo como precisa de ar. — sua empolgação era estranha. — Ele precisava se sentir vivo e eu sei que ele se sentiu. Se sentiu tão vivo que se assustou, porque ele se culpa pelo que aconteceu no passado e estar vivo quando Any está morta dói.

— Ele não parecia muito vivo quando eu sai do quarto. — suspira. — Parecia que estava em coma, apenas dormindo.

— Quem está em coma precisa acordar um dia, nós vamos acordar ele. — Bailey diz. — Eu o vi vivo de novo e não vou deixar que isso acabe.

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𝗠𝗔𝗗 𝗪𝗢𝗥𝗟𝗗 ミ heyosh Onde histórias criam vida. Descubra agora