malditos

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Sentia seu coração dar cambalhotas, suas mãos suam, os gritos ficam mais altos.

NÃO! Por favor! — o rosto de Bailey estava tenso.

Eles não podem fazer isso com você, Sabina! — massageia os cabelos lisos da garota.

— Eu preciso que fique bem sem mim, ok? Eu amo você, meu irmão, não deixem eles te destruírem! — suas lágrimas molham a camisa do garoto.

— Eu amo você. — se abraçam.

Heyoon abre seus olhos devagar, a luz branca atinge suas íris, fazendo que os feche novamente.

— Merda! — põe a mão na cabeça.

— Bom dia, bela adormecida! — revira os olhos quando a loira entra em sua frente. — Bati tão forte na sua cabeça que apagou. — o sorriso da mulher lhe causava calafrios.

— Você acha isso legal?

— Eu acho. Também acha, Gary? — pergunta ao segurança que guardava a porta, mas ele desvia o olhar.

— Você não sabe flertar. — dá uma risada debochada.

— Disse o que? — puxa o rosto da garota de forma brusca.

— Que não sabe flertar. — repete, dando de ombros.

— Onde você tirou que tem alguém flertando aqui? — Lilian pergunta.

— Acha que eu sou cega? Quem bate a cabeça sou eu mas a burra aqui é você. — Gary solta uma risada, logo volta a sua posição séria.

—  Tá rindo do que, Gary? — a loira se levanta e vai até o baú azul. — Você pediu, Heyoon. Tem dias que estou me segurando, mas de hoje não passa. Vou machucar você.

— Oh, não! Eu ainda não achei a novidade! — Na cabeça de Heyoon, ela pode sim ser sarcástica, se apanha de graça tem todo direito de tirar uma com a cara da Lilian.

— Cala boca, sua vadia! — dá um tapa no rosto da pequena. — Vamos brincar agora!

Duas horas depois, a figura de cabelos castanhos compridos entra no corredor escuro da casa. Durou tempo demais hoje, todos já devem ter ido dormir. Solta um grunhido de dor ao tirar sua blusa, a água com sabão arde suas feridas. Sozinha, coloca curativos onde consegue, pega uma roupa no seu armário do banheiro e se veste. Uma vez pronta, sobe ao seu quarto e assim que seu corpo cai na cama o sono lhe pega.

Joshua rodava de um lado pro outro na cama, não viu Heyoon voltar da sala e se sente preocupado. Um pressentimento nada bom ronda sua cabeça o dia todo.

Chuta suas cobertas e calça seus sapatos. A luz da lua banha o corredor pela grande janela do fundo e o corpo esguio do loiro se move em silêncio. Abre a porta e entra devagar, observa a pequena encolhida em sua cama num sono profundo. Passeia os olhos pelo rosto delicado, encontrando cortes por suas pequenas bochechas. MALDITOS!

— Josh? — a voz mansa e sonolenta se faz presente. — Tá fazendo o que aqui?

— Vim ver como você tá, eles te machucaram de novo. Muito. — os olhos delicadamente puxados enchem de lágrimas.

— Eles... Lilian, ela...ela é uma bruxa! Eu odeio aquela mulher! Eu odeio esse lugar! E eles fazem me odiar também! Eu sou tão burra. — as lágrimas guardadas tantas horas escorrem como uma torneira.

— Você não é burra, eles querem te deixar pra baixo, te destruir. Não deixe que eles te tornem como eu, fraco e morto por dentro.

— Não vou deixar. — secou as lágrimas.

Joshua se levantou e foi caminhando lentamente até a porta, sua cabeça pedia que Heyoon o chamasse e nesse momento ele torcia pra que ela lesse seus pensamentos.

Dorme aqui, Josh, por favor

Não conseguiu conter um sorriso idiota no rosto enquanto voltava ao lado da pequena.

— Yoon. — chamou.

— Diga.

— Onde eu... Na cama da Any? — apontou, sem graça.

— Não, quero que durma aqui. — as pequenas e estufadas bochechas coraram de forma graciosa.

— E se te machucar? — sentou no pé da cama.

— Não vai. — chegou pro canto. — Vamos caber sim, eu sou pequena. — sorri de lado.

— Tudo bem. — tirou seus chinelos e a blusa de frio.

O loiro se deitou ao lado da morena, os corpos longe mas perto. Os braços se tocando, os arrepios costumeiros subindo a espinha de ambos.

Heyoon bufou num falso ato de raiva e puxou o corpo do loiro, se encaixando com a cabeça no peito do maior, Joshua sorriu e abraçou a garota com o braço.

Ele notou ali que ela era pequena e delicada, que seus corpos eram um encaixe perfeito. Ela notou que ele é robusto, que seus braços a envolvem de uma forma acolhedora que a fazem se sentir em casa.

Você se sente morto por dentro?

A pergunta repentina pegou ambos de surpresa, o loiro enrigideceu o corpo pelo assunto.

— Não gosto de falar disso.

As palavras soaram frias e Heyoon se sentiu afobada. Nunca havia ouvido esse tom do de olhos azuis, engoliu seco.

— Tudo bem.

Seus pensamentos não pararam um segundo, a ideia continuava remoendo em sua cabeça, seu coração ainda sentia que devia dizer algo. Os machucados no seu corpo doíam a cada movimento que fazia, os machucados que não se podem ver, os da alma, se acalmaram e lhe mostraram o que fazer. Ela era machucada, ele também. Se curem.

Os pensamentos do loiro vagavam num quase sono, as pálpebras pesadas. Seu cochilo foi invadido sem permissão.

Quero que volte a se sentir vivo, quero que viva de novo

Um sorriso desenhou seus lábios e logo caiu ao sono, se rendendo as necessidades de humano.

O coração de Heyoon estava quente, e quando retornou ao sono, voltou a ouvir gritos.

VAI EMBORA!

𝗠𝗔𝗗 𝗪𝗢𝗥𝗟𝗗 ミ heyosh Onde histórias criam vida. Descubra agora